Jaemin sumiu por alguns dias das aulas.
A sua ficha ainda não tinha caído. Cada vez que lembrava daquelas palavras do médico o seu coração apertava.
Ele perdeu uma parte da sua vida. Em sua cabeça os momentos que viveu com Renjun passavam como um filme. E sentia que tudo aquilo não tinha acontecido. Como se ele tivesse acordado de um longo sonho, e depois levado um choque de realidade.
Agora faltava apenas um dia para a apresentação.
Jaemin ficou todos os dias de seu luto trancado em seu dormitório. Os amigos o confortaram quando ele voltou do hospital naquele dia.
Por mais que fosse um momento extremamente difícil para todos ali, a avalanche bateu muito mais forte no Jaemin, e o arrastou por um caminho duro de sofrimento.Todos os dias Winwin ia até o quarto do menino para checar como ele estava e oferecer algum tipo de apoio. Nem que este fosse só sentar ao lado do amigo para ouvir o seu choro.
Mas naquele dia em específico ele percebeu que Jaemin já não estava deitado, como nos outros. Quando Winwin entrou no quarto viu que ele estava sentado na cama. E parecia mexer dentro da mochila que levou para o hospital naquele dia.
— Nana… tá tudo bem irmão? Você precisa de alguma coisa? — Perguntou Winwin preocupado.
— Sim, tá tudo bem... acho. Eu comecei a refletir. Lembrei da apresentação. Uns dias atrás eu já tinha me decidido que nem ferrando ia apresentar. Mas acho que eu mudei de ideia.
— Você tem certeza? O professor Kai te liberou Nana, não é melhor deixar assim?
— Sabe Winwin… Esses últimos dias foram sombrios pra mim. Eu ainda não sei bem o que pensar ou que sentir, ainda parece que ele vai aparecer ali naquela porta me chamando para dar uma volta pelo campus. — Enquanto falava isso Jaemin lutava contra as lágrimas que queriam descer.
— Mas o que nos juntou em primeiro lugar foi esse maldito projeto. Se não fosse por ele, se não fosse essa conexão que nós criamos através das nossas artes, a gente não teria vivido nem metade do que vivemos. Foi intenso, e foi verdadeiro. Eu não tive nem a chance de mostrar a minha coreografia pro Junnie, então acho que estou devendo isso pra ele. Então só decidi que eu vou apresentar.
E muito obrigado por tudo! É importante te ter ao meu lado. — Assentiu Jaemin, que depois recebeu um abraço do amigo.~
O dia da apresentação chegou.
Jaemin acordou e colocou os pés no chão, sentindo cada parte do carpete encostando em sua pele. Respirou fundo e teve certeza do que estava fazendo.
Retirou a sua camiseta e se olhou por alguns segundos no espelho. Abriu a mochila que estava guardada em um canto do dormitório e pegou os pincéis e tintas.
Jaemin mergulhou o pincel na tinta e sentiu-o gelado em sua pele. Começou a traçar levemente em seu corpo em movimento de zig-zag, lembrando das técnicas que Renjun o ensinou.
Ele se emocionou algumas vezes durante o processo. Era inevitável não recorrer à lembrança daquele dia. Deitados nos jornais amassados do estúdio colorido, olhando um para o outro. Quando decidiram qual pintura iriam fazer.
Ele terminou de se pintar e vestiu-se com uma espécie de roupão. Os amigos o esperavam do lado de fora do dormitório. Estavam todos lá para dar apoio ao Jaemin. Ten estendeu a mão ao menino, e todos juntos caminharam pelos corredores.
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As apresentações aconteciam uma por uma.Jaemin fora o último a se prontificar para iniciar o seu trabalho. Os alunos pareciam um pouco chocados de ver Jaemin lá. Mas o professor Kai juntamente com o professor Suho, olhou para ele, assentiu com um sorriso e o permitiu começar.
Jaemin irou o roupão relevando o seu corpo, e respirou fundo fechando as mãos em um punho.
A primeira nota da música soou, e Jaemin começou a dançar.
Ele havia falado ao Renjun que quando ele dançava, sentia cada músculo de seu corpo, e como se estivesse fora dele. Desta vez não fora diferente. Mas Jaemin sentiu cada movimento três vezes mais intensos.
Ele flutuava pelo estúdio, expressando a melancolia e tristeza, que estavam guardadas nele por dias, através daquela dança. A cada passo era possível enxergar um pouco do Jaemin e um pouco de Renjun. Principalmente através da pintura no corpo.
Linhas coloridas que se entrelaçam por toda a barriga e costas dele. As linhas se cruzavam, mas todas se conectavam no tórax do menino, onde tinha o desenho de um coração humano.
Eles pensaram nisso juntos. Era uma obra deles. Uma obra que os representava mais do que qualquer coisa. Renjun e Jaemin se conectaram através da paixão pela arte, e em emaranhados de linhas coloridas o coração deles se colidiram em um só quando se conheceram.
A apresentação terminou com a respiração pesada de Jaemin. Aquela dança e toda a sua representação emocionou a todos que estavam no estúdio naquele momento.
Jaemin sentia seus membros doerem de tanta força e emoção que colocou em cada passo.
Mais tarde naquele dia ele se sentiu realizado, com sensação de dever cumprido. E depois de um tempo sentiu a sua mente mais leve. Ele nunca iria esquecer do Renjun. Tudo o que eles viveram foi intenso e o fez sentir coisas que ele nem sabia que era possível.
Jaemin voltou ao seu dormitório e tomou um banho quente, observando o líquido colorido das tintas saírem de seu corpo. Vestiu uma calça e um moletom amarelo. Aquele