parte 1

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Arte da capa:

https://yourfaveisntcishet.tumblr.com/post/163463266688/boku-no-hero-academia-pride-icons-please-like


A capa teve que mudar, exigência do wattpad que disse q a capa anterior violava as regras.

Notas: Olá!!

Mais fic inspirada pela KiriBaku week, dessa vez o tema é chefe/assistente, escritório. Inspirada aqui:

https://www.facebook.com/HitooG/posts/662594563929954

O wattpad não deixou eu postar a oneshot completa pq eu escrevi algo bem curtinho... só 9k KKKKKKKK
Aí eu decidi partir bem muito a fic, com um pouco de ódio sim kkkkk mas vai ta tudo postado hoje mesmo, então relaxem.

Espero que gostem e perdão por quaisquer erros!

Kirishima respirou fundo mais uma vez. O cabelo curto e bagunçado não ficava no lugar, mas ele gostava da aparência. O binder novo apertava e era um tanto desconfortável, mas valeu a pena assim que ele se olhou no espelho e não viu o volume indesejado de seus seios. O terno não era nada chique, mas era o que ele podia comprar.

Eijirou se olhou no espelho e pela primeira vez em sua vida viu o homem com quem ele queria parecer.

Quando ele olhava no espelho, era sempre um homem que o olhava de volta. Mas nem todo mundo via isso. Houve uma época em que nem ele mesmo viu.

Mas hoje, ele chegava cada vez mais perto do homem com quem ele queria parecer, o homem que ele queria que as pessoas vissem.

Ele ainda tinha um longo caminho pela frente. Arrumou sua carteira, os olhos se fixando no nome "Kana Kirishima" no lugar que supostamente deveria ser seu nome. Mas aquele não era seu nome verdadeiro.

Seu nome é Eijirou Kirishima. Ele é um homem transgênero.

Já havia passado pelos passos mais cruciais na vida da maioria das pessoas trans: entender seu gênero, sua orientação sexual e sair do armário para sua família. Tendo duas mães lésbicas, Eijirou não teve muita dificuldade. Claro, elas não entendiam muito bem pessoas trans e ele passou um bom tempo sendo considerado uma sapatão masculina, mas essa era uma etapa superada de sua vida. Elas entendiam ele agora.

Como já havia passado o maior obstáculo, ele não via nada muito mais problemático a sua frente. Sua família o entendia, seus amigos o respeitavam. Ele estava feliz sendo chamado pelo seu nome e usando as roupas que bem entendia na frente deles.

Mas ele tinha um problema bem... problemático pela frente: seu emprego.

Ele tinha um bom emprego numa empresa voltada para o mercado financeiro, assistente do vice-diretor da empresa Endeavor. Eles dependiam da bolsa de valores, e como os negócios no país andavam muito bem, obrigado, ultimamente, ele havia recebido um aumento há dois meses que estava sendo muito bem utilizado. Ele pagava um bom plano de saúde para si mesmo e suas mães, que moravam em outra cidade, além do próprio aluguel e todas suas contas. Agora, ainda vinha as consultas com psicólogos e médicos para a transição e as injeções de testosterona. Ele ainda queria juntar para a sua mastectomia, procedimento para retirar ambas as mamas e que era bem caro.

Ou seja, ele precisava desse emprego e precisava do bom dinheiro, por mais que tivesse que sofrer um pouco nas mãos de Katsuki Bakugou. Não que ele se importasse de sofrer nas mãos dele, só o contexto que era diferente do que ele queria.

Katsuki Bakugou era o homem para quem trabalhava. Sério, estressado, dedicado, amava gritar, amava café, amava brigas, másculo, gostoso, lindo, loiro, com uma bunda que... Pera, talvez Eijirou tenha fugido um pouco do assunto.

