O novo Fuhrer.

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Três anos haviam se passado desde todos os incidentes seguidos com a trama que teve início com os irmãos Elric, e Roy havia assumido o posto de Fuhrer a pouco mais de um ano, ainda se acostumando com a idéia de cuidar de todo Amestris, mesmo que fosse o que sempre desejou. Se achava que o que tinha antes era muito trabalho, agora estava pior. Suas palavras eram de extrema importância e algo dito ou feito errado poderia ser altamente comprometedor, além de que qualquer deslize poderia ser condenado. Isso tudo sem falar na maldita papelada, a bagunça que era o motivo das suas dores de cabeça. Por sorte, alguém estava lá para não deixá-lo chegar a loucura.

— Fuhrer Mustang, chegaram algumas cartas e documentos do Forte Briggs e-- - Riza já não precisava bater, trabalhavam sempre na mesma sala, então entrou abrindo lentamente a porta. Em geral era tranquilo, mas quando via a falta de organização na mesa de Roy sentia o sangue subir - não acreditava que ela realmente ainda precisava lhe dar broncas por isso, justo agora que era o Fuhrer. - O senhor nunca vai ser mais organizado que isso?!

— Pelo visto, é impossível. — Roy respondeu com um suspiro, mas não tirava os olhos dos papéis, fingindo arrumá-los. — Me dê essas cartas, eu vou guardar aqui para não esquecer.

— ... — Ela manteve-se em silêncio, se aproximando lentamente para entregar, mas sabia o que iria ouvir em seguida.

— Certo, é melhor manter com você. Eu vou perder no meio disso tudo. — Ele ergueu a mão, sinalizando para que ela deixasse para lá.

Riza abriu um sorriso discreto, até rir pelo nariz e se sentar na própria cadeira. Na outra mão, livre de carregar a papelada, a oficial trazia uma caneca com café. Bebericou e deixou de lado na mesa, dando uma olhada nos documentos enviados de Briggs, antes de guardá-los em uma gaveta específica.

— Tem tido notícias dos irmãos Elric? — Roy perguntou, dando uma pequena pausa para tomar o próprio café.

— Parece que Alphonse está em Xing novamente, estudando a waidanshu como o planejado. Ele disse que enviaria um relatório.

Roy escutava enquanto bebia o café, e virou o rosto para olhar Riza enquanto falava. Mirou os cabelos loiros da oficial, os quais estavam presos com a mesma presilha de sempre. Particularmente, ele os preferia soltos...mas era necessário, afinal, existiam formalidades.

— Edward continua viajando, buscando mais e mais conhecimento mesmo sem poder usar a alquimia... Eu não entendo de onde eles tiram tanta determinação. - Ela continuou e tomou um gole do café de novo, após um sorriso. Admirava aqueles rapazes, os quais viu crescer desde quando Edward mal tinha seus automails, vivendo em uma cadeira de rodas com Pinako, Winry e Al, até o fim de jornada, a qual acompanhou ao lado de Mustang.

Com o silêncio feito, Riza ergueu o rosto e mirou o Fuhrer, que desviou o olhar.

— O que foi?

— Dá pra perceber o orgulho quando fala daqueles pirralhos. — Ele sorriu, mas tinha parado de encará-la.

— Me deixa orgulhosa a maneira que conduziram tudo...mesmo depois do que passaram. E admita, você também gosta deles.

— Talvez. — Claro, ele nunca dava o braço a torcer. A relação do Mustang e, especialmente, Edward Elric, era estranha.

A partir daí, deixaram de conversa e continuaram seu trabalho. Aquela quantidade de papelada precisava ser organizada logo, senão não ia ser só o alquimista das chamas que enlouqueceria - mas seria o único a levar bronca, e a ex-tenente fazia questão de fazê-lo.

Mas as coisas estavam meio diferentes. Os velhos amigos e companheiros de trabalho se sentiam meio distantes um do outro, mesmo que isso não ficasse aparente ao restante, afinal, para os outros, aquele tipo de relação entre eles era completamente normal: sempre com respeito e a maior formalidade dentro das paredes das construções do governo.

Lógico, alguns faziam boatos pela curiosidade. Será que nunca tinha acontecido nada? Bem, eles não teriam uma resposta tão cedo.

No final daquele dia longo de trabalho, os dois acabaram ficando até um pouco mais tarde. A mesa de Mustang estava perfeitamente organizada - claro, estava na presença de "sua Rainha", a qual era quem realmente fazia as ordens - e eles tinham se acabado em canecas de café, que não foram suficientes, afinal, estavam exaustos. Ele se levantou, massageando a nuca.

— Acho que terminamos por hoje, oficial.

— Claro, senhor. - Respondeu, pegando o casaco do uniforme para vesti-lo de novo antes de sair. Suspirou, exausta.

Saíram pela porta então, caminhando pelos corredores.

— Hayate melhorou?

— Sim, senhor..não era nada. Deve ter comido alguma coisa que não devia enquanto eu estava fora...

— Que péssima mãe. — Ele brincou, querendo afastar a sensação estranha que o perseguia a uns dias.

— Muito engraçado..

Chegaram então ao lado de fora da enorme construção do governo, se despediram e cada um foi para um lado, mas Roy interceptou a oficial.

— Oficial. - Ele ditou. Nem ao menos tinha se virado, o fazendo enquanto dizia. Ela parou e o olhou, arqueando uma sobrancelha ao se virar. - Me diga..eu não tenho perguntado. Você...

Ela esperou.

— ...Tem passado bem? Não temos tido tempo para conversar.

— Você tem que se preocupar com um país agora, Fuhrer.

— Riza.. — Ele começou, encarando-a.

— Tenha uma boa noite. Amanhã conversamos. — Com isso, ela se virou de novo e seguiu para o próprio automóvel. Ele a olhou ir por um breve momento, até se virar e caminhar também. Cada um foi para sua residência, e Roy ainda sentia algo estranho, que já estava se tornando irritante.

Só não sabia que o mesmo acontecia com sua oficial.

A Chama Insaciável ( Royai )Onde histórias criam vida. Descubra agora