Ninguém percebeu que elas estavam ali. Todos conseguiam apenas enxergar o que estava diante de seus olhos. Elas. Caladas. Sorrateiras. Se espreitando pelos cantos longe dos olhos humanos ou angelicais. Mais sábias do que todos, pois, carregam em si a história do mundo. São também impiedosas. Prontas para cumprir com sua função de algoz sempre a espera do momento certo.
Daniel se aproxima do palco diante da cena que se desenrola a sua frente. Incrédulo, percebe que seu palpite não poderia ser mais descaradamente certeiro. Antes mesmo ele sabia que queria ir embora. Para fugir. Para encontrar. Já não sabia mais o que era pior. Não sabia se voltaria ainda amanhã, mas o amanhã não se faz mais necessário. O amanhã não importa mais agora.
Descendo pelas paredes e rastejando lentamente em direção ao centro do palco, ávidas sombras estão prontas para punir aquele que deseja interferir no comprimento da maldição.
Pouco antes que Cam encobrisse sua virtuosa visão ele a vira. Seu corpo, seus lábios, seus longos cabelos negros e seus olhos desfocados, desatentos e vivos, cintilantes e cheios de paixão. Daniel estava perdido, naufragado e afundado entre a dor e o êxtase.
Bastava apenas um toque entre seus lábios para que elas agissem. Um caído que presenciou não seria perdoado ao tentar interferir na ordem das coisas. Antes um reles mortal, que de nada sabe, seria perdoado. Aqueles que presenciaram ao infúrtunio jamais.
Ele desperta apenas ao perceber que os lábios do seu inimigo estão a centímetros dos de sua amada. Miserável. Como ousa toca-la quando nem um pingo de amor corre por suas veias?
- Cambriel, afaste-se dela!
Um segundo, apenas um segundo antes do finalmente Cam escuta a voz pesada de Daniel. Autoritária e firme. Nesse mesmo instante as sombras que a pouco se aproximavam se afastam contra ditas.
Punhos cerrados e veias pulsando.
Cam fecha os olhos com raiva enquanto dá as costas à Lucinda para encontar um feroz Daniel a sua frente.
- Por que você tem sempre quer ser o estraga prazeres?
- Eu falei para ficar longe!
Luce assisti sem entender o que está acontecendo em sua frente. Quem é esse estranho? Qual poder ele tem para decidir quem deve se afastar dela ou não? Indignada ela intervém.
- Quem é você? E por que você acha que decide quem pode estar perto de mim?
Daniel se surpreende com a atitude da amada, porém, se lembra com pesar que para ela ele é apenas um estranho. Raiva e frustração se misturam e um gosto amargo preenche sua boca.
- Você não faz ideia de com quem está brincando, garota!
- Não havia ninguém brincando aqui, Daniel.
A resposta de Cam soa tranquila, mas seus olhos encaram seu oponente como o fogo ardente em brasa prometendo queimar a qualquer um que se meta em seu caminho. Lucinda dá um passo a frente de Cambriel.
- Eu não sei quem você é, mas com certeza não deveria intervir na vida alheia. Não há nada de melhor para fazer não?
- Ingênua, você não sabe de nada. Desça já desse palco! Se ele está trás de você boa coisa é que não deve ser.
- Daniel, esse não é jeito de tratar uma desconhecida.
Provoca Briel.
Daniel avança na passagem entre as cadeiras e sobe ao palco tentando segurar a mão de Lucinda que se afasta abruptamente antes mesmo de sentir seu toque.
Cambriel se aproxima provocando.
- Vem, amor, vamos embora.
Lucinda fica incrédula. As sombras se aproximam ao suspeitar das intenções do anjo mau. Foi assim com Todd, mas um beijo em um caído do lado das trevas seria muito mais desastroso. Daniel se aproveita da distração de Lucinda e a puxa das mãos de Cam. Ele sorri e responde:
- Não pensei que acabou. Vou deixar os pombinhos discutindo a sós.
Lucinda protestar olhando para Daniel.
- Me solta! Cam...
Ao virar de costas a procura de Cam percebe que ele já desapareceu pelos fundos do Teatro.
- Não acredito que ele me deixou aqui sozinha com um estranho.
- Deixa eu me apresentar. Sou Daniel Grigori.
- Grigori? Hm. Você é muito atrevido.
- Não era eu quem estava tentando te beijar a força.
- E quem disse que ele estava me forçando?
Daniel fica com ciúmes.
- Vamos voltar para aula.
Nesse instante Luce percebe os olhos de Dan cintilando na cor violeta. As pupilas dilatadas. Os cabelos dourados. Os lábios rosados. Ela não havia notado o quão bonito ele era.
-Seus olhos...
- É são violetas. Apenas 1% da população mundial tem...
- Não é isso. Eu já os vi em algum lugar. A gente se conhece? Talvez eu tenha te visto na infância.
- Não nessa vida - ele responde sem pensar.
- Como assim?
- Está na hora da aula.
Daniel sai primeiro e Lucinda tenta o alcançar, mas quando chega ao lado de fora ele já tem desaparecido.
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Don't Let Me Fall
FanfictionFanfiction inspirada no universo de Fallen - série de livros da escritora Lauren Kate. *Os personagens e parte do universo pertencem a Kate, mas o enredo é de minha autoria. *Não contém partes da obra original. *PLÁGIO É CRIME*