Diabinha
Olho para seu rosto adormecido, soltando um suspiro. Ele estava tão pacífico em seu sono, e isso me fazia não querer acordá-lo. Não que eu fosse, mesmo que quisesse, mas era como se toda a tensão que carregava consigo desaparecia enquanto dormia, o suavizando sua expressão. A cicatriz em seu rosto, passando pela têmpora, era o único sinal da vida perigosa e complicada que ele levava.
Coloco a minha roupa sem fazer o mais baixo dos sons, e pego minhas botas, saindo com ela na mão. Não iria arriscar colocar o salto e acordá-lo com o barulho. No lado de fora, porém, os calço e saio. Dou um sorriso educado para a atendente do motel em que estamos e pego meu carro no estacionamento. Como eu sabia que nossa noite terminaria aqui, tinha dirigido com meu Camaro vermelho para cá antes de ir para o bar.
Assim que estou atrás do volante, olho para a pasta aberta no meu banco de carona. Lá tinha sua foto e toda a informação que eu tinha conseguido. William Greyson, também conhecido nas ruas como Skull. Vinte e quatro anos, nascido e criado em Wichita, Kansas. Seu pai é Frederick Greyson e sua mãe Ella Davina Summers Greyson. Ele tem um irmão mais novo, Wade Greyson, de dezenove anos, que atualmente está em Colorado.
Também faz parte de uma gangue, Death of Angels. E é aí que minhas informações acabam. Sabemos sobre alguns membros, como Hayley Kahn, Peter Young, Beth Andrews, Loki Tate e Easton Wells. Mas, fora isso, nada. Não sei quem é o Alpha, o Beta, Gamma... O único motivo que sei que Skull é o Delta é pela tatuagem que ele tem, e apenas sei disso porque transamos duas vezes. Esses caras costumam esconder suas tattoos, com mangas, maquiagem, o que for.
E o único motivo pelo qual sei da existência de William Greyson é por suas lutas subterrâneas. Skull é um nome bem conhecido pelas pessoas certas, e vamos apenas dizer que eu estou bem familiarizada com esse ramo, considerando que o meu próprio nome faz caras com o dobro do meu tamanho mijarem nas calças. Não vou dizer que não gosto disso.
Suspiro e dirijo de volta para meu apartamento, em Oklahoma. Ficar em Kansas, muito menos em Wichita, seria um risco. Então, fico a mais ou menos uma hora da cidade. Paro meu carro no estacionamento e imediatamente sei o que me espera em casa. Suspiro, engolindo em seco, mas subo algumas escadas e abro a minha porta.
Assim que acendo a luz, não me surpreendo com a figura no meu sofá, mas o desprezo que me enche já é extremamente familiar. Afinal, convivo com ele desde os meus oito anos de idade. Malik Fontana. O Alpha dos Re del Sangue, uma gangue de origem Italiana que foi formada em Boston. Por algum motivo, que eu estava sendo privada de saber, ele nos trouxe para cá.
"Stiletto. Tem algo novo para mim?" Questiona, arqueando uma sobrancelha. Esse não era meu verdadeiro nome, mas era um apelido que eu ganhei nas ruas, por conta dos saltos que eu não tirava do meu pé nem mesmo para uma luta. Malik me chama assim desde que consigo me lembrar, e fico feliz. Ele não tem o direito de usar o nome que meus pais me deram. Não quando foi quem os matou em primeiro lugar.
"Quero vê-la." Falo, olhando diretamente em seus olhos. Eu não tinha o mesmo sotaque pesado italiano que ele tinha, já que nunca realmente pisei na Itália, apesar de meus pais serem de lá. Cruzo os braços. "O mais cedo possível." Não preciso explicar de quem estou falando.
"Tem certeza? Essa vai ser a segunda vez no mês, e você conhece nosso acordo." Sim, eu conheço o acordo. Eu tenho direito de ver minha irmã, contanto que eu faça seus trabalhos sujos. Mas apenas duas vezes por mês. Yeah, eu sei. O filho da puta é um merdinha doente.
"Eu sei como as coisas funcionam, Malik. Quero vê-la." Falo, e ele suspira, assentindo.
Malik Fontana tem todo o visual italiano. Está sempre usando um terno, como se fosse de uma fodida máfia ou coisa do tipo, e o sotaque era carregado. Seus olhos eram castanhos escuros e seu cabelo da mesma cor, com um certo bronzeado natural em sua pele. Pelo que eu sei, ele foi criado em Florença, e ficou lá até alguns anos atrás. Quando ele decidiu vir aos Estados Unidos e matar meus pais.
"Muito bem. Vá para a casa amanhã. Vou permitir que você a veja." Ele diz. Sabe, quando ele fala veja, ele não está brincando. É a única coisa que eu posso fazer, vê-la. Por trás de um vidro que, para ela, é espelhado, então nem mesmo sabe que estou ali. Não falo com a minha irmã em quatorze anos. Ela tinha cinco quando tudo aconteceu, nem mesmo sei se lembra de mim.
No início, Malik costumava dizer que seria o último trabalho que faço para ele, e depois ele iria soltá-la. Acreditei nisso pelas primeiras duas vezes. Hoje, sei que ele não vai soltá-la. Mas a esperança continua ali, então eu continuo fazendo seus trabalhos. Continuo matando quem ele me pede para matar, continuo coletando informações. Porque essa pode ser a vez que ele vai soltar Jasmine, ou pelo menos me deixar falar com ela.
Isso nunca aconteceu, mas eu não posso desistir. Não posso desistir da única família que ainda tenho. Não iria ser capaz de viver comigo mesma se fizesse isso.
"Então, já tem algo, Stiletto?" Malik questiona, e minha mente volta para Skull.
A ideia de fazer o que fui enviada para fazer trás não é exatamente agradável. Skull não é o monstro que eu imaginava, e eu odeio ferir pessoas inocentes. Mas sabe quem mais é inocente? Jasmine. E ela é mantida em um fodido porão desde os cinco anos de idade, com um psicopata que a machuca de modos que eu nem mesmo gosto de imaginar. Sempre que a vejo, ela tem um novo hematoma, ou um corte.
Suspiro. "Não, ainda não." Murmuro, e ele arqueia uma sobrancelha.
"Está mantendo o foco, certo?" Questiona, e eu concordo com a cabeça. Não é uma completa verdade, mas também não é uma completa mentira. Skull é divertido, e eu me encontro esquecendo do que tenho que fazer às vezes. Mas então Jass sempre aparece na minha cabeça, e eu me lembro.
"Yeah, estou." Digo, determinada.
Desculpe, William Greyson. Mas eu tenho que te destruir.
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Delta- Death of Angels 4 (HIATUS)
RomanceEu não sei seu nome. Eu não sei quem ela é. Mas no minuto em que eu botei meus olhos naquela diabinha que parecia o pecado em pessoa sabia que ela era diferente. Começou com uma noite... A noite mais fodidamente incrível da minha vida. Mas, na noi...