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M a r g a r i t a      M a r t i n e l l i

11\01\2020        18:23          Florença 

Batuco meus dedos na mesa de madeira sem conseguir desviar o olhar da TV, mas estou bem longe de estar prestando atenção no jornal. Minha barriga está gelada e meu copo d'água está cheio, parado, intocado em minha frente. Preciso de algo mais forte do que água.

- Por favor, quero uma garrafa de whisky. - O barman me olha com uma das sobrancelhas erguidas, duvidando da minha capacidade de virar um motor de opala. Faço minha melhor cara de seriedade, sem desviar meu olhar do dele. Por fim, ele desiste dessa disputa de olhares e pega um copo e uma garrafa de Jack Daniels. - Não preciso do copo. - Espero que ele abra a tampa e viro a garrafa na boca, bebendo o que consigo em uma só golada.

Sinto o álcool descer queimando minha boca e por onde passa. Uau, tudo bem, era disso que eu precisava. Meu corpo já está mais relaxado, e o frio na barriga foi substituído pela queimação da bebida e me sinto mais disposta e pronta para rever meu querido ex.

Assim que vi a mensagem que Alexsandro mandou, pedindo que nos encontrássemos, ponderei durando duas horas, pedi a opinião do meu querido primo, que é o único que não ideia tanto o Alex. Ele disse que eu deveria vir, disse que precisávamos conversar e nos resolvêssemos.

Agora estou aqui, uma hora adiantada do horário marcado e enchendo a cara, eu odeio minha tolerância ao álcool, odeio que raramente fico bêbada, não importa o quanto eu beba, minha lucidez simplesmente não acaba, e tudo que eu precisava agora era ficar bêbada.

- Você está bem? - Viro o rosto para o lado e sorrio docemente para o homem que está me olhando um pouco assustado. É novo, não deve ser muito mais velho que eu e é até bonitinho.

- Eu estou maravilhosamente bem. - Ele encara a garrafa de vidro em minhas mãos, que já está pela metade, e olha para mim novamente, fazendo uma expressão que diz "péssima mentirosa". - Eu conheço você?

- Acho que não, me chamo Dilan, e você é?

- Se eu te falasse, teria que matá-lo. - Digo em tom de brincadeira e ele ri, mas mal sabe que estou falando sério. - Pode me chamar de Rainha da porra toda. - Dou mais um gole na minha bebida e acaba escorrendo um pouco, logo limpo com a parte traseira da mão e encaro os olhos azuis do Dilan.

- Tudo bem, e o que está levando a Rainha da porra toda beber igual um V8? - Acabo rindo e dando de ombros.

- Meu ex. - Simplifico a situação e ele faz uma expressão de "entendi seu problema" - Ele quer conversar e eu aceitei, e agora estou bebendo para conseguir conversar com ele.

- Ele está vindo? - O tal Dilan olha para os lados do bar. - E isso não vai me trazer problemas, vai?

- É, talvez, só temos que esperar ele chegar e descobriremos. - Ele arregala os olhos e acabo rindo da sua reação. - Relaxa, ele não mata ninguém em público.

- Ah, me sinto bem mais relaxado. - Zomba, mas acaba entrando na brincadeira. - E vocês terminaram há muito tempo?

- Quatro anos. - Dou outra golada na garrafa, terminando de acabar com a bebida. Preciso de mais. - Por favor, quero outra dessa. - Peço ao barman e ele me olha chocado e retira a garrafa vazia das minhas mãos, substituindo por uma novinha.

- Uau, esse ex deve ter feito um estrago dos grandes. - Confirmo com a cabeça e volto a beber.

- Ele fez, sim. - O sino da porta soa, fazendo-me arrepiar dos pés a cabeça. Não preciso me virar para saber que é ele, meu corpo é sensível à presença de Alexsandro, ele sente quando esse homem está perto, e vocês não imaginam como isso é frustrante.

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