[5] LOVE TALK

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Contra todas as minhas paranoias e crença na Lei de Murphy, as coisas correram bem. Tipo muito bem. A exceção do desconforto massivo que se instaurava quando Jungkook estava por perto, Yoongi e eu nos aproximamos.

Menos do que gosto de admitir, mas ele parou de me ignorar e parece bem mais confortável. E preciso agradecer isso ao não-namorado dele, Jin hyung, que está tornando essa convivência o mais natural possível, com direito a perguntas sobre porquê das cuecas estarem secando atrás da minha geladeira. 

E sim, estamos dividindo o meu apartamento porque Jin alegou que preciso de alguém cuidando de mim, coisa que ele não pode fazer porque precisa trabalhar.

Quando Jungkook se prontificou a fazer isso, Jin lhe deu um tapa na cabeça dizendo que ele deveria aprender a ler as entrelinhas. "Eu preciso que o Yoongi cuide do Hoseok, e que o Hoseok cuide do Yoongi, seu coelho idiota." Foi a última coisa que ele disse antes de empurrar Jungkook para fora do meu apartamento e sair com um aceno.

Depois disso assumimos uma rotina que se resume com Jin vindo nos trazer comida toda manhã, Jungkook me buscar para a faculdade, Yoongi voltar a dormir até eu voltar e passarmos "juntos" o restante do tempo, fazendo pesquisas sobre o que aconteceu com nossos corpos.

Obviamente não encontramos nada. E Kim Taehyung não pareceu saber nada do genêro, mas nos recomendou visitar um templo ou um padre.

Não posso dizer que estou realmente concentrado nas aulas, e recebi alguns avisos de professores preocupados com minhas notas, que já corriam perigo por causa dos dias que fiquei afastado.

Na sala de prática eu conseguia me focar melhor, mas era frustrante perceber que ainda não estava verdadeiramente recuperado. E não era apenas o fôlego curto e a dor incômoda. Era algo mais sorrateiro. Pior.

Meus movimentos e ritmo não estavam como antes, obviamente. Eu sabia que não estariam. Só não esperava tanta diferença. E era apenas o segundo dia de ensaio depois que voltei. Ou deveria dizer "já"?

O exame para a bolsa era dali três dias. Eu estava sem tempo.

- Hoseok! Exagerar não vai te ajudar. - Jungkook gritou com a boca cheia de cereal. Por que diabos aquele garoto carregava CEREAL na mochila?

- Jungkook, aqui não é lugar de comer. E você deveria estar ensaiando. O teu concerto não é amanhã?

- Ah. Isso? Eu não vou mais.

Eu me engasguei, tropeçando até quase dar de cara no espelho. Quando recuperei o equilíbrio, encarei Jungkook que brincava com o pacote quase vazio de cereal.

- Você o quê? - Perguntei já me sentando no chão em frente a ele. Aquela seria uma conversa capaz de me deixar de pernas fracas ou louco de vontade de usá-las para chutar aquele pirralho fofo.

- Você sabe que eu não queria ir.

Mentira. Ele estava ansioso, como não havia ficado em meses. Só falava naquilo, com esses olhinhos de jabuticaba brilhantes de felicidade. E era a primeira vez em anos.

Seus pais nunca aprovavam suas escolhas, então até os dezenove Jungkook fez tudo o que eles queriam. Até começou o maldito curso dos sonhos deles: direito. Foi uma luta vê-lo definhar naquele semestre, então outra luta conseguir convencê-lo a tentar se impor. Eu só não esperava que as coisas assumissem aquelas proporções e ele saísse de casa e abrisse um estúdio de tatuagem.

Não que isso fosse ruim, afinal era outro sonho que ele teve desde pequeno. Ele adorava desenhos, então até achei que fosse cursar artes, mas escolheu música porque essa sempre foi a coisa que o tornava realmente feliz. 

We Gon' Change [sope/yoonseok] Onde histórias criam vida. Descubra agora