V

173 31 5
                                    

—  Para de ser lerdo Junnie. Vem logo, quero te mostrar uma coisa. 

— Tô indo tô, indo. Mas nós não vamos avisar pros moleques que vamos nos atrasar? O Haechan tá esperando eu levar a bola. 

— Ih é verdade. Eles estavam esperando pra jogarmos basquete depois das reuniões né. Me diz o que você acha? Avisamos ou não? — Disse Jaemin soltando o seu sorriso  sarcástico.

— Hmm.. Não. — Disseram os meninos ao mesmo tempo, e depois rindo, saíram correndo pelo corredor que dava para a área externa no campus. 

  Na Academia era costume os alunos aproveitarem o tempo livre nos arredores do campus. O gramado verde era preenchido por diversos estudantes que  passavam horas por alí.

 Com o grupo dos dançarinos e pintores não era diferente. Haechan, Winwin, Ten e Doyoung já estavam entendendo o que estava acontecendo com Renjun e Jaemin, então nem se incomodavam mais quando os dois meninos não apareciam nos encontros que o grupo de amigos marcavam pelos arredores da universidade.   

 Afinal no primeiro dia de aula daquele semestre Doyoung fez questão de afirmar que a hora de Renjun se apaixonar chegaria algum dia. E talvez este "dia"  estivesse acontecendo naquele momento, bem debaixo de seu nariz. 

— Eu não aguento mais andar, você prometeu que era perto, Jaemin seu mentiroso. — Resmungou Renjun enquanto subia um monte no gramado que parecia nunca ter fim. 

— Para de ser fraco. Confia em mim, vale a pena. 

 Depois de tanto andarem, finalmente chegaram à uma elevação do campus. O gramado de lá era o mais verde, e as flores as mais vívidas. De um lado era possível enxergar a Academia de Artes inteira de cima. E do outro, a vista para um campo gigantesco. 

— Falei que ia valer a pena — Sorriu. 

— Caramba Nana seu forasteiro, como você descobriu esse lugar? Que coisa mais linda. 

— Forasteiro? Ó Deus o romance está morto. —  Disse Jaemin fazendo drama colocando a mão no peito, e concluindo em risada para os dois. 

  Jaemin tinha seus jeitos, e um dia por acaso descobriu aquele lugar. Então quando ele precisava ficar sozinho e pensar sobre a vida, subia até aquele morro no fundo do campus da universidade. Aquele era o seu lugar. 

 Eles sentaram na grama e observaram os alunos lá de cima, que de longe mais pareciam formigas. E começaram a refletir sobre a vida deles lá na Academia. 

— Sabe, às vezes parece que eu nem estou aqui. Olha essa academia! Parece tanto que é um sonho. — Refletia Renjun — Quem sou eu pra estar aqui. 

— Você é apenas o pintor mais talentoso daqui né besta. -— Jaemin brincou com o menino, o dando um empurrãozinho que fez ele soltar um riso tímido. Mas logo ficou sério e começou a refletir também. 

— Eu sempre paro para pensar nisso Junnie. Foi tão complicado a decisão de vir pra cá. Largar a minha família na Coréia, e vir viver o meu sonho. Sempre penso se fiz a coisa certa. — Jaemin olhou para baixo pegando um galho e rabiscou num pedaço de terra. 

— Sim! Minha família ficou tão feliz por mim, mas eu sei que no fundo ficaram muito preocupados, afinal é outro país né.  — Renjun com as mãos sobre o joelho observava o horizonte.  

— Exatamente! Mas acho que estamos seguindo o nosso coração. É uma oportunidade única na vida estarmos aqui, isso que importa né? Estamos construindo nosso futuro. — Afirmou Jaemin. 

 "Futuro". Repetiu Renjun em seus pensamentos, e começou a ficar mais quieto do que o normal, com um semblante triste. Depois de alguns segundos falou em um  tom de voz baixo. 

— Nana às vezes eu me sinto tão sozinho. Sabe, me sinto sufocado? Como se eu estivesse preso nas situações, e elas nunca fossem acabar. 

— Como assim Junnie? —  Jaemin respondeu preocupado, largou o graveto e voltou a atenção ao menino.  

— As vezes é como se o meu coração parasse de funcionar um pouco a cada dia, Como se os meus pulmões pararem de se encher de ar, e que eu precisasse de uma engrenagem para continuar vivendo.

 O clima começou a pesar, Renjun parecia ter algo a dizer, mas não conseguia soltar. Alguma coisa o prendia. Talvez esta "coisa" fosse ele mesmo.

— Renjun, olha pra mim. — Disse Jaemin segurando nas duas mãos do outro garoto. Você está aqui certo? Você está vivo, o seu coração está batendo, o seu nariz está sendo inteiramente preenchido pelo ar. Você não está sozinho, estou aqui ao seu lado sempre tá bom? Sempre que você precisar eu serei a sua engrenagem para te relembrar como é bom estar vivo... e você está vivo!

 Até que aquele clima pesado começou a se desfazer no ar, e sem nem perceber Renjun soltou as palavras. 

— Eu gosto de você Jaemin. — Olhou para baixo. —  Eu não sei bem explicar como você me faz sentir. Você apenas me faz sentir vivo. É com você que eu quero estar. 

 Os raios de luz laranja do pôr do sol iluminaram os olhos castanhos de Renjun, que havia movido o rosto para observar o horizonte. Jaemin encostou na face do menino e a virou. 

— Você é a obra de arte mais bonita que eu já vi.  — Afastou os cabelos louros do rosto de Renjun  e o deu um beijo. 

 Aquele beijo sincero fez com que eles sentissem o mundo ao redor mais devagar. Não era mais possível ouvir barulho nenhum. Apenas o som das batidas do coração dos meninos que tropeçavam, mas entravam em sintonia, como uma música. 

  O encontro dos lábios dos meninos os fizeram viajarem no tempo, como se fosse o primeiro beijo de uma pessoa. Depois de alguns segundos eles afastaram um pouco os corpos e apreciaram cada detalhe do rosto um do outro. 

 Aquele momento no gramado do campus os fizeram sentir algo que não haviam experimentado. Algo que antes estavam tentando compreender, mas que naquele momento entenderam por completo. Talvez o nome disso seria  amor. 

 — É… Eu gosto de você Renjun. 

let's watch the sunset  { renmin }Onde histórias criam vida. Descubra agora