Enfim, era um homem dedicado que fazia seu trabalho muito bem e era o vice-presidente apenas porque era uma empresa familiar e o dono, Enji Todoroki, passou a empresa para seu filho, Shoto Todoroki. Mas o próprio admitia sem medo que Katsuki era ainda mais importante para a empresa do que ele próprio e sempre o tratava como um igual. Havia um boato muito famoso na empresa envolvendo... a boa relação entre Shoto e Katsuki, mas esse era um assunto que, mesmo sabendo que não tinha chances, deixava Kirishima triste.

Talvez ele tivesse um crush no seu chefe. Nada muito sério. Só um crush.

E hoje ele iria tomar um passo muito importante, que talvez o tirasse de seu emprego e o privasse de observar a expressão carrancuda de Bakugou: iria sair do armário na empresa também. Claro, seus amigos Mina, Sero e Kaminari já sabiam sobre ele. Mas sair do armário pra todo mundo, até seu chefe, era complicado.

Ele podia perder muito, toda a estabilidade financeira que havia conquistado.

Mas Eijirou já lutava contra a disforia há muito tempo. Ele preferia perder o emprego do que perder sua sanidade em meio à depressão e a ansiedade, as quais ele estava finalmente superando e tinha certeza que se mostrar ao mundo como de fato era seria um passo importante para superar tudo isso.

Ele demorou a entender, mas havia finalmente enxergado que nada era mais importante do que ser quem ele era.

Assim, cortou o cabelo, comprou o melhor terno que podia sem mexer muito em suas economias, um bom sapato, colocou seu binder, lamentou que o packer ainda não tinha chegado, e saiu para ir trabalhar.

Pronto para ser demitido e ainda mais ansioso para mandar qualquer transfóbico tomar no meio do cu.

Nada valia mais do que ele mesmo.

Quando ele chegou ao trabalho, pensou que aquela já era a hora, mas Bakugou estava em uma séria reunião com Todoroki mostrando o desempenho daquele mês ao dono Enji Todoroki.

Ótimo, seu chefe sempre ficava muito estressado depois daquelas reuniões e eles demoravam horas.

Ele recebeu diversos olhares estranhos das pessoas da empresa quando chegou, mas Izuku, seu colega de trabalho e assistente de Shoto, apenas perguntou se ele havia mudado o estilo e Eijirou explicou sobre ser trans, então Izuku apenas perguntou seu nome e passou e se esforçar a tratá-lo com os pronomes e seu nome correto, se desculpando sempre que errava. Simples assim.

Então até agora, ele estava seguro. Ele saiu com Izuku para comprar os almoços preferidos de seus respectivos chefes, no restaurante próximo preferido deles. Fizeram o pedido por telefone, especificando para quem era para que fossem rápidos e buscaram eles mesmos, Izuku mais para fazer companhia a Eijirou, enquanto Eijirou tinha que ir pessoalmente se certificar de que a comida não chegaria "toda revirada", como Katsuki costumava reclamar.

Assim que chegaram de volta ao prédio, seus chefes estavam saindo da sala de reunião, Midoriya recebeu o aviso de Todoroki em seu celular e eles se apressaram para levar a comida.

Era agora. Eijirou tinha que sair do armário para seu chefe.

Felizmente, ele estava indo alimentá-lo com suas comidas preferidas, o almoço e a trufa de licor preferida de Katsuki em suas mãos. Além disso, ele ainda ia buscar um dos vinho da adega da empresa para ele. Se existia um deus no universo, Eijirou contava com a ajuda desse deus e torcia para que isso acalmasse os nervos de seu chefe.

Quando ele adentrou a sala Katsuki estava com os olhos abaixados, lendo alguns papéis de forma muito raivosa. Eijirou não falou nada e apenas ajeitou a comida e a sobremesa na mesa enorme de vidro, no canto oposto ao computador. Ele saiu logo em seguida para buscar a taça e o vinho, servindo da maneira como ele tinha aprendido nos tutoriais do youtube e colocando suavemente na mesa.

The Way You Look Tonight (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora