16_O seu pai?

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Já estávamos em agosto, ou seja, o frio havia ido embora e o calor de sempre já se instalava.

Me arrumei para mais um dia de aula e logo desci.

- Já tô aqui antes que grite. - Gabi falou levantando as mãos, descendo as escadas assim que eu ia chama-la pra irmos.

- Que milagre você não ter se atrasado hoje.

— Na verdade, é porque hoje minha sala vai fazer trote pela escola.

— Sabia que você não tinha acordado mais cedo só pra estudar. – A respondi rindo.

Como estávamos no terceiro médio, as turmas faziam trotes, entre outras brincadeiras ao longo do ano.

A minha turma tinha feito trote semana passada e pelo visto essa semana era a vez da turma da Gabi.

...

Chegamos na escola e assim que entrei no corredor da salas pude ver Gustavo conversando com o quarteto de longe.

Logo o mesmo se virou em minha direção e sorriu, me fazendo retribui-lo com um sorriso também.

Em seguida entrei na minha sala, vendo as meninas juntas no fundão e indo até onde elas estavam.

O professor rapidamente entrou e começou a dar aula.

Geografia, uma das matérias mais chatas que eu já vi, mas como era meu ano de vestibular eu tinha que prestar atenção.

...

O sinal tinha tocado para a hora do intervalo e eu decidi ficar na sala já que não estava me sentindo muito bem, avisei as meninas que ficaria por aqui e elas saíram.

Me sentei, peguei meus fones e meu celular, coloquei uma playlist no aleatório pra tocar e  deitei minha cabeça sobre a mesa.

Depois de alguns minutos, senti alguém me cutucar e levantei o rosto para ver quem era.

— As meninas me avisaram que você estava aqui, está tudo bem? – Gustavo perguntou com um semblante preocupado e eu apenas assenti.

— Só tô me sentindo um pouco tonta, mas já vai passar. – O avisei e ele se sentou na cadeira ao lado enquanto me observava. — Não vai sair pro intervalo?

— Vou ficar aqui e garantir que você está bem mesmo. – Respondeu pondo a carteira próxima a minha.

Encostei minha cabeça em seu ombro e ficamos ali daquele jeito por longos minutos.

...

As aulas haviam acabado e eu estava guardando minhas coisas na minha mochila.

A tontura de mais cedo já tinha passado e eu já estava me sentindo melhor.

— Isabela, preciso falar com você. – Alguém que eu não identifiquei quem seria me chamou.

Assim que olhei para a porta da sala vi ele.

Mas o que...?

— Estou tentando te ligar a dias, mas parece que você esqueceu que tem celular.

Senti minha visão ficar mais turva do que mais cedo e meu corpo começar a não reagir aos meus comandos.

Porque diabos ele estava aqui, ele nunca procurou saber de nós, mas que merda!

— Filha, está tudo bem?

— Não me chama de filha! – Exclamei apertando os olhos e os abrindo em seguida.

— O que você está sentindo? – Ele ignorou minha fala e se aproximou me fazendo dar alguns passos para trás automaticamente.

— Linda, você não vem..? – ouvi a voz de Gustavo perguntar. – O que foi? Quem é você?  – foram as últimas coisas que ouvi antes de sentir meu corpo ficar pesado e cair no chão.

...

Senti algo confortável em minhas costas e abri os olhos sentindo uma luz forte adentrar os mesmos.

— Olá senhorita, como está se sentindo? – uma mulher um pouco mais velha com roupa de enfermeira perguntou checando algo em uma prancheta.

— Bem...o que aconteceu?

— Você desmaiou, o médico vai passar aqui para te dar alta, não se preocupe. – Avisou. — Ah, tem algumas pessoas lá fora esperando por você. 

— Quem? – tentei levantar mas os aparelhos em meus braços me impossibilitaram.

— Além dos seus pais, sua irmã e um amigo estão aí. – Respondeu-me e eu assenti me deitando novamente e fechando os olhos.

Seus pais

Por muito tempo não ouvi essas palavras já que meu pai sumiu no mundo deixando minha irmã, minha mãe e eu para trás quando éramos mais novas.

O único meio de contato era por um celular, o que eu me recusava a aceitar.

Minha mãe e minha irmã entraram minutos depois para me ver e pude ver Gustavo adentrar a sala branca assim que elas saíram.

— Você está se sentindo bem, linda?  – Ele perguntou depois de se sentar na ponta da cama que eu estava e eu assenti.

— Acho que foi apenas minha pressão que baixou, aquele cara...

— O seu pai?

— É, tanto faz. Ele não tinha o direito de aparecer daquele jeito na minha escola, muito menos na minha vida. – Desabafei e ele veio em minha direção me abraçar.

— A Gabie meio que me contou o que ele fez com vocês, sinto muito.

— Tudo bem, faz tanto tempo que já não me importa mais.

— Ainda bem que tá tudo bem, sério. Quase desmaiei junto quando vi você desmaiando. – Falou me abraçando mais forte e eu ri.

— Bem a sua cara atrapalhar mais do que ajudar mesmo. – Falei brincando me aconchegando mais perto do seu pescoço e ouvi ele soltar uma risada.

— Que calúnia! –  Se afastou um pouco para me encarar e meu deu um selinho.

Ouvi o barulho da porta ser aberta e o que eu deduzir ser o medico entrar, ele veio em minha direção checar algo que eu não fazia a mínima ideia do que era e logo começou a falar.

— Senhorita Isabela você está bem, ótima. O que você teve hoje se deu a pressão baixa e ao nervosismo que passou, procure ficar mais calma pelos próximos dias. – Falou e eu assenti.

Só vou ficar calma quando aquele cara sumir da minha vista.

— Já pode ter alta. – Avisou por fim e saiu.

Gustavo me disse que tinha uma muda de roupas limpas no banheiro para que eu pudesse me trocar e ir pra casa e foi o que eu fiz.

Sai do quarto minutos depois e vi além da minha mãe e irmã, as meninas e os meninos nos esperando.

— Eu quase fui com Deus quando soube que você havia desmaiado, quer que sua amiga viva pouco tempo? — Joyce disse colocando uma das mãos na cintura e eu ri.

— Deixa de ser dramática. – Falei e foi a vez dela de rir e me dar um abraço, fazendo todos fazerem o mesmo num abraço enorme.

🦋 ••• Continua...

Tudo muito bom, tudo muito bem...

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