Me lembro de entrar nesse mesmo hospital, nessa mesma porta e sentir o cheiro típico e indecifrável de hospital, lembro de acompanhar os rastros de sangue que pingava da maca da minha mãe e de um médico pedindo para que eu ficasse com uma mulher, ele também me chamou de corajosa e disse que meus pais deviam estar orgulhosos.Horas depois eles apenas concluíram o que eu já sabia mas ninguém quis me dizer, eles estavam mortos. Me recordo de acompanhar meu avô até uma salinha dali e o médico explicou tudo, detalhe por detalhe.
Lá ele deu sua teoria do que tinha acontecido até eu abrir a boca e começar a contar exatamente o que aconteceu, eles ficaram em choque por eu ter visto tudo mas eles nem imaginaram que o problema maior não era aquele e não seria naquele momento.
Ele continua com o mesmo cheiro mas dessa vez estava mais lotado do que a última vez que vim. Não soltava a mão de Bailey por nada, na correria eu só consegui vestir um moletom dele que ele usaria após o banho e calcei um vans qualquer torcendo para que eu não passe frio por estar apenas de short jeans.
Ali tinham caras novas, muitas para falar a verdade mas ao fundo o mesmo médico das minhas recordações se aproximava de onde estávamos.
-Doutor, com licença.- Bailey o aborda desesperado, assustando o coitado.- Minha mãe veio para cá, minha irmã veio com ela, por favor você sabe onde ela está?
-Olha, filho...
-Filho nada, só me diz onde ela está?- Ele se exalta mas eu aperto mais nossas mãos fazendo-o cair na real e me abraçar chorando.
O senhor já de idade me encara e eu me prontifico a dar o endereço de Bailey para que ele ache Maya e Vanessa. Acaricio o cabelo do moreno abraçado a mim enquanto ele soluça nos meus braços.
-Aqui!- O médico nos aponta um tablet com algumas informações mas sua cara não é boa.- Ela já chegou sem vida, eu sinto muito mas o tiro foi bem no meio da testa e...
-Bem no meio da testa?- Repito para mim mesma mas acaba saindo alto.
-Sim.- Ele reforça e Bailey chora mais ainda.
-Me diz onde a gente pode encontrar elas, por favor.- Ele acena e nos mostra por onde ir.
Encorajo Bailey e entrelaço minha mão na dele assim seguindo até o local que era dois andares a cima de onde estávamos. Por sorte o elevador estava vazio o que nos fez correr para podermos chegar lá antes que acumule gente.
-Ela matou ela.- Bailey disse baixo e com a voz fraca de tanto chorar.- Ele matou ela, ele matou ela...
-Ele vai pagar por isso, ele vai pagar caro.- Me viro para o moreno e ele se segura para não chorar de novo.
-Ele matou ela, Joalin, ele matou ela.- Sua boca entorta e as lágrimas descem novamente.
-Meu amor...- É só o que eu digo antes de abraçá-lo de novo e sentí-lo molhar o moletom aos prantos e soluços.
Doía vê-lo assim, doía mais porque eu sei como é essa dor e doeu mais ainda quando chegamos na ala do necrotério e Maya chorava sentada no chão agarrada nas próprias pernas e coberta de sangue.
O grandão corre até a irmã e a abraça sentando no chão junto dela.
-Bailey... Ele matou ela... Ele...- A May mais nova não conseguiu terminar a frase porque voltou a chorar e dessa vez gemeu.
Como eu gemi quando fiz 19 anos e me formei no ensino médio e eles não estavam lá para fazer a famosa foto com os pais. Eu senti a mesma dor e aqui estou eu recordando dela e clamando ao máximo para que ela não volte.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Revenge
Fanfiction[Concluída] Nova Orleans também conhecida como Big Easy nunca foi tão agitada como esses dias na sua vida noturna, as luzes não medem esforços para iluminar cada canto das milhares de ruas, as pessoas sorriam, bebiam e cantavam músicas regionais. Po...