parte 3

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Mais algumas horas depois, Eijirou estava surpreso que seu chefe realmente não havia comprado roupas muito caras. Como um homem muito prático, ele de fato preferia roupas de qualidade a roupas caras, e sabia que nem sempre uma coisa era sinônimo da outra. Além disso eles não compraram apenas ternos, mas outras roupas confortáveis e adequadas para o ambiente de trabalho.

De fato, Eijirou gostava de saber que vestia boas roupas. Ele tinha um bom salário e bons amigos, mas isso não apaga o fato de que muitas pessoas naquele ambiente eram maldosas e estavam prontas para criticá-lo. As boas roupas seriam um motivo a menos para ser incomodado.

A única peça que ele se recusou a tirar foram suas crocs pretas. Suas crocs eram um pedaço de seu corpo e ninguém poderia tirá-las.

Ele não havia gastado muito, mesmo comprando roupas boas, além da sensação maravilhosa de estar na sessão masculina de roupas ao lado de seu chefe e poder entrar com ele no provador masculino, sem receber nenhum olhar estranho. Apenas os de Katsuki quando vestia algo que ele achava particularmente feio. Até ali o dia estava sendo bem melhor do que ele imaginou.

Depois das compras Katsuki o levou ao cabeleireiro. E disse ter se arrependido ao ver o resultado, dizendo que não havia melhorado muito. O homem, amigo de Bakugou, alegou que só fizera o que Eijirou pediu e o agora ruivo alegou que estava muito feliz com o penteado e a nova cor, então o loiro deixou passar, resmungando pouco.

Eijirou sabia que tinha um gosto pra moda que muitos achavam bem questionável. Mas ele se sentia confortável, então estava tudo bem.

Ele se sentiu maravilhado olhando o cabelo vermelho estilizado para cima com muito fixador de cabelo. Bakugou pareceu não saber dizer não ao ver o sorriso radiante de Eijirou.

Agora, eles estavam num bar do centro da cidade, comendo frituras que Eijirou nunca pensou que um dia tocariam os lábios de seu chefe, mas lá estava ele, colocando molho por cima daquilo tudo. Como o chefe prometeu pagar por toda a refeição ele não se fez de rogado e pediu bebidas que sempre quis provar e também aproveitou a comida nada saudável.

— Então, Eijirou, me fale de você.

— O que o sen - O que quer saber, Bakugou?

— Tudo. Quero que me distraia, lembra? Pode falar a história de toda a sua vida até eu esquecer a voz do Enji falando "Mas esses dados estão dispostos de maneira incorreta" — Bakugou imitou uma voz mais grossa do que a sua de maneira debochada, indignação escorrendo por sua fala.

Digamos que ele não era o melhor lidando com criticas de nenhum tipo. Ainda mais vindas daquele homem.

Eijirou riu e pensou por onde começar.

— Bem, eu cresci em outra cidade, mais pelo interior. Criado por duas mães. Foi uma infância feliz, só meio complicada. Eu gostava de brincar de casinha e de cozinhar, também gostava de carros e futebol. Com duas mães, isso não foi nenhum problema. Quando eu cresci eu não ligava pra usar batom, pra mim era mais uma brincadeira, como fingir ser astronauta, ou coisa do tipo. Minhas mães entenderam tudo e acharam que eu era só uma menina diferente e provavelmente lésbica também. O problema foi quando chegou a puberdade e meu corpo começou a me incomodar. Eu gostava da atenção dos meninos, mas eles não pareciam me ver como eu era. Eu tinha esse amigo gay, o Tomo, e ele sempre comentava como era mais fácil pra mim por ser menina e gostar de meninos, mas aquilo parecia meio errado. — Kirishima se interrompeu.

Talvez estivesse se expondo demais pro seu chefe. Talvez devesse deixar os assuntos sobre ser trans de lado. Já estava muito bom que ele respeitava seu nome e pronome, talvez discutir sobre isso causasse alguma briga.

The Way You Look Tonight (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora