parte 4

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Nenhum dos dois lidou com as consequências na manhã seguinte. Ou na manhã depois dessa. Eijirou e Katsuki apenas deixaram os dias passarem sem trazer à tona o assunto do beijo em nenhuma conversa, por mais que tenham mantido o clima amigável da noite em que beberam juntos.

Katsuki estava confuso. Claro, sendo um homem gay ele não sentira atração por alguém que ele viu como mulher por anos, mas agora era diferente, ele sabia que quem o beijou foi um homem.

Ele já havia pensado antes o quanto Eijirou era adorável algumas vezes, como era prestativo, competente, esforçado, atencioso e bom em acalmá-lo. Mas como pensava se tratar de uma mulher até então, o sentimento não passava de profissional.

Agora, sabendo que estava enganado e a pessoa que trabalhava para si era um homem era diferente. Não que ele não pudesse manter o próprio pau dentro das calças só porque tinha um secretário, mas a questão aqui é que seu secretário o beijou. E ele retribuiu, por mais que tenha interrompido o beijo depois.

Não por arrependimento, mas porque não achava que seria uma boa ideia qualquer envolvimento com seu secretário. Não apenas do ponto de vista profissional, mas Eijirou parecia já estar vivendo problemas suficientes para adicionar Katsuki à lista.

Mas sua mente o enganava, trazendo pensamentos sobre o agora ruivo de volta à sua mente toda noite e toda manhã ao acordar. Talvez estivesse muito carente. Talvez os anos de fodas sem muito significado e nenhum envolvimento afetuoso estivessem mexendo com sua cabeça.

Como um idiota, mas desistindo por estar muito confuso, ele conversou com Todoroki. Estava até agora tentando entender por que, logo após ele explicar resumidamente o que estava acontecendo, seu "amigo" explicou que a empresa não proibia relações amorosas entre os subordinados e que ele mesmo apoiava.

Claro, se prestasse um pouco mais de atenção na demora que Izuku tomava para entregar simples relatórios e agendas ao chefe ele entenderia um pouco melhor, mas isso era outra história.

Agora, lá estava Bakugou esperando Kirishima entrar em sua sala após o chamar, se sentia convidando o outro para um encontro.

Mas não era isso. Definitivamente não era.

O ruivo abriu as portas pesadas de madeira com cuidado e adentrou o local com o sorriso brilhante e simpático de sempre, carregando um pequeno caderno em seus braços.

— Senhor Bakugou, precisa de alguma coisa?

Katsuki hesitou, um tanto nervoso.

Não era um encontro.

Katsuki pigarreou antes de falar:

— Bem, amanhã haverá uma importante festa de negócios, diversas pessoas da área reunidas no mesmo lugar pra usar drogas discretamente e assediar outras pessoas para depois colocar a culpa na bebida. É insuportável, mas eu tenho que ir, como o vice-presidente da empresa. O Shoto pensou em levar Midoriya para anotar coisas importantes, lembrá-lo dos detalhes chatos e tenho certeza que pra não morrer de tédio ali, e eu pensei que se você quiser poderia ir comigo. Pelos mesmissimos motivos, claro. Mas só se você quiser, claro, vai ser... chato.

Katsuki mordeu a parte interior de sua bochecha. Havia começado tão bem e o nervosismo tomou conta dele no fim. Só porque Kirishima ficava lindo num suéter vermelho bem costurado não quer dizer que ele tinha que ficar nervoso ao falar com ele. Ele era um chefe pedindo ao assistente para fazer um pouco de hora extra, apenas isso.

Eijirou sorriu um sorriso ainda mais cegante e respondeu:

— Claro, eu posso ir. Na verdade eu sabia que o Izuku ia e estava... imaginando que o senhor iria me chamar. Eu posso já usar as anotações dele pro senhor, os pontos importantes são os mesmos do senhor Todoroki, né? Com quem falar, com quem não falar, parceiros importantes da empresa e essas coisas, né? Ah, acho que seria bom anotar suas alergias e gosto, né? Ouvi dizer que é um banquete e não seria bom se o senhor comesse ou bebesse algo que o fizesse mal e o deixasse indisposto, né? Eu meio que já sei algumas coisas por pedir seu almoço, mas podemos repassar?

The Way You Look Tonight (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora