IX

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Jaemin sumiu por alguns dias das aulas.

 A sua ficha ainda não tinha caído. Cada vez que lembrava daquelas palavras do médico o seu coração  apertava.

 Ele perdeu uma parte da sua vida.   Em sua cabeça os momentos que viveu com Renjun passavam como um filme. E sentia que tudo aquilo não tinha acontecido. Como se ele tivesse acordado de um longo sonho, e depois levado  um choque de realidade. 

 Agora  faltava apenas um dia para a apresentação.

 Jaemin ficou todos os dias de seu luto trancado em seu dormitório. Os amigos o confortaram quando ele voltou do hospital naquele dia.
Por mais que fosse um momento extremamente difícil para todos ali, a avalanche bateu muito mais forte no Jaemin, e o arrastou por um caminho duro de sofrimento. 

 Todos os dias Winwin ia até o quarto do menino para checar como ele estava e oferecer algum tipo de apoio. Nem que este fosse só sentar ao lado do amigo para ouvir o seu choro. 

 Mas naquele dia em específico ele percebeu que Jaemin já não estava deitado, como nos outros. Quando Winwin entrou no quarto viu que ele estava sentado na cama. E parecia mexer dentro da mochila que levou para o hospital naquele dia.

— Nana… tá tudo bem irmão? Você precisa de alguma coisa? —  Perguntou Winwin preocupado. 

— Sim, tá tudo bem... acho. Eu comecei a refletir. Lembrei da apresentação. Uns dias atrás eu já tinha me decidido que nem ferrando ia apresentar. Mas acho que eu mudei de ideia. 

— Você tem certeza? O professor Kai te liberou Nana, não é melhor deixar assim? 

— Sabe Winwin… Esses últimos dias foram sombrios pra mim. Eu ainda não sei bem o que pensar ou que sentir, ainda parece que ele vai aparecer ali naquela porta me chamando para dar uma volta pelo campus. — Enquanto falava isso Jaemin lutava contra as lágrimas que queriam descer. 

— Mas o que nos juntou em primeiro lugar foi esse maldito projeto. Se não fosse por ele, se não fosse essa conexão que nós criamos através das nossas artes, a gente não teria vivido nem metade do que vivemos. Foi intenso, e foi verdadeiro. Eu não tive nem a chance de mostrar a minha coreografia pro Junnie, então acho que estou devendo isso pra ele. Então só decidi que eu vou apresentar.
E muito obrigado por tudo! É importante te ter ao meu lado.  — Assentiu Jaemin, que depois recebeu um abraço do amigo. 

 ~

O dia da apresentação chegou. 

 Jaemin acordou e colocou os pés no chão, sentindo cada parte do carpete encostando em sua pele. Respirou fundo e teve certeza do que estava fazendo. 

 Retirou a sua camiseta e se olhou por alguns segundos no espelho. Abriu a mochila que estava guardada em um canto do dormitório e pegou os pincéis e tintas. 

 Jaemin mergulhou o pincel na tinta e sentiu-o gelado em sua pele. Começou a traçar levemente em seu corpo em movimento de zig-zag, lembrando das técnicas que Renjun o ensinou.

Ele se emocionou algumas vezes durante o processo. Era inevitável não recorrer à lembrança daquele dia. Deitados nos jornais amassados do estúdio colorido, olhando um para o outro. Quando decidiram qual pintura iriam fazer. 

 Ele terminou de se pintar e vestiu-se com uma espécie de roupão. Os amigos o esperavam do lado de fora do dormitório. Estavam todos lá para dar apoio ao Jaemin. Ten estendeu a mão ao menino, e todos juntos caminharam pelos corredores. 

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  As apresentações aconteciam uma por uma. 

 Jaemin fora o último a se prontificar para iniciar o seu trabalho. Os alunos pareciam um pouco chocados de ver Jaemin lá. Mas o professor Kai juntamente com o professor Suho, olhou para ele, assentiu com um sorriso e o permitiu começar. 

Jaemin irou o roupão relevando o seu corpo, e respirou fundo fechando as mãos em um punho.

A primeira nota da música soou, e Jaemin começou a dançar.

Ele havia falado ao Renjun que quando ele dançava, sentia cada músculo de seu corpo, e como se estivesse fora dele. Desta vez não fora diferente. Mas Jaemin sentiu cada movimento três vezes mais intensos. 

  Ele flutuava pelo estúdio, expressando a melancolia e tristeza, que estavam guardadas nele por dias, através daquela dança. A cada passo era possível enxergar um pouco do Jaemin e um pouco de Renjun. Principalmente através da pintura no corpo.

  Linhas coloridas que se entrelaçam por toda a barriga e costas dele. As linhas se cruzavam, mas todas se conectavam no tórax do menino, onde tinha o desenho de um coração humano. 

 Eles pensaram nisso juntos. Era uma obra deles. Uma obra que os representava mais do que qualquer coisa. Renjun e Jaemin se conectaram através da paixão pela arte, e em emaranhados de linhas coloridas o coração deles se colidiram em um só quando se conheceram. 

  A apresentação terminou com a respiração pesada de Jaemin. Aquela dança e toda a sua representação emocionou a todos que estavam no estúdio naquele momento.

Jaemin sentia seus membros doerem de tanta força e emoção que colocou em cada passo. 

  Mais tarde naquele dia ele se sentiu realizado, com sensação de dever cumprido. E depois de um tempo sentiu a sua mente mais leve. Ele nunca iria esquecer do Renjun. Tudo o que eles viveram foi intenso e o fez sentir coisas que ele nem sabia que era possível.

 Jaemin voltou ao seu dormitório e tomou um banho quente, observando o líquido colorido das tintas saírem de seu corpo. Vestiu uma calça e um moletom amarelo. Aquele que pertencia ao Renjun. O menino o deu depois de saber que Jaemin gostava tanto daquela blusa. 

 Abaixou-se e olhou por debaixo de sua cama. Esticou os braços e puxou uma caixinha. Era uma caixinha de fotos.

 Jaemin caminhou carregando consigo a caixa pela Academia e foi sozinho até o morro dos fundos do gramado do campus. O lugar deles. 

 Sentou-se na grama úmida, e começou a perceber que os primeiros raios de sol laranja estavam aparecendo. 

 Abriu a caixinha e deu de cara com algumas fotos amassadas que tirou do Renjun. Aquelas que ele tirava como passamento. Observou todas por alguns instantes e depois as espalhou sob a grama. 

Então por fim, disse com um sorriso emocionado no rosto

    Vamos assistir o nosso último pôr do sol juntos. 

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let's watch the sunset  { renmin }Onde histórias criam vida. Descubra agora