Capítulo 2 - Lembranças

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Os personagens não me pertencem, e sim a Rumiko Takahashi! :)
Boa leitura!

Capítulo II – Lembranças

Kagome POV's

Depois que eles saíram daqui, eu não consegui tirar aqueles olhos da minha mente. Com certeza eram iguais aos do pesadelo da noite passada.

- Será que eu tive uma premonição? – enrolava uma mecha do meu cabelo com os dedos, me distraindo com as lembranças.

Balançou a cabeça em negativa.

- Não, sem chance... Isso somente é possível quando se é uma sacerdotisa... Minha avó era uma, porém... Minha mãe nunca foi e com certeza nunca quis ser... Afinal, tudo que se trata de youkais ou poderes espirituais são assuntos proibidos nessa casa... Acho que ela tem muito medo...

Eu estava tentando lembrar a ultima vez que falamos disso aqui, porém o papai ainda estava vivo.

~~
- Vovó, vovó! – Corri alegre até ela, e a abracei.
- O que foi meu amor? – Ela colhia umas ervas de sua plantação.
- Me ensina a fazer um remédio de ervas? – eu sorria – Papai está doente e queria levar para ele! Sei que posso curar ele! – eu estava determinada.

O que vi foi um olhar de piedade da minha avó. Seu semblante pareceu entristecer-se.

- Meu amor, seu pai... – suspirou – Ele...
- Ele vai ficar bom! Eu sei! – eu estava tão confiante... Eu não imaginava que meu pai estava tão doente na época. – A vovó é uma Sacerdotiza muito poderosa! Eu sei que a vovó pode me ensinar um remédio para curar o papai!
- Kagome... - Minha avó me abraçou e silenciosa deixou uma lágrima cair, ela sabia que meu pai já não aguentaria por mais tempo, porém, ela não me disse nada. - Kagome, meu anjo... Com o tempo você vai entender... Mas, nós Sacerdotisas não conseguimos fazer tudo quanto gostaríamos... Nossos poderes nesses tempos são limitados... Era muito diferente na época dos meus ancestrais... E isso já faz muito tempo... Mais de 4 gerações...
- Mas, vovó... – Na minha cabecinha de criança, não entendia as palavras da minha avó, porém seu semblante triste me deu uma noção do que estava por vir. – Tudo bem... – afundei meu rosto no colo de minha avó – Vou rezar para um dia ter tanto poder pra salvar todo mundo que precisar! Vou te encher de orgulho! – sorri de olhos fechados, tentando conter uma forte vontade de chorar... Eu queria parecer forte.

~~

Ao lembrar daquelas palavras de minha avó, senti uma pontada na minha cabeça.

- Ai! – "Que dor... Acho que estou cansada..."

Gritei na escadaria para o meu irmão descer logo. Era o momento dele cuidar da venda e eu tinha que preparar o almoço.

Coloquei a lenha e acendi o fogo. Coloquei a caldeira ao gancho e deixei que ela esquentasse.

- Preciso de umas cebolas... – Fui até a plantação que havia nos fundos de nossas terras, e apanhei as cebolas, também uns tomates e cenouras. – Acho que a mamãe gostaria de um pouco de carne também. – Peguei um pedaço que estava guardado ontem e estava com sal para conservar a carne. Bati a carne e a lavei, cortei em pedaços e comecei a cozinha-la. Logo adicionei o restante e comecei a cuidar para que ficasse do jeito que a mamãe gostava. – "Era assim que a vovó preparava..." – sorri pela lembrança.

A dor voltou a bater no topo da minha cabeça e tonteei.

- Filha? – minha mãe notou que fraquejei por instantes – Está se sentindo bem?
- Estou sim, mamãe... Acho que só estou cansada, minha cabeça dói.
- Deixe que eu cuide do almoço a partir de agora, vá se deitar e descanse até eu servir a mesa.
- Tudo bem mamãe, não é necessário... – pedi, ainda com dor.
- Tudo bem filha, pode ir deita-se. – Ela colocou a mão no meu rosto e sorriu levemente, porém parecia estar pensando em algo.
- Certo... Qualquer coisa me chame. – beijei seu rosto e fui ao meu quarto.

