FIRST FALL

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South Broadway 8873, Los Angeles, Four leaf clover Cafeteria 17h:08m da tarde.

                ― 𝙲𝙰𝙼𝚉𝚉𝙸? Camila, não consigo te ouvir – Lauren chamou impacientemente, adotando um olhar confuso enquanto levava o smartphone do ouvido até seus olhos verdes apreensivos, devido à conversa que havia sido abruptamente interrompida por um único gritinho e chiados emitidos do outro lado da linha

Bastou olhar para ver que a chamada ainda exibia a contagem de minutos na tela, então ela colocou-o de volta em sua orelha. — Camila, fala alguma coisa, por favor... – ela pediu, mas não houve resposta, apenas o ruído de uma estrutura metálica desmoronando lentamente ao longe. — Merda!

Deixando os segundos rolarem, ela soltou um suspiro pesado, fungou o nariz côncavo e, largou brutalmente o aparelho branco com o rebuscado símbolo da empresa Apple sem qualquer delicadeza sobre o balcão, sua mandíbula apertando conforme o desconforto no peito aumentara.

Seu estabelecimento parecia mais uma livraria do que uma cafeteria. Maior na frente, com uma bela fachada, e completamente estreita em seu entorno. A cafeteria era retangular, deixando um espaço livre à esquerda para descanso dos carros, como uma garagem a céu aberto.

Os poucos raios de sol prestes a desaparecer no horizonte tocavam o vidro da vitrine, causando desconforto aos olhos de Lauren. A mesma se afastou do banco acolchoado da banqueta, os olhos verdes marejados e fundos, o rosto banhado em nervosismo. Agitou seu couro cabeludo com as unhas curtas, enchendo-se ainda mais de preocupação e impaciência.

Ouviu vozes ao longe e desviou o olhar das prateleiras para assistir ao noticiário na smart TV acoplada a um suporte articulado, ao mesmo tempo em que a voz do repórter narrava um vídeo amador gravado há pouco mais de uma hora e meia, de acordo com as informações fornecidas.

Nesse vídeo, houve primeiro uma trilha sonora de ruídos no fundo escuro, gritos agudos, tiros e vários pedidos de socorro. Em seguida, o cinegrafista mostrou um cenário aterrorizante em cores tão vivas e em alta resolução, que dava um certo desespero ao telespectador. Pessoas se contorcendo no chão em espasmos, era alguma doença estranha?, Lauren cogitou, pressionando os lábios nervosamente. A cada minuto que passava ela se sentia mais preocupada com Camila.

Lauren mal conseguia respirar por causa das cenas transmitidas, o pensamento e a chuva de terror passaram espontaneamente por sua mente, o movimento caótico no trânsito, havia pessoas com cortes profundos atacando outras, chegando até mesmo a arrancar membros daquelas que corriam desesperadamente, enquanto os policiais atiravam sem hesitação, talvez nem estivessem pensando com clareza.

Ninguém parecia interessado em conversar, eles estavam cedendo aos seus instintos primitivos. Uma multidão enfurecida destruindo tudo em seu caminho, era inacreditável, mas ao mesmo tempo parecia real.

De repente algumas coisas começaram a fazer mais sentido. Não era esse tipo notícia sangrenta que alguém esperava assistir no final da tarde, e poder sentir a sensação de ver de perto esse péssimo enredo de guerra civil, parecia ser verdadeiramente assustador para qualquer que estivesse presenciando fisicamente toda a cena angustiante. Procurando por qualquer coisa que pudessem usar para deter os enlouquecidos ou a polícia.

A transmissão daquele conteúdo foi interrompida quando algo ou alguém sobrevoou no cinegrafista e a câmera começou a gravar somente o chão e então um líquido vermelho escorreu pela lente da câmera, filmando uma poça de sangue.

O jornalista apareceu em sua bancada tão horrorizado quanto quem estava assistindo: ― ❝E essas foram as notícias. É extremamente perigoso deixar a segurança de sua residência, pedimos que não saiam para as ruas, tranquem portas e janelas e qualquer saída de ar. Fiquem atentos à programação normal, em breve voltaremos com mais informações. Mantenham-se seguros...❞

Finis Hominis, CONTAMINAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora