Pensamentos

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"Hey! Tudo sim e com você?" Gizelly respondeu, ansiosa.

"Tudo na mais perfeita ordem" Nervosa, nossa protagonista, não sabia mais o que falar, então outra mensagem chegou "você é de verdade? Porque NOSSA, você é extremamente linda" Gizelly sem perceber sorriu.

"já se olhou no espelho? Se tem alguém linda aqui é você"

"Ah, eu sou linda mesmo, mas você UAU. Tenho nem roupa para um evento desses... O que você curte fazer?" – Gizelly riu com a fala da mulher.

"Boba! Eu amo barzinho, sentar e beber minha cerveja, amo viajar e conhecer lugares novos. To animada para conhecer São Paulo"

"Boa, barzinho com música ao vivo é perfeito... Ah, Você não é daqui?"

"não, sou capixaba, estou aqui a trabalho"

"Trabalha com o que?"

"Sou advogada, to aqui acompanhando a empresa do meu tio, ele quer expandir o negócio dele para São Paulo e para isso precisa de investimento. E você?" Gizelly olhava a tela do celular ansiosa, mas a resposta não veio. Decidiu então descansar, ainda teria que trabalhar naquele mesmo dia.

Olhou para o relógio ao lado da cama "9:00am", tinha sono, mas não se sentia à vontade naquele quarto de hotel, não que a cama de casal que estava deitada não fosse confortável, ou que o ar condicionado ligado nos 21Cº não tornasse o ambiente aconchegante. Apenas se sentia ansiosa.

Enquanto olhava o papel de parede pastel do seu quarto de hotel começou a pensar, o que Guilherme, seu namorado, diria se ela dissesse que queria ficar com uma mulher? Que na verdade nunca sentiu prazer com ele antes? Não sabia, porém, por outro lado sabia exatamente o que marcela pensava "Você precisa terminar com ele! Amiga, pensa, você só está com ele por gratidão, e não adianta mentir pra mim, você não é feliz com ele" E de fato, não era.

Seu pensamento voltou mais ainda no tempo, a fazendo lembrar do dia que conheceu Guilherme, Gizelly lembrava o exato momento que o moreno de olhos castanhos entrou na sua vida, em um colégio do interior do Espírito Santo. Algumas crianças do colégio a zoavam no momento, o bullying era algo que ela já estava acostumada, mas naquela semana em específico, estava sendo insuportável, sua melhor amiga, Marcela, tinha se mudado, e seu pai estava em um hospital, para piorar, sua mãe não lhe explicava o que estava acontecendo com ele.

"Olha, a cabeçuda vai chorar" Sentiu seu ombro se empurrado por um dos meninos mais velhos e seus livros caírem no chão. Foi quando Guilherme apareceu, a ajudando. Desde aquele dia, Guilherme virou seu escudeiro, seu melhor amigo e mais tarde, naquele mesmo ano, virou também seu namorado.

Mas a gratidão que tinha por Guilherme, não era só sobre seu ensino médio, mas também o que veio a seguir com a morte de seu pai. Foi graças a Guilherme que Gizelly conseguiu passar por aquilo, e graças a ele também, que mais tarde, ela pode fazer uma faculdade.

"Amiga, a sua vida não tem que girar em torno dele, você merece ser feliz também" As palavras de Marcela ecoavam em sua mente. Ela tinha razão, mas era tão difícil pensar na possibilidade de magoar Guilherme, afinal, ele era perfeito, mas por algum motivo, não era perfeito para Gizelly.

Foi desperta de seus pensamentos com o toque do seu celular, era seu tio a chamando para almoçarem. Tomou um susto olhando para o relógio "12:30". "Droga, nem consegui dormir" pensava enquanto escolhia suas roupas um pouco mais formais, pois aparentemente, após o almoço auxiliaria seu tio com o trabalho dele.

Gizelly correu seus olhos pelo restaurante do hotel, encontrou seu tio, Gregório, sentado mais afastado das outras pessoas. O homem vestia um terno preto, com uma blusa social branca, estava bem arrumado.

– Boa tarde, pedi um filé para gente. – Gregório sempre fora extremamente atencioso, sabia cada gosto da sua pequena Gi. Para ele, aquela pequena mulher era sua filha, e não sobrinha.

– Obrigada! Estou vendo que fez a barba, bem melhor – Gizelly brincou, zombando da barba malfeita que estava em seu rosto horas antes. – O que faremos hoje? - Indagou enquanto servia-se do suco de cor amarelada que estava em cima da mesa. "Maracujá" pensou quando sentiu o líquido em contato com sua língua.

– Vamos ao escritório JB, pegar os papeis do acordo, depois disso ligamos para a assistente dela e rezamos para conseguir uma reunião ainda essa semana. – Disse ansioso.

– Sorte? O senhor não marcou essa reunião antes? – perguntou levemente preocupada com a situação, aparentemente seu tio não tinha traçado um plano para aquela viagem.

– Tentei, já lhe expliquei isso, aparentemente essa mulher é imprevisível. Teremos que correr atrás dela, esse é o fato. – Gregório pausou sua fala dando espaço para o garçom, que havia chegado com o almoço e após agradecer, continuou – E estar na mesma cidade que a Sra. Kalimann, é a melhor chance que temos de encontrá-la. – Realmente, aquele homem já havia lhe explicado tudo antes mesmo de entrarem no avião, mas como explicar para o seu quase pai, que as dúvidas em sua mente falavam mais alto que a voz dele.

Em meio a esses pensamentos um nome veio em sua mente "Rafaella", pegou seu celular e entre muitas notificações de mensagem, estava a dela:

"Digamos que eu não trabalho, apenas me divirto."

Ella - GiRafaOnde histórias criam vida. Descubra agora