Enquanto subia as escadas algumas lembranças retornavam...

~~

Papai estava muito mal e minha mãe não saia de perto dele, fazia mais de duas horas que sua respiração mais parecia um gemido de dor. Eu tinha 6 anos na época e Souta era um bebê, mas eu tentava cuidar dele um pouco. Ao menos vigiar o seu sono para que mamãe pudesse cuidar um pouco do papai. Enquanto observava meu irmão dormindo, parei meu olhos na janela e vi minha avó em pé, com as mãos postas enquanto rezava. Parecia loucura, mas eu via uma luz azul clara pairando em cima da minha avó. Como se houvesse uma energia se concentrando em cima dela.

Eu continuava olhando para ela, entretida em suas ações, esperando o que poderia vir a acontecer.

Minha avó caiu de joelhos ao chão de repente, desmaiando em seguida. Toda a luz em volta dela se esvaiu e alguém apareceu ao fundo da paisagem, vestido com uma veste antiga. Seus cabelos negros e encaracolados escorriam pela frente de seu corpo.

Naquela altura, eu estava apavorada com o que via, porém não conseguia mover um dedo, sequer falar algo. Meu irmão continuava sonhando ali deitado sem nem imaginar o que acontecia, claro, por ser um bebêzinho.
O homem se aproximou e levantou minha avó pelos cabelos, ainda desmaiada, e golpeou-a no estômago, fazendo seu corpo sacudir. Coloquei as mãos na frente dos lábios para não gritar, ele machucou a vovó e eu não podia fazer nada, minhas pernas tremiam.

Ele soltou minha avó que caiu ao chão sem resposta ao ataque. Ela havia morrido?

- "Vovó!!!" – gritei mentalmente, pois dos meus lábios não saia som algum.

Poucos instantes depois, ouvi minha mãe gritar chorando do quarto do lado e Souta remexeu-se na cama, sem acordar. Consegui criar forças e caminhei devagar até a porta do quarto onde meus pais estavam.

- Meu amor... – Minha mãe chorava e olhava a mão do homem que há pouco atacara minha avó – Por favor, por que?

Ele ergueu meu pai pelo pescoço, ele já estava em seus últimos suspiros antes do homem chegar aqui.

- Nara... – Meu pai tentou falar algo – Poupe-os...
- Sua família está fadada a morrer Saito... – Disse o homem ao meu pai.

Tampei os olhos. Não queria ficar ali. Fugi descendo rápido a escadaria indo até o final de nossas terras e entrando na mata.

Antes de não escutar mais nada vindo daquele quarto, enquanto corria, ouvi minha mãe gritar por clemência, e uma mancha vermelha manchou a janela do quarto onde estavam.

- Preciso achar ajuda! - "Papai... Mamãe... Souta.... Perdão! Não sei se conseguirei achar ajuda!" – Quando pensei nisso, tropecei numa pedra e bati minha cabeça, desmaiando em seguida.

~~

Quando me dei conta, estava acordando.
- "Era mais um pesadelo?" – pensei.

Eu estava soando frio e senti um pano úmido dobrado sobre a minha testa.

- Kagome? – Meu irmão me olhou assustado. – Até que enfim acordou. Você estava delirando!
- "Então era um sonho..." – pensei – Souta... Estou bem... – disse ainda tonta. Tentei me levantar, e aos poucos sentei na beirada da cama – Onde está a mamãe?
- Foi preparar um remédio de ervas para você... – Sorriu levemente, parecendo muito preocupado comigo. – Mana... Enquanto dormia, você falava um nome sem parar... – Ele fez uma pausa e eu o olhei – Quem é Naraku?
- Como? – "Não me lembro desse nome no sonho..."
- Você falou: Pare, Naraku! – Ele disse preocupado.

Nisso entrou minha mãe no quarto, e empalidecida perguntou:

- Como você sabe esse nome, Kagome? Como você sabe do Naraku? – Seu olhar parecia ter puro pavor.
- Eu... Não sei quem é... – "Não estou entendendo... Por que eu disse esse nome?"

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Continua...

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