let's watch the sunset { renmin }

I

Naquela manhã de segunda-feira depois de ter um daqueles sonhos estranhos, desta vez em que fazia parte de uma espécie de grupo pop, ele abriu os olhos no susto. Ainda meio confuso olhou o relógio e deu um pulo da cama.

Jaemin vestiu uma roupa, pegou às pressas sua mochila e saiu todo atrapalhado de dentro do dormitório. "Não acredito que esses moleques que eu chamo de amigos deixaram eu me atrasar logo no primeiro dia de aula do terceiro semestre". Pensou o menino enquanto corria pelo corredor em direção ao estúdio de dança.

A única pausa que fez foi para comprar um copo de cappuccino na lanchonete do campus. Entre passos apressados e goles de café, ele estava pronto para começar mais um semestre de aulas na melhor academia de artes da França.

Nada discreto, colocou a mão na maçaneta e abriu a porta que bateu na parede fazendo um barulho alto. Todos os alunos olharam espantados para a cara dele, inclusive o professor Kai.

   — Eita, que isso Jaemin vai quebrar a porta garoto. Acordou com o pé virado? — Disse o professor soltando uma risada

Seguiu dando um sorriso envergonhado fechando agora calmamente a porta do estúdio, como se já não tivesse feito um escândalo antes, e sentou-se na cadeira ao lado do Winwin que riu da cara do menino.

   — Não me olha com essa cara não Nana, a gente bateu na sua porta trilhões de vezes, você que não escutou. E ainda soltei três berros pelas frestas da porta viu.

  — Pois é bonitão, seu saco de sono ambulante. — Ten que também riu com o Winwin.

— Beleza palhaços, não quero saber mas agora não contem comigo pra mais nada beleza? Sou rancoroso — Seguiu Jaemin que soltou um sorriso sarcástico, e depois caiu na risada junto com os meninos.

Kai pediu silêncio de todos, pois ele estava explicando o projeto que os alunos iam fazer durante o semestre. A Academia pensou em uma nova maneira de interação entre os alunos de diferentes cursos.

Esta proposta viria em algumas atividades curriculares a fim de desenvolver uma sensibilidade maior nos estudantes para com as outras diversas formas de arte que existiam no gigantesco campus da AAF (Academia de Artes da França).

  — Durante o semestre eu quero que vocês desenvolvam uma apresentação de dança contemporânea coreografada por vocês com uma música que tenha algum significado intimista — Explicava o professor animado.

Kai mal havia terminado de falar e o burburinho entre os alunos era enorme seguindo de várias mãos levantadas com dúvidas sobre tudo que ele havia falado.

  — Deixem eu terminar que já respondo a dúvida de todos!

A mente do Jaemin borbulhava pensando em todas as possibilidades de coreografias e músicas. A dança é a sua verdadeira paixão, foi o que sempre movimentou a vida dele, qualquer coisa relacionado à isso fazia sua pele arrepiar.

  — O curso escolhido para colaborar com o de vocês foi o de Pintura! Sintam-se livres para adotar a arte da pintura em qualquer aspecto da apresentação de vocês. O trabalho será feito em dupla com um aluno do outro curso.

  — Ah que bom ferrou, não conheço uma alma do curso de pintura —Falou Jaemin enquanto o professor caminhava entre as cadeiras para atender as dúvidas dos outros alunos.

O trio de amigos se olharam por alguns segundos com um semblante confuso, mas logo Winwin com a sua calmaria tentou despreocupar os meninos.

  — Vai dar tudo certo, eu confio. Vocês são meus dançarinos preferidos. — Sorriu se movimentando na cadeira.

Ten levantou e passou a mão na cabeça de Winwin bagunçando seu cabelo inteiro num ato de carinho. Em pé, parou na frente dos dois meninos e disse para os coreanos se tranquilizarem. Ele tinha vários amigos de Pintura.

Em seu tempo livre entre uma aula e outra ele se arriscava na carreira de pintor e ainda andava junto com o pessoal do curso.

  — Vou arranjar uma dupla pra vocês em dois palitos gente relaxa. Inclusive Jaemin, acho que já tenho um parceiro perfeito pra você... — Disse o projeto de pintor soltando uma piscada com o olho esquerdo.

  — Hm é mesmo? O que você está aprontando hein Ten? -— Jaemin coçou o queixo com o olhar desconfiado.

  — Nada poxa, só acho que vocês tem tudo a ver...