Às vezes ela se sentia bem, forte, pronta.
Mas na maior parte do tempo tinha esse peso sobre si. Um enorme cansaço, como se cada ação exigisse muito esforço.
Já estava assim há tanto tempo que em algum momento sua voz passou a sair sempre como se estivesse prestes a chorar, não sorria com frequência e costumava não ter muita paciência.
Ainda assim seu maior medo eram as crises, elas vinham em momentos de maior estresse, no geral. Então ela ficava trancada em casa, chorando por dias, se sentindo péssima.
Uma angústia enorme.
Um medo paralisante.
Insegurança e culpa autoimposta.
Seu marido era paciente e estava sempre lá para ela. O que ela tem? Depressão, desde seus vinte e quatro anos.
Sim, ela já fez tratamento, mas voltar é tão fácil quanto é difícil sair.
Sabe que por vezes parece ser fria e ausente, por isso, tenta sempre mostrar que se importa com suas duas filhas e seu marido.
Nunca deixando seus aniversários passarem em branco, preocupada com sua saúde e buscando de todas as formas fazê-los felizes.
Só que quando sua turbulência interna começa, nunca parece ser suficiente.
Ela não se sente o suficiente.
Página 50 – Luíza Bruna Vasconcelos
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Para Nós, as Páginas que Faltavam
ContoTodos já tivemos esse livro, uns apaixonaram-se desde a dedicatória e agarram-se à ele, outros o deixaram de lado frustrados ao não compreender a escrita do autor, alguns o perderam antes mesmo de ler a primeira página, também têm aqueles que leram...