Vermelho

Capítulo 2

Quando o homem terminou de dizer seu nome, lembrei-me que o sobrenome do meu pai biológico era o mesmo, e que minha mãe havia me comentado de um irmão que eu não via há muitos anos. Mas seria muita coincidência ele aparecer agora?! Ah, já não sei de mais nada...

-Desculpe, acho que não ouvi direito... - E neste momento senti como se tudo girasse ao meu redor e como em filmes tudo foi escurecendo em câmera lenta, mas senti quando grandes mãos me seguravam e depois tudo ficou escuro.

Bip...

Bip...

Bip...

Este barulho não sai da minha cabeça e mesmo quando minha consciência vai voltando aos poucos senti como se tivessem muitas coisas girando em torno de mim. Assim que abro os olhos, vejo tudo branco e creme, automaticamente sei que estou no hospital, mas não consigo me lembrar de como fui para aqui.

-Ela está acordando... - Fala aquela voz sorridente que estava falando comigo antes de tudo acontecer no meu apartamento. Aos poucos minha memória vai voltando e consigo me lembrar de que estávamos nos apresentando e que ele disse que era meu irmão.

-O que eu estou fazendo aqui? - falei com a voz rouca, ainda confusa.

-Olá Ana, sei que você está confusa, mas quero muito te conhecer e te ajudar, não sabe por quantos anos te procurei pelo mundo... - Falou sorrindo

-Você disse que era meu irmão? Estava me procurando? Será que você pode me explicar?

-Meu nome é Dylan Lambert, sou filho de Franklin Lambert, nosso pai. Quando eu era pequeno e meus pais se separaram, meu pai se casou com sua mãe, mas a minha mãe não aceitou a separação e fomos morar em Londres, mas quando ela descobriu que a sua mãe estava grávida de você, resolveu que deveríamos voltar para a Geórgia e inventou uma gravidez falsa, mas o que ela não esperava era que meu pai realmente amava a sua mãe e não a deixou por isto, e quando você nasceu ela ficou ainda pior, começou a tentar fazer de tudo para que o nosso pai sofresse algum atentado para que ela pudesse ficar com a herança de nossos avós, e então veio o acidente e infelizmente nosso pai morreu, mas algum tempo depois minha mãe cometeu suicídio e fui obrigado a retornar à Londres para ficar com nossos avós. Sempre quis te conhecer, Ana. Mas depois da morte de nosso pai, perdemos o contato e só te vi apenas uma vez quando você estava saindo do hospital, nos braços de sua mãe ainda com apenas dois dias de vida e eu só tinha seis anos. Durante todos esses anos fiquei te procurando, pois sabia que havia trocado o sobrenome, e pode ter certeza que se nosso pai estaria vivo, nunca deixaria nos separar, você é muito parecida com ele, e senti muito a sua falta, por que mesmo de longe eu sempre te amei, minha querida irmã. - Disse Dylan sorrindo emocionado.

Sabe aquele momento em que a cabeça da gente fica completamente cheia de informação?! Pois é, não consigo entender o motivo de toda esta loucura, mas sinto algo muito forte em relação à Dylan e pelo que via as fotos de meu pai quando era mais novo sei que Dylan está falando a verdade.

-Não sei nem o que dizer, Dylan.

Neste momento Dylan me abraça e sinto todas as barreiras que construí para que me mante-se firme desabam transfigurando a Anastácia que estava escondida. Todas as barreiras que construí caem aqui mesmo, as cintadas, a rejeição, a saudade de Christian, o amor que ainda sinto por ele, a falta de meus pais e até mesmo amor por esta criatura que acabei de conhecer.

-Desculpe interromper o momento... - disse o médico entrando em meu quarto. - Anastácia Steele? Podemos conversar? Sou o Doutor Robert.

-Ah, claro doutor.

-Você chegou com desacordada ao pronto atendimento, pedi que realizassem alguns exames de rotina para que tentássemos encontrar a causa deste desmaio, os resultados já chegaram e tenho que lhe informar que a senhora esta grávida, mas o que me preocupa é a sua anemia severa. Mas precisamos realizar mais alguns exames para termos certeza da medicação e vitaminas que a senhora precisará tomar...

Ao ouvir aquelas palavras, senti como se chão se abrisse na minha frente, acho que não consigo pensar em mais nada da longa explicação do médico, sinto como se minha cabeça estivesse rodando novamente e encosto-me à maca para que possa raciocinar direito. Como assim grávida? Isto não pode estar acontecendo comigo, não agora que estou sozinha, não posso ter um filho de Christian!

-Acho que entendi errado? O que o senhor disse mesmo? - Perguntei ainda com esperanças que havia ouvido errado.

-A senhora está grávida de 4 semanas, mas apresenta um quadro de anemia severo, precisamos realizar mais exames para ter certeza das medicações que serão administradas, mas quero parabenizar os papais... - Disse o médico olhando para Dylan que ainda me abraçava. – Aconselho que inicie o pré-natal o mais rápido possível, para que possa iniciar o tratamento e as vitaminas.

-Aninha, então serei tio? - Disse Dylan sorrindo.

Comecei a chorar por tudo, pois não consigo acreditar no que está acontecendo comigo, não há palavras para acreditar que serei mãe de um filho de Christian. Meu Deus! Como ele irá reagir quando descobrir que será pai, tenho até medo da resposta, mas mesmo assim terei meu filho, fruto do amor que senti por aquele homem e darei todo o amor do mundo para ele.

Naquela noite no hospital, contei tudo à Dylan sobre minha relação com Cristian, sobre tudo que aconteceu nos últimos tempos em minha vida. Descobri também, como ele me encontrou, já que ele mora em Londres, mas foi simplesmente com uma foto minha e de Christian que saíram nos jornais mundiais. Não sei como explicar, esta noite com Dylan me fez perceber o quanto eu precisava dele na minha vida, meu irmão acabou sendo o alicerce para que eu conseguisse me reerguer, sei que sentirei muito a sua falta quando ele tiver que retornar para Londres.