Ted Bundy- Apaixonando-se por um assassino

Capítulo 2

ESTADO DE WASHINGTON
 

Tive que lidar com muita coisa desde que isso aconteceu. Houve vergonha, culpa, todo tipo de sentimento que não me fazia bem.
Mesmo quando ele estava na prisão, me escrevia muitas cartas falando sobre mim e minha filha, que fomos a melhor coisa que tinha acontecido com ele e que sentia falta disso por não estar livre. Ele sentia falta da nossa vida juntos.

CARTA DE TED
"Eu não trocaria de lugar com qualquer outro homem do mundo. Eu a considero um milagre na minha vida, e,  apesar do desastre que sofremos, eu não desejaria outra mulher em nenhum momento.
Minha querida Liz, você é a mulher mais carinhosa e encantadora que já conheci. Não paro de pensar em você. Eu te amo. Nenhuma palavra expressa adequadamente as dimensões de meus sentimentos. Vou amá-la para sempre nos meus sonhos. Vou amá-la a cada belo cabelo comprido que eu vir. Vou amá-la a cada céu limpo e azul. Vou amá-la até meu último suspiro. Sem despedidas, apenas te amo. Com amor, Ted."

SEATTLE 1969
CINCO ANOS ANTES DOS ASSASSINATOS

Viemos pela I-90, pelas montanhas. Tinha chovido e havia neblina no topo das árvores. Acabamos numa ponte flutuante que atravessava o lado Washington. Era simplesmente linda. E me deixou impressionada. Eu estava muito feliz em estar aqui. Eu pensei : "É aqui. Quero ficar neste lugar."
Eu era mãe solteira e estava me mudando de Utah para cá com minha filha Molly. Achei um lugar em Capitol Hill, que não era dos melhores na época. Era um apartamento de um quarto, minha filha dormia no sofá. Mas era perto de onde minha amiga morava, então me senti bem com a situação. Não havia muitas opções na época. Havia trabalho como professora, enfermeira e secretária. Achei que seria muito feliz trabalhando na Universidade de Washington, e eu sabia que poderia ser uma boa secretária. 
Na primeira entrevista que fui, me contrataram de cara. Pensei: "Que ótimo!"
Parecia que eu teria uma grande aventura.

Minha filha tinha apenas três anos quando comecei a trabalhar. Achei uma boa cheche para ela, mas era difícil deixá-lá de manhã. Então me deixavam trazer minha filha para o trabalho, e ela gostava de ficar lá tanto quanto eu.
Na infância em Utah, eu era a mais nova de quatro filhos. Não que eu fosse muito boa em ir a igreja Mórmon, mas era a cultura em Utah. Todos os vizinhos são mórmons. Tudo que acontece lá sofre influência da Igreja SUD. A esposa está lá para apoiar o marido e o trabalho importante dele. O trabalho mais importante de uma mulher é ser uma boa esposa e uma boa mãe.
Eu sempre via o casamento do meu pai e pensava: "Isso não é pra mim", porque meu pai era aquele que saía, ganhava o sustento e trazia dinheiro, e minha mãe cuidava da casa. E apesar de eu querer muito uma família, não me via tendo que pedir dinheiro. Então parecia que não havia um lugar para mim. Eu me sentia deslocada.
Sou tímida desde muito cedo. Passei dificuldade a vida toda. Quando eu conhecia gente nova ou passava por uma situação que fosse inédita, eu ficava sem saber o que falar e queria me esconder em um buraco. Acho que tinha muito a ver com autoestima.  Eu cresci pensando que havia algo de errado comigo. E não sabia o que era.
Na faculdade, passei por um recrutamento de sororidade e, no fim disso, não recebi oferta alguma, é assim que chamam. Fui dispensada. Apesar de eu achar que não quisesse fazer parte de uma sororidade, ainda assim, foi devastador porque parecia rejeição. Foi quando percebi que, se eu bebesse, ficaria muito mais divertida. Eu me sentia mais esperta, mais bonita, mais charmosa, mais divertida. A bebida virou um grande problema. Ela não ajudou a me tornar a pessoa que eu esperava ser. 

Eu me casei e tive uma filha quando ainda estava na faculdade. Meu marido era muito imaturo. Ele era um ano mais novo que eu e ia a muitas festas. O casamento não resistiu. Eu queria muito me casar e ter filhos. Achei que Seattle fosse o lugar em que eu me estabeleceria. Eu ia trabalhar lá até encontrar o cara certo.