Capítulo 3

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  Mil lembranças daquele dia passam em minha cabeça.

-Não foi o que eu quis dizer, me desculpa pela grosseria. -Ele fala em um tom sincero.

-Você vai deixar eu ir ou não? -Digo já sem paciência e me solto de suas mãos.

-Tá, mas você vai colocar roupas de homem.

-Tudo bem eu coloco, mas não tenho.

-Vamos até em casa, vou te emprestar algumas.

-Não, preciso passar em casa para avisar que vou demorar,  se não minha mãe pode passar mal. -Ele vê minha preocupação.

-Olha se você quer mesmo ir vamos ter que ir agora se não vai atrasar e atrapalhar o plano. -E ele tem razão.

Então eu só confirmo com a cabeça e vamos andando rapidamente até sua casa.

A Família de Josh era muito grande, então dava para entender porque o desespero dele era maior. Ele era o filho mais velho de 8 filhos e ele o único homem de 7 irmãs, sua mãe morreu no parto do 9⁰ filho, a criança que seria mais uma menina também faleceu.

O seu pai é doente assim como a minha mãe, viver Em Baixo torna você doente e sua vida mais curta.

Chegando lá ele entra primeiro e puxa o pano para eu entrar, que no caso é a porta deles. Não sei como pode caber tanta gente assim em um espaço tão pequeno, eu penso comigo mesma.

-Oi Maya -Seu pai sorri e acena para mim.

-Oi senhor Âmber, como você está? -Vou em sua direção abraça-lo.

-Maya como seu cabelo está lindo e grande, quero o meu assim na cintura também. -Umas das irmã de Josh fala e as outras concordam como se fosse um coro.

-Obrigada princesa. -Ela sorri para mim.

Josh me puxa para dentro do único quarto da casa e começa a mexer em caixas, pegando várias peças de roupas e armas branca, colocando dentro de uma bolsa.

-O Jorge vai me matar quando te ver. -Ele fala meio preocupado.

-Mais fácil eu matar ele do coração quando ele ver que sou melhor que ele. -Sorrimos ao mesmo tempo.

Josh olha seu relógio de pulso e fala que está quase na hora, sai andando na frente enquanto eu aceno dando tchau para todos.

-Juízo. -Diz senhor Âmber dando risada.

Mas Josh me puxa para fora de sua casa antes que eu possa me virar para retribuir o sorriso.

Ele pega em minhas mãos e sai me guiando até uma parte escondida do corredor em uma parte onde parece que é uma casa se desmanchando. Joga a bolsa em minha direção.

-Se troca que eu vou ficar aqui vigiando.

-Você acha mesmo que eu vou ficar nua bem na sua frente? -Eu falo debochando.

-A Gente não tem tempo para gracinhas Maya.

-Então se vira. -Ele se vira resmungando e revirando os olhos pelo meu tom de mandona.

Eu me troco e jogo a bolsa de volta para ele, ele as coloca nas costa e vamos andando em direção ao vilarejo de cima.

Já estava ficando tarde da noite, os corredores já estavam vazio e confesso que meu coração estava palpitando muito rápido com medo que de algo errado.

No fim do corredor vemos Jorge encostado na parede. Ele já me olha de cima a baixo.

-O que essa garota está fazendo aqui? -Ele fala indignado.

-Olha ela é boa e vai ajudar a gen... -Eu corto o que Josh ia dizer mais indignada ainda.

-Você é um zé ninguém, sem mim é  a mesma coisa que o Josh sozinho. -Josh olha pra ele e balança os ombros como quem não sabe nada e sai andando na frente como sempre.

Eu e Jorge os acompanhamos, percebemos vários guardas pelo vilarejo, alguns até reparam em nós.

Josh olha para trás e faz sinal para eu por minha touca para que não percebam que tem uma mulher ali.

Eu não sabia qual era a casa dos Hideki, eu não era acostumada a ir para o Vilarejo por conta das minhas lembranças que depois viravam pesadelos com aquele homem horrível querendo se aproveitar de mim.

-Maya você vai entrar comigo e Jorge você vai ficar de guarda, qualquer coisa você assovia. -Josh afirma.

Acenamos com a cabeça com olhares desconfiados de nós três.

Vou indo atrás de Josh dando a volta pela casa para confirmar que está realmente vazia, vamos até a porta dos fundos, Josh tenta abri-la, mas não consegue então ele resmunga.

-O que foi? -O olho e ele suspira.

-Merda de Jorge que disse que estaria aberta.

-Se quebrar uma janela vsi fazer barulho e os guardas vão vir na hora. -Eu digo e Josh concorda colocando as mãos na cabeça demonstrando preocupação. -Tenho uma ideia. -Falo baixo.

Josh só acompanha com os olhos minhas mãos pegando um grampo da parte de baixo do meu cabelo, eu a coloco na tranca da porta e faço força para vira-lá. Então escutamos o barulho da porta abrindo.

-Boa. -Ele fala me olhando e sorrindo, entramos. Eu nunca tinha entrado em uma casa de verdade, meus olhos brilharam com tudo que eu via -Eu vou pegar as coisas de valores e você coloca as comidas na bolsa e dentro da bolsa têm sacolas para caber mais.

Josh diz me entregando a bolsa e saindo em direção a outro cômodo.

Eu fico ali parada na cozinha sem acreditar em tudo que eu via, só de frutas para decorar a mesa eles tinham para o ano todo.

Mas então agilizo pegando tudo que eu conhecia e não conhecia, coloquei o máximo que poderia carregar.

Não demora muito e Josh aparece cheio de coisas e faz sinal para que eu escute o assovio de Jorge.

Eu arregalo os olhos e fico sem reação, Josh vai indo em direção por onde entramos, mas percebi um movimento esquisito ali.

Eu puxo Josh pelo braço e ele me olha espantado.

-Tem alguém ali, vamos sair pela frente. -Falo o olhando.

-Você tem certeza? -Eu afirmo que sim.

Ele parece um tanto desconfiado, mas vem atrás de mim, eu abro a porta de entrada, mas o último trinco faz barulho. Eu e Josh nos olhamos.

-Corre! -Falamos juntos.

E da cozinha veio alguém atirando em nossa direção, corremos ate ele nos perder de vista e na frente de um beco sinto alguém me puxando com a mão na minha boca me puxando para lá.

Josh ao me ver já veio na defensiva, mas quando olhamos era Jorge.

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