28_Carimbo personalizado.

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Isabela

Ouvi barulhos de carros e pessoas passando em corredores mas tudo ainda sim parecia silencioso.

Eu não conseguia me mexer por mais que tentasse e assim que ouvi uma voz tentei abrir os olhos, o que foi em vão porque tudo que conseguir fazer foi mexer o dedo da mão.

Após isso ouvi outras vozes distorcidas falando algo que eu não estava entendendo.

Me mantive consciente por longas horas sem saber direito o que estava acontecendo depois disso. Todas as lembranças pareciam borradas no meu cérebro e mesmo que eu tentasse, não conseguia raciocinar muito bem.

Senti alguém ou algo se aproximar ao meu lado e novamente tentei reagir de alguma maneira mas foi em vão novamente.

Algo tocou minha testa, algo quente e doce ao mesmo tempo e logo a sensação de calmaria me invadiu, uma grande vontade de chorar se instalou em meu peito porque eu conseguia sentir que era ele que estava ali.

As próximas palavras foram borradas mas eu consegui entender: - Volta pra mim. - um sussurro foi deixado em meu ouvido. E como eu queria voltar.

As lágrimas logo desceram pelo meu rosto freneticamente, eu só queria ver ele e saber que estava tudo bem.

Porque eu não consigo?

Gustavo

Lágrimas. Ela estava chorando. Lágrimas, meu deus, lágrimas.

Corri para fora do quarto chamando por algum médico ou enfermeiro.

Ela conseguiu me ouvir. - Pensei e logo sorri, ela ia voltar.

- O que aconteceu? - O doutor de plantão logo perguntou e eu o chamei para vê-la. - Meu deus, ela chorou?

- Isso é ruim?

- Isso é ótimo!, significa que está voltando a ter consciência e aos poucos logo acordará. - Respondeu e logo riscou algo em uma prancheta.

Senti alívio dentro de mim e voltei para perto dela enquanto ele examinava mais algumas coisas. Peguei sua mão e apertei.

- Vai ficar tudo bem, eu te amo. - Sussurrei novamente em seu ouvido do mesmo jeito que fiz antes e toquei nossas testas.

...

Já se passara das dezessete horas da tarde e eu continuava aqui com a esperança de que ela acordasse.

Logo tia Marcela entrou no quarto, era a hora que ela vinha depois de sair no almoço, ou seja, era a hora de eu ir embora.

Passei pela porta para ir mas ouvi um barulho de bip mais alto do que o comum. Voltei rapidamente para onde Isabela estava e notei os batimentos cardíacos mais acelerados do que o normal.

Será que ela conseguia sentir que estávamos aqui? Logo Gabie entrou pela porta falando com a mãe e os batimentos amenizaram ouvindo nós três conversarem.

— Vocês perceberam isso também ou foi só eu? – Perguntei.

— Eu também percebi. – Gabie disse e tia Marcela concordou.

Logo nós três nos aproximamos da cama e pudemos ver ela mexer os dedos das mãos mais uma vez.

— Filha? estamos aqui.

— Bela, acorda. – Gabie disse suavemente.

— Se você consegue nos ouvir aperta minha mão. – Falei e ela apertou me fazendo sorrir. — Não está conseguindo abrir os olhos? aperta minha mão duas vezes se não consegue. – Senti o aperto uma, duas vezes. – Está tudo bem, é normal, estamos aqui.

Logo o médico estava de volta e usando a mesma técnica de aperto de mãos ele fez algumas várias perguntas para ela. Era questão de alguns dias até ela acordar finalmente e tudo o que podíamos fazer agora era esperar.

Nesse um mês que havia passado eu mudei pra um apartamento sozinho com o dinheiro que eu tinha guardado e estava ainda aprendendo a cuidar de mim mesmo.

As aulas já tinham acabado e a faculdade iria começar dois meses depois. Alguns do grupo já tinham pegado os resultados das faculdades, como eu, mas outros não.

Decidi ficar mais algumas horas e oito horas resolvi ir embora, estava um caco.

Assim que cheguei no apartamento, tomei um banho e me deitei pra dormir, avisando o pessoal como a Isabela estava hoje.

...

Oi linda, falta pouco pra você voltar pra gente e agora estamos todos juntos aqui na sua casa fazendo cartinhas pra você ler quando acordar, literalmente todo mundo mesmo, até o seu pai enviou a dele e a do seu irmão. – Falei olhando pra câmera do celular e mostrando todo mundo fazendo o que eu estava dizendo.

Talvez tenha uma marca de lágrima na minha, mas finge que é um carimbo personalizado ? – Joyce disse e todo mundo desatou a rir.

— Carimbo personalizado amor? – Martin perguntou ainda rindo e ela assentiu dando de ombros.

— Mais respeito com o meu carimbo! – Ela o respondeu fazendo todo mundo voltar a rir.

— Vocês já acabaram? – Lua perguntou e eu assenti desligando a câmera e fechando minha carta, Felipe fez o mesmo com a dele e Anna e Pedro também.

Logo todo mundo estava colocando as cartas em uma caixa com um laço azul na cama dela.

Peguei o celular de volta e gravei nós a fechando e tiramos fotos pra lembrar do dia quando ela estivesse com a gente.

O quarto continuava o mesmo, até o cheiro dela continuava ali. Os porta-retratos com fotos nossas e com familiares agora tinham um gosto de saudade e os livros que na maioria das vezes estavam espalhados pela escrivaninha agora estavam organizados retinhos na prateleira que eles deviam ficar.

Gabie disse que a mãe limpava o quarto semanalmente ou quando sentia muita falta dela.

Soltei um suspiro observando o quarto uma última vez antes de sairmos, tínhamos que ir ver todos os detalhes da nossa formatura e eu só conseguia pensar o quanto queria ela aqui logo.

🦋 ••• Continua...


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