Estava observando a Rachel se arrumar pelo vão da porta quando ela olhou para o espelho e me viu.
-Anna - ela falou e eu entrei no quarto. - Você tem lábios lindos. Só não sabe o que fazer com eles.
-É, acho que sim - eu me sentei e ela pegou um batom para passar em mim.
-Os homens ficam falando dos olhos das mulheres, mas é bobagem. O que eles querem mesmo é uma garota que tenha uma boca bonita.
Ela terminou de passar o batom e eu olhei para o espelho. Estava linda. Passei o olho pela mesinha vi o colar de pérolas.
-Você parece muito interessada nisso. Quer usar hoje à noite?
-Não, acho que não.
-Usa sim. Vai ficar bom - ela se levantou, passou o colar pelo meu pescoço, mas antes que pudesse fecha-lo eu perguntei:
-Qual é o seu nome verdadeiro?
-O que disse? - ela me olhou no reflexo do espelho.
-A Associação Estadual de Enfermeiras não tem registro de Rachel Summers. O número do seu seguro social é de uma Rachel Summers, mas ela era uma professora escolar em Nova Orleans - senti ela apertar o colar contra o meu pescoço como se fosse me enforcar. - Ela morreu há cinco anos. Quem é você realmente?
-Sabe de uma coisa? - ela apertou ainda mais o colar. - Eu acho que não vai ficar bom em você.
Então, quando ela tirou o colar do meu pescoço eu me levantei e fui em direção à porta.
-Onde pensa que vai? - ela disse antes que eu saísse do quarto.
-Falar com o meu pai.
-Não é preciso. Já discutimos isso com o Dr. Silberling.
-Discutiram o quê? - perguntei com raiva.
-Seu comportamento. Anna, ele está muito preocupado. Esta começando a achar que foi um erro você sair da clínica. Você não vai tirar isso de mim. Não vou deixar. Agora, saia. Meus convidados iram chegar - ela fechou a porta na minha cara e me deixou do lado de fora falando sozinha.
Mais tarde, a festa já havia começado e os convidados já haviam chegado. Eu e minha irmã ficamos na porta da cozinha observando a Rachel.
-Eu não acredito que ela te detonou para o papai. Talvez ela possa te ameaçar, mas o que pode fazer comigo? - minha irmã perguntou. - Vou falar agora com o papai.
-Não. Ela vai convencê-lo de que estamos mentindo e que a culpa é minha. Deixe passar esta noite, amanhã iremos à polícia e contamos o que está acontecendo. Você só vai piorar as coisas para mim.
-Beleza. Mas você sabe que eu vou precisar de muito álcool.
Então, ela foi pegar bebidas para ela e eu fui para a sala falar com meu pai. Ele estava com uns amigos, mas quando me viu pediu licença e foi falar comigo.
-Oi. Olhe só pra você.
-O que foi?
-Você está linda.
-Obrigada - falei e sentei na poltrona.
-Pelo visto, você cresceu, não foi? Se servir de consolo, também acho isso bem estranho. Festas de lançamento de livros - ele olhou para a Rachel que estava com uma cara preocupada. - Posso pedir um favor? Poderia ajudar Rachel hoje? Acho que ela não se sente à altura disso, e as pessoas aqui também a estão julgando.
-Claro - disse com uma voz desanimada.
Então, pedi licença para meu pai e fui até a cozinha para ver o que a Rachel estava fazendo. Chegando lá, eu a vi jogando algumas coisas no lixo.
-O que foi? - ela percebeu minha presença.
-Só queria saber se precisa de ajuda.
-Sério? Claro. Abra o forno.
Quando o abri senti um cheiro muito gostoso e ela tirou de lá um peru não muito grande, mas de um tamanho que dava para todos. Ela o colocou em cima da mesa e pegou dois garfos grandes e o colocou na tábua de madeira.
-O segredo pra ficar bonito é deixar repousar dez minutos antes de cortar. Faz que o sangue seja reabsorvido - ela pegou algumas taças parecendo uma garçonete - De volta a festa. Anna tira o lixo, ok?
E ela saiu pela porta carregando todas aquelas taças para servir as pessoas. E fiquei sozinha. Fui até onde o lixo estava e abri o lixeiro. O saco preto estava muito pesado e quando o deixei no chão ele se mexeu como se tivesse algo vivo dentro dele. Então, fui até lá ver, mas não havia nada só lixo, quando fui olhar mais para o fundo deixei um vidro de massa de tomate cair debaixo do armário. Quando me abaixei para olhar se tinha ido muito para o fundo e vi algo se mexer. Então, a menina ruiva dos meus sonhos saiu de baixo do armário e disse: "Você é a próxima." E desapareceu.
Olhei para o lado e vi à Rachel com uma cara de espanto e percebi que havia batido na mesa e derrubado o peru no chão.
-O que você fez? - ela pegou uma faca na mesa e apontou para mim. - O que está tentando fazer comigo?
-O que houve? - meu pai perguntou quando chegou correndo na porta.
Então, a Rachel pegou a faça, espetou no peru e o tirou do chão.
-Vá já pra cama - ele disse para mim.
Fui para meu quarto e fique observando pela janela. Quando todos foram embora eu desci para falar com meu pai no escritório. Chegando lá bati na porta e entrei.
-Pai? Posso falar com você? - não esperei ele responder e fechei a porta. - Há uma explicação para o que aconteceu está noite. É a Rachel. Ela não é quem você acha.
-Chega Anna - ele me interrompeu. - O que ela fez dessa vez?
-Ela mentiu para você.
-Sobre o quê?
-Tudo. Sobre o nome dela. Sabe de onde ela é pelo menos?
-Nem vou responder isso - ele disse com raiva.
-Claro que não, pois só vê o que quer.
-Ela só está tentando fazer esta família ficar melhor.
-ELA NÃO ESTA TENTANDO AJUDAR. ELA QUER VOCÊ SÓ PRA ELA.
-Isso é ridículo.
-Nossa, se a mamãe pudesse te ver agora, junto com essa vadia que está tentando nos separar!
-NÃO É A RACHEL QUE ESTA TENTANDO NOS SEPARAR - ele fez uma pausa. -Olha por que não conversamos com o Dr. Silberling sobre isso?
-Certo, porque eu sou a doida.
-Eu não disse isso. Sabe que eu...
-Pai - eu interrompi. - Esta sem a sua aliança. Vai casar com ela? RESPONDA!
-Sim, Anna. Vamos nos casar no outono. Conversamos sobre viajar, mas quero fazer o casamento aqui, para todos nós. Não tenho vergonha de estar feliz de novo, Anna.
Então, ele abriu a porta e saiu do escritório me deixando sozinha. Lágrimas brotaram dos meus olhos e eu me derramei em um rio de tristeza e solidão. Se não fosse pela minha irmã eu tentaria me matar aquela noite.
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O Mistério das Duas Irmãs
Mystery / ThrillerAnna, uma garota traumatizada por causa de um incêndio acidental que causou a morte de sua mãe, depois de algum tempo se tratando psicologicamente, a menina decide voltar para a casa e enfrentar os seus demônios, já que não lembra do que aconteceu n...