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Ela está sempre bem.

Sua filha tem um ano e estão morando na casa de sua avó.

Ela está bem.

Sua filha completa três anos e ela perde o emprego.

Ela está bem.

Sua filha faz cinco anos e nunca conheceu o pai.

Ela está bem.

Sua filha tem onze anos e ela novamente é demitida.

Ela continua bem.

Sua filha completa quinze anos e sua avó morre.

Tudo bem, porque ela ainda está bem.

Sua filha faz dezoito anos e começa a ver.

Ela não está bem... E por muitos momentos esteve prestes a desabar, mas aquela máscara pesada e sorridente que carregava é retirada.

Para mostrar um ser humano, alguém que ri e chora, que do fundo do poço reconhece que a única saída é subindo, então renova suas forças para a escalada.

Então, pela primeira vez em anos, ela está realmente bem, porque não precisa mais fingir.

Ela vai continuar, porque foi assim que aprendeu a viver. Mas dessa vez com um sorriso por debaixo da máscara, por saber que tem alguém que a lê e entende com ou sem essa máscara.




Página 47 – Mônica Maria Farias Rodriguez

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