"Sua... Sua..." ou O Amor nos tempos do coronga

353 16 0
                                    

— Oi, gatinha.

— Oi, meu amor. Saudade de você.

— Por que você me ligou no celular? Liga pelo WhatsApp.

— Eu não. Pra você querer me ver pelada na câmera?

— Poxa, gata... É a quarentena, né.

— Justamente! Vem pra cá. Cansei disso. É tudo besteira. Eu quero você de verdade!

— Mas, gata... Você mora num prédio de trinta andares e me disse que tem um vizinho corongado. Não vou entrar nesse elevador aí e muito menos subir vinte andares pelas escadas.

— Ah, então eu não valho o esforço, é? Entendi.

— Não, meu bem, não é isso. Você quer que eu fique doente e depois te contamine? A gente tem de ter paciência.

— Paciência? Então me explica essas fotos do seu peru que você me mandou ontem. Paciência... sei.

— Como é que é? Fotos do meu... peru? Eu não te mandei nada ontem! Que história é essa?

— Não zoa comigo, amor. Você se aproveitou de mim só porque eu tava bêbada ontem. Ficamos três horas de chat safado e agora me vem com essa? Eu não tenho essas coisas de amnésia alcoólica, não.

— Carol, que sacanagem é essa?! Com quem você conversou ontem? Olha aí no WhatsApp, vai. Não fui eu!

...

— Nossa, amor, que mico!

— Quem era?!

— Ai, meu Deus, e agora?

— Fala logo, porra!

— Foi... o Marcelo.

— O seu ex? Esse que mora no quinto andar do seu prédio?

— Ele mesmo. Por isso pensei que a foto fosse do seu... Tão familiar...

— Sua... sua... Tô indo praí agora!

— Vem, meu amor! Vem!

Crônicas da QuarentenaOnde histórias criam vida. Descubra agora