Acordei no dia seguinte e fui direto à cozinha pregar o quadro negro, minha irmã já estava acordada e me ajudou.
-Devia usar um martelo maior da próxima vez - Rachel apareceu na porta da cozinha. Acho que ela viu o buraco que eu fiz na parede com o martelo.
-Desculpa.
-Achei maneiro - disse minha irmã.
-Ficou lindo - ela olhou para mim. - Sério, era tudo que a cozinha precisava.
-Não é? - minha irmã me olhou. - Fui.
-Tá - respondi.
-Anna lembra quando cheguei para cuidar da sua mãe? Quando eu entrei aqui a Piper estava naquela rebeldia de adolescente desrespeitando seu pai. Mas você era diferente. Tranquila, sabe? Educada. A mocinha comportada. Lembro que eu pensei: "Águas calmas escondem algo no fundo. Essa sim é a forte." - ela foi até o armário e pegou um copo - Quando eu tinha sua idade, eu tive que lidar com coisas duras, como você, e aprendi a ser forte. Uma garota para ninguém se meter. Estou tão feliz por ter você de volta. Espero que fique.
-Obrigada. Eu também espero - larguei o martelo encima da mesa e sai.
Eu e minha irmã resolvemos ir até o mar dar um mergulho.
-Você viu a cara dela? Foi como se você estivesse destruindo sua casa de bonecas - minha irmã riu.
-Eu estava martelando de olhos fechados.
-Incrível.
-É nosso quadro-negro. Devia ficar lá.
Fomos conversando até chegar a casa no deque. Vestimos roupas de banho e pulamos na água. Nadamos quase o dia todo e depois deitamos para pegar sol.
-Você acha que eu estou muito pálida? - perguntei.
-Sim, tá quase transparente, mas o seu futuro marido nem vai perceber - minha irmã disse. Levantei para ver quem era. O Daryl estava vindo de barco em nossa direção.
-Não, não me deixe aqui - falei quando a vi levantar.
-Pra que serve as irmãs?
Ela pulou na água e eu vesti minha blusa.
-Oi, Daryl.
-Oi - ele respondeu. - Com é que você tá?
-Bem.
-Anna, eu queria muito vir aqui te ver, mas não deixaram.
-Se tivesse cortado os pulsos. Teríamos sido colegas de quarto.
-Essa é minha Anna.
-Aquela noite na praia...
-Não, escuta. Eu estava nervoso também. E tinha bebido demais - ele interrompeu. - Eu fiquei preocupado com você. Até fui te procurar.
-Como assim?
-Eu segui você aquela noite, Anna. Eu estava aqui. Eu vi tudo.
-Tá meio atrasado, não acha Daryl? - Rachel falou. Ela estava logo atrás de nós - Obrigada. Tá tudo aqui.
-Certo - ele olhou para mim. - A gente se vê.
-Tchau - respondi.
Ajudei a Rachel a levar a comida para o deposito. Quando abri a porta vi o barril de combustível que era culpado pela morte da minha mãe. Fui até lá e dei uma bela olhada. Acho que aquela válvula era muito segura para vazar. Respirei fundo e sai de lá.
Horas depois, estávamos todos na sala assistindo TV e comendo pipoca. Não que aquilo seja agradável. Por que a Rachel estava lá.
-Seu agente ligou hoje - ela falou pro meu pai.
-Sério?
-Eu não sabia que ele alugava casa aqui.
-Nos últimos cinco anos. Ele gosta de fingir que pesca.
-Acho que ele está hospedado no The Book Review.
-Ah, é?
-É. Eu os convidei para jantar na sexta.
-Sério? - minha irmã me olhou com um olhar de chatice e eu o retribui.
-Convidei outras pessoas também - meu pai resmungou. - Por que não?
-Bem...
-Nunca convidamos ninguém para vir aqui. Vai ser divertido. Por favor
-Esta bem.
-Obrigada - então eles se beijam. Depois disso eu levantei para me deitar, não aguentaria ficar ali nem mais um segundo.
Antes de chegar à escada, olhei para o escritório do meu pai e vi que algo se mexeu atrás da porta. Fui até lá e a abri. Não havia nada, mas algo me chamou atenção. Uma bola de cristal na mesa do meu pai, ela estava quebrada. Tinha certeza que eu a vi quebrando, só não me lembro quando.
Então, ouvi o sino da minha mãe. Parecia vir de fora. Fui até a casa no deque para ver o que era. A noite estava com o céu carregado e havia relâmpagos.
Eu tinha certeza, o barulho do sino vinha de dentro da casa. Subi os degraus, andei até a maçaneta e a abri com cuidado. Não vi nada de diferente, mas quando o sino tocou mais uma vez olhei para o lado e vi algo rastejando. Era minha mãe. Ela estava com a pele morta não parecia nem um pouco a mãe que conhecia.
Entrei em pânico. Gritava e chorava. Ela veio ao meu encontro. Cai debaixo da janela e ela chegou tão perto que dava para toca-la.
Assassina! - ela apontou na minha direção. - Assassina!
Então, ela desapareceu. Minha irmã entrou pela porta.
-Anna? O que faz aqui? - ela percebeu que eu estava em choque. - Vai ficar tudo bem calma.
-Era a mamãe.
-Quê?
-Eu a mamãe!
-Do que você está falando?
-Anna - Rachel estava me chamando de longe. - Anna!
-Ela está tentando me dizer alguma coisa.
-O quê?
-O incêndio não foi um acidente - apontei para a Rachel. - Foi ela.
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O Mistério das Duas Irmãs
Mystère / ThrillerAnna, uma garota traumatizada por causa de um incêndio acidental que causou a morte de sua mãe, depois de algum tempo se tratando psicologicamente, a menina decide voltar para a casa e enfrentar os seus demônios, já que não lembra do que aconteceu n...