Ella - GiRafa

Certeza

O que é verdade para vocês? Alguns pensadores dizem não existir uma verdade absoluta, sendo assim, toda verdade pode ser contestada. Outros dizem que a verdade é aquilo que permanece inalterável a quaisquer contingências. Santo Tomás de Aquino disse "a verdade é a adequação do pensamento à coisa real". Mas de qual realidade estamos falando?

Para Aristóteles, na busca da verdade percorremos quatro degraus fundamentais: Ignorância, dúvida, opinião e certeza. Sendo a ignorância o estado de completa "ausência de conhecimento" do sujeito em relação a verdade. A dúvida o estado em que determinado conhecimento é tido como possível, mas as razões para afirmar ou negar alguma coisa estão em equilíbrio. A opinião é o estado em que o sujeito afirma conhecer, mas com temor de se enganar. E por fim, a certeza que é estado em que o sujeito tem plena firmeza do seu conhecimento em relação a verdade.

Em relação a verdade que a vocês é contada nessa história, sabemos que Gizelly se encontra no degrau da opinião, vocês no degrau da dúvida e Rafaella no degrau da ignorância. Então, voltaremos no tempo alguns dias, observando novamente a mesma trama. Só que dessa vez, acompanharemos o outro lado da verdade, para enfim, chegarmos ao final dessa escada, a certeza.

­– Alô? – Rafaella disse ainda sonolenta, sentindo o corpo de Gizelly deitado sobre o seu.

"Rafa, você precisa vir urgentemente para sede." Rafaella afastou o celular do ouvido, olhando as horas no aparelho.

– Manu, são 3:30 da manhã. – Rafaella disse em um sussurro, se levantando vagarosamente em direção ao banheiro para não acordar a outra mulher.

"Hackearam os sistemas de segurança da rede de pagamentos, Rafaella." Ao escutar aquilo Rafaella finalmente despertou do seu estado sonolento.

Um roubo de informações daquela magnitude resultaria em dados pessoais de clientes vazados, como por exemplo, dados bancários. Além disso, poderia acarretar centenas de processos de marcas parceiras, que também poderiam ter seus dados roubados.

– Chego em 20 minutos. Chama o chefe de TI. Não liga para Mariana! – Rafaella sussurrava apressada, enquanto procurava pela sua roupa no chão do quarto, vestindo a calça as pressas enquanto prendia o aparelho celular entre seu ombro e seu ouvido.

"Mariana já está aqui, e está bagunçando tudo..." Rafaella desligou o aparelho, o jogando em cima da cama do quarto de hotel. A loira achou sua blusa pelo chão a vestindo, precisava ir o mais rápido possível.

Depois de pronta, Rafaella observou a advogada deitada de bruços, com o lençol a cobrindo apenas até a cintura, deixando suas costas nuas expostas. Rafaella se aproximou deixando um beijo no lateral da cabeça da menor.

– Gi! – Rafaella disse na tentativa de acordar a outra. Ouviu um resmungar em resposta, então continuou. – Eu preciso ir, mais tarde eu te ligo, ta bom? – A advogada apenas concordou com a cabeça.

Rafaella sabia que provavelmente a advogada não teria a ouvido, mas não tinha tempo, precisava ir urgentemente para a sede do Grupo Kalimann. A loira andava rápido em direção ao seu carro, que ainda estava estacionado na frente do hotel. Provavelmente naquela madrugada, Rafaella havia conseguido algumas multas de trânsito.

Rafaella adentrou a sede do grupo Kalimann as pressas, subindo para o andar aonde os grandes equipamentos que formavam o banco de dados ficavam. Quando entrou na sala encontrou o caos, na sua mais perfeita desordem. Homens de roupas sociais andando de um lado para o outro. Os barulhos de teclas batendo sem parar. Em um dos escritórios reservados, separado apenas pela parede de vidro estavam Manoela e Mariana, cada uma em um telefone, se revezando entre diversos aparelhos.