Ele estava em transe.
Por um momento parecia tudo um sonho. Quem ia o beliscar?
No dia que Jaemin recebeu a notícia sobre a doença ainda demorou para processar tudo.
Ele ia todos os dias visitar o garoto no hospital. Por mais que ele se coçasse para perguntar ao Renjun o motivo pelo qual ele não ficou sabendo disso antes, Jaemin preferiu respeitá-lo.
Renjun estava diferente. Aparência pálida, lábios secos, e um olhar distante. Nas idas do Jaemin ao hospital ele tentava ao máximo distrair o garoto. Ele tentava fazer com que voltassem à aqueles momentos especiais que eles viverem por esses meses, fazia o seu máximo para Renjun tentar esquecer por alguns momentos a dor no peito que sentia. E focar em Jaemin, apenas nele.
Nessa semana Jaemin também conheceu a família de Renjun. Uma péssima circunstância para conhecer os pais do menino que ele gostava, mas foi aí que a família do garoto percebeu quão bem Jaemin fazia a Renjun.
As enfermeiras comentavam pelos corredores que ouviam os meninos gargalharem de dentro do quarto. O hospital que era um lugar frio e sem vida, se preencheu com a alma dos dois garotos que caminhavam em sintonia, iluminando todo o espaço. Renjun até mostrou um quadro de melhora em um dia daquela semana.
~
Na noite de sexta feira, Jaemin estava fazendo companhia para Renjun, que estava fraco e pálido novamente. O olhar distante que antes havia sumido, voltou, e também se mostrava triste. Ele estava quieto observando o céu através da janela, enquanto Jaemin lia um livro.
— Nana, você sente raiva de mim? Eu queria ter te contado, juro que queria ter contado. — Disse Renjun com a voz trêmula e os olhos cheios de lágrimas.
— Lógico que não Junnie, eu não conseguiria ter raiva de você nem se eu quisesse! — Jaemin caminhou para perto da maca e sentou-se ao lado de Renjun segurando suas mãos geladas. — Eu confesso que tentei entender o motivo de você não ter me falado, mas tá tudo bem não se preocupa com isso tá bom?
— Eu não queria fazer você sofrer. Achei que esconder seria melhor. Nós estávamos vivendo momentos tão mágicos, eu não queria estragar tudo com a droga da minha doença.
– Olha aqui pra mim... — Jaemin fixou seus olhos nos de Renjun. — Eu preciso que você tente ser forte agora tá bom? Você tem uma doença sim, mas idai? Eu não ficaria bravo com você por isso. E lembra que eu te prometi naquele dia em tentar ser a sua engrenagem? Eu vou continuar tentando, eu sei que as coisas estão difíceis, mas eu vou segurar a sua mão até o seu último suspiro.
Eles apenas aproveitaram aquele silêncio juntos. Jaemin se deitou no canto da maca ao lado de Renjun, e passava as mãos sobre os cabelos macios do menino, que se esforçou para esticar as mãos fracas e segurar a de Jaemin.
Renjun não queria segurar nenhuma palavra agora. Virou-se para Jaemin que ainda segurava suas mãos, e disse com um tom de voz brando.
— A minha tela estava preta e branca. E tinham tantos buracos vazios que você nem imagina.
Mas você coloriu ela. Quando eu te vi pela primeira vez senti o meu coração explodir em diversas cores. Você preencheu a minha tela Jaemin. E por favor, me promete continuar preenchendo até ficarmos velhinhos? — Renjun suspirou fundo.
— Eu prometo.
~
No outro dia Jaemin estava mais motivado. Seus amigos já haviam ido ao hospital visitar Renjun. E agora o menino estava se aprontando para ir até lá também. Separou uma mochila com os materiais de pintura preferidos do Renjun. Os pincéis em ordem de tamanho como sempre arrumou, suas cores de tinta preferidas e uma pequena tela.
Jaemin sempre soube o quanto Renjun amava pintar e que era o seu meio de expressão mais poderoso. Sabia que o menino iria se sentir melhor assim que seus dedos se entrelaçassem no pincel e o encostasse na tela.
Ele chegou no hospital, e estava até com uma expressão leve em seu rosto. Jaemin caminhou pelo corredor e pegou os materiais para receber o Renjun de surpresa.
Mas o seu semblante mudou completamente quando viu a família do Renjun parada em frente ao quarto dele. O médico do menino estava olhando para baixo, enquanto a mãe se chorava quase que em desespero.
Jaemin já não enxergava nada, não ouvia nada.
Seu corpo começou a formigar e derrubou todos os pincéis no chão. Com uma vista embaçada avistou o pai do Renjun vindo em sua direção.
O homem transtornado deu um abraço apertado no Jaemin, que não conseguiu reagir.
"Renjun teve uma parada cardíaca ontem, ele não resistiu. Eu realmente sinto muito".
Essas palavras saíram da boca do médico, mas Jaemin ouviu o som da voz tão distante que as palavras se embaralhavam. As lágrimas começaram a cair lentamente. Ele começou a sentir o mundo ao seu redor parar. E uma luz dentro de si apagar.
Ele estava em transe.
Por um momento parecia tudo um sonho. Quem ia o beliscar?
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let's watch the sunset { renmin }
Romance{- Você é a obra de arte mais bonita que eu já vi...} Jaemin é um estudante de dança da Academia de Artes da França e em um projeto ele precisou se juntar com Renjun, estudante de pintura. Entre passos de dança e respingos de tinta...