Leito dos Solitários Desatinados

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Sentado numa esquina de bar
Calado e suspenso no ar
Lá o amor pode ser e estar
Lá e em qualquer outro lugar

Mas por que não está aqui?
Por que passa longe de mim
Longe dos esquecidos,
E longe dos maltrapilhos

Olhos que passam por nós
Que nos julgam e nos deixam a sós
Com o silêncio de nossa própria voz

Sentado ao pé da cama
É o vazio
Mentindo para si mesmo
É o vazio
Chorando no espelho
É só o vazio

Na espreita, na penumbra
Nas ruas estreitas, na sombra
Fugindo de casa, dormindo ao relento
É o vento
É o vento

Mas por que não venta aqui?
Por que me olha assim
Com um olhar madrugada
Olhar de uma alma amada

É o amor
É fogo que arde sem se ver
Mas agora eu vi, eu vejo
O vazio do seu beijo
Não é amor, é vento

(Felipe Resende)

Pássaros da Polônia ou: Leito dos Solitários DesatinadosOnde histórias criam vida. Descubra agora