Desculpas entaladas na garganta

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Polo estava saindo pelo portão do prédio quando ouviu alguém gritando seu nome.

— Ei Polo!

— Hm?

— Tudo bem se eu for ver a Vidya?

— Juntos?

Kali esfregou a nuca, meio envergonhado. E tentou se explicar:

— Eu quero falar com ela à sós. Tudo bem se eu for hoje? Eu libero a casa de noite pra vocês conversarem depois. Eu só preciso de umas horas com ela. Tem um bocado de coisas pra explicar pra ela, eu aproveito pra dar as notícias mais urgentes.

— Bom, tudo bem. Acho que é melhor eu não ir lá mesmo, tem alguma coisa que não quer que eu vá.

— Quê?

— Não, nada não. Vai lá.

***

Quando Kali virou a esquina na rua do prédio onde Vidya trabalhava ela já estava esperando do lado de fora

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Quando Kali virou a esquina na rua do prédio onde Vidya trabalhava ela já estava esperando do lado de fora. Sentada num dos bancos da praça seca do prédio.

— Ei!

— Você sabia que eu vinha?

— Esperava que viesse, era o mínimo que eu esperava de você.

Kali esfregou a nuca, rindo de nervoso. Vidya parecia calma, mas de um jeito que dava medo. Uma ventania estourando lentamente em tempestade. Ele sentou num banco da praça e começou a puxar de leve as peles soltas das cutículas da mão. Um claro sinal do seu nervosismo.

— Er....O trabalho foi bem hoje?

— Foi sim, o de sempre. Terminei uns artigos e atualizei umas notícias.

— Ah, que bom. Terminou o artigo de capa? Você comentou que ele era super importante.

— Entreguei, mas não sei se vai pra capa. A editora responsável leu as primeiras linhas com uma cara meio morna e me mandou de volta pra minha mesa. Acho que não vai rolar.

— Que pena, faz muitos meses que você estava esperando por essa brecha.

— é. Bem bosta. Mas fala, como foram as férias? Você voltou muito bem, tá até com um bronzeado. Cinco estrelas, amei.

— Eu arrumei um trabalho num restaurante local e fiquei lá. Foi bem bacana. A língua que foi difícil, mas realmente se parece um pouco com soleico, então eu peguei o jeito. A Tailândia tem realmente um bocado de coisas em comum com os Solares, as comidas, algumas tradições. Sua mãe tinha razão. Mas não é isso que eu vim falar, eu vim pedir desculpas....

Um longo suspiro e o desvio do olhar iniciaram o longo monólogo que estava matando Kali há anos por dentro.

— O Polo realmente veio aqui algumas vezes e eu não deixei ele ver você. Você chorou tanto quando ele não voltou e esperou por tanto tempo naquele dia da formatura que eu não queria que você voltasse a esperar por ele. Ele realmente perdeu a formatura, com isso eu não tenho nada a ver.

Eu era uma escolhidaOnde histórias criam vida. Descubra agora