Capítulo 4

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Acordei no dia seguinte e fui direto à cozinha pregar o quadro negro, minha irmã já estava acordada e me ajudou.

-Devia usar um martelo maior da próxima vez - Rachel apareceu na porta da cozinha. Acho que ela viu o buraco que eu fiz na parede com o martelo.

-Desculpa.

-Achei maneiro - disse minha irmã.

-Ficou lindo - ela olhou para mim. - Sério, era tudo que a cozinha precisava.

-Não é? - minha irmã me olhou. - Fui.

-Tá - respondi.

-Anna lembra quando cheguei para cuidar da sua mãe? Quando eu entrei aqui a Piper estava naquela rebeldia de adolescente desrespeitando seu pai. Mas você era diferente. Tranquila, sabe? Educada. A mocinha comportada. Lembro que eu pensei: "Águas calmas escondem algo no fundo. Essa sim é a forte." - ela foi até o armário e pegou um copo - Quando eu tinha sua idade, eu tive que lidar com coisas duras, como você, e aprendi a ser forte. Uma garota para ninguém se meter. Estou tão feliz por ter você de volta. Espero que fique.

-Obrigada. Eu também espero - larguei o martelo encima da mesa e sai.

Eu e minha irmã resolvemos ir até o mar dar um mergulho.

-Você viu a cara dela? Foi como se você estivesse destruindo sua casa de bonecas - minha irmã riu.

-Eu estava martelando de olhos fechados.

-Incrível.

-É nosso quadro-negro. Devia ficar lá.

Fomos conversando até chegar a casa no deque. Vestimos roupas de banho e pulamos na água. Nadamos quase o dia todo e depois deitamos para pegar sol.

-Você acha que eu estou muito pálida? - perguntei.

-Sim, tá quase transparente, mas o seu futuro marido nem vai perceber - minha irmã disse. Levantei para ver quem era. O Daryl estava vindo de barco em nossa direção.

-Não, não me deixe aqui - falei quando a vi levantar.

-Pra que serve as irmãs?

Ela pulou na água e eu vesti minha blusa.

-Oi, Daryl.

-Oi - ele respondeu. - Com é que você tá?

-Bem.

-Anna, eu queria muito vir aqui te ver, mas não deixaram.

-Se tivesse cortado os pulsos. Teríamos sido colegas de quarto.

-Essa é minha Anna.

-Aquela noite na praia...

-Não, escuta. Eu estava nervoso também. E tinha bebido demais - ele interrompeu. - Eu fiquei preocupado com você. Até fui te procurar.

-Como assim?

-Eu segui você aquela noite, Anna. Eu estava aqui. Eu vi tudo.

-Tá meio atrasado, não acha Daryl? - Rachel falou. Ela estava logo atrás de nós - Obrigada. Tá tudo aqui.

-Certo - ele olhou para mim. - A gente se vê.

-Tchau - respondi.

Ajudei a Rachel a levar a comida para o deposito. Quando abri a porta vi o barril de combustível que era culpado pela morte da minha mãe. Fui até lá e dei uma bela olhada. Acho que aquela válvula era muito segura para vazar. Respirei fundo e sai de lá.

Horas depois, estávamos todos na sala assistindo TV e comendo pipoca. Não que aquilo seja agradável. Por que a Rachel estava lá.

-Seu agente ligou hoje - ela falou pro meu pai.

-Sério?

-Eu não sabia que ele alugava casa aqui.

-Nos últimos cinco anos. Ele gosta de fingir que pesca.

-Acho que ele está hospedado no The Book Review.

-Ah, é?

-É. Eu os convidei para jantar na sexta.

-Sério? - minha irmã me olhou com um olhar de chatice e eu o retribui.

-Convidei outras pessoas também - meu pai resmungou. - Por que não?

-Bem...

-Nunca convidamos ninguém para vir aqui. Vai ser divertido. Por favor

-Esta bem.

-Obrigada - então eles se beijam. Depois disso eu levantei para me deitar, não aguentaria ficar ali nem mais um segundo.

Antes de chegar à escada, olhei para o escritório do meu pai e vi que algo se mexeu atrás da porta. Fui até lá e a abri. Não havia nada, mas algo me chamou atenção. Uma bola de cristal na mesa do meu pai, ela estava quebrada. Tinha certeza que eu a vi quebrando, só não me lembro quando.

Então, ouvi o sino da minha mãe. Parecia vir de fora. Fui até a casa no deque para ver o que era. A noite estava com o céu carregado e havia relâmpagos.

Eu tinha certeza, o barulho do sino vinha de dentro da casa. Subi os degraus, andei até a maçaneta e a abri com cuidado. Não vi nada de diferente, mas quando o sino tocou mais uma vez olhei para o lado e vi algo rastejando. Era minha mãe. Ela estava com a pele morta não parecia nem um pouco a mãe que conhecia.

Entrei em pânico. Gritava e chorava. Ela veio ao meu encontro. Cai debaixo da janela e ela chegou tão perto que dava para toca-la.

Assassina! - ela apontou na minha direção. - Assassina!

Então, ela desapareceu. Minha irmã entrou pela porta.

-Anna? O que faz aqui? - ela percebeu que eu estava em choque. - Vai ficar tudo bem calma.

-Era a mamãe.

-Quê?

-Eu a mamãe!

-Do que você está falando?

-Anna - Rachel estava me chamando de longe. - Anna!

-Ela está tentando me dizer alguma coisa.

-O quê?

-O incêndio não foi um acidente - apontei para a Rachel. - Foi ela.


O Mistério das Duas IrmãsOnde histórias criam vida. Descubra agora