Capítulo 1

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    -Como assim? Você tá louco? - Eu não conseguia acreditar em tamanho absurdo! 

- Isso mesmo Marilu! Não quero ser mais visto com você desse jeito! Você precisa mudar! Meus amigos não entendem o fato de eu continuar com uma mulher que se deixou engordar tanto! Sem falar que não aguento mais esconder da minha mãe que você ganha vida dentro daquela sexy shop!

 No momento em que ele disse isso, o ódio ferveu dentro de mim e eu não me lembro de ter batido em algo com tanta força como naquele momento... eu estalei minha mão na cara dele de uma vez só! E sem a mínima pena gritei: 

- Você é um bosta! Não acredito que perdi 4 anos da minha vida do lado de um ser humano tão desprezível como você! Eu nunca iria largar a minha loja e nem mudar a minha aparência por sua causa! Eu sou muito feliz com a minha vida e com o meu corpo! Não abro mão do meu amor próprio e da minha dignidade por ninguém! Ainda mais por um ser homem desprezível como você! - Puxei com toda raiva a aliança de compromisso do meu dedo, bati com ela na mesa e completei: 

- Só pra constar... os amigos que você deseja me esconder, me mandam mensagens diariamente querendo comprar as lingeries tamanho 46 do meu sexy shop para que eu use nos encontros propostos por eles! Só que eu nunca gostei de homem sem caráter! Pena que eu não percebi que você era da mesma laia que eles! - Virei meu copo de cerveja, peguei a aliança da mesa, me levantei, fui até lixeira próxima da recepção do restaurante, joguei a aliança fora e saí de lá. Minhas pernas pesavam a cada passo que eu dava. Claro que não foi fácil escutar aquilo, mas terminar com o Fábio e jogar meu amor próprio na cara dele, foi a coisa mais fácil que eu já fiz na minha vida!

    Saí dali e fui direto pra loja. Chegando lá Lú estava aflita no balcão querendo saber o desfecho do meu almoço. Contei tudo pra ela rapidamente, pedi a ela que tomasse conta da loja hoje e que colocasse todas as lingeries plus size a venda com 40 por cento de desconto em homenagem ao meu término. Por mais estranho que pareça eu queria era comemorar por ter me livrado daquele homem. Acertei as coisas no caixa, retoquei meu batom e fui pra casa. Ao bater a porta da sala, joguei meu salto pro canto e fui direto fazer uma vídeo chamada com o Leni... ao ver o rosto dele na tela do celular, as lágrimas transbordaram... que saudades eu estava do meu amigo! Espero que ele volte logo de viagem. 

- Oi amiga! Porque você tá chorando minha bombomzinha? - Contar tudo aquilo pro Leni foi libertador!

Ele é o homem que toda mulher queria ter, mas é claro que ele tinha que ser gay! Ele é mais que um amigo, é um irmão de outra mãe... depois de 30 minutos de conversa, ele já tinha secado minhas lágrimas e me feito rir umas três vezes. Desligo aquela ligação de alma lavada, respondo umas mensagens de trabalho e vou pro banho. Ao tirar meu sutiã sinto aquela sensação libertadora que toda mulher conhece. Me olho no espelho nua e vejo um sorriso brotar em meu rosto. Gente, eu AMO o meu corpo, acho meu rosto lindo! Acho que devo ao Fábio um "obrigada" por fazer com quem eu me olhe assim no espelho com tanto orgulho de ser quem eu sou! Coloco a minha playlist favorita no celular e vou pro banho me sentindo ótima! Saio do banho de camisola, me deito na cama e peço pizza. Enquanto espero, resolvo dar uma organizada no meu armário. Foi muito bom rever umas fotos de quando eu era pequena, descobri algumas calcinhas perdidas no fundo da gaveta e finalmente encontrar meu batom que havia sumido! Mas o mais legal mesmo foi me deparar com um diário que eu ganhei na minha fase adolescente. Gente ele tinha cadeado e tudo! Fiquei aqui pensando pra que eu utilizaria aquele diário, mas guardei ele na gaveta depois que finalmente a campainha tocou anunciando que minha pizza de frango com catupiry, minha brotinho de banana com chocolate e meu refrigerante haviam chegando. Pago ao motoqueiro, dou pausa na playlist e ligo a TV.

    Abro os olhos e percebo que acabei pegando no sono depois de comer. Vou ao banheiro e assim que começo a escovar os dentes minha campainha toca. Gente, são oito da manhã de sábado! Quem será a essa hora? Abro a porta com cara de sono e não acredito que Deus pode ser tão bom comigo!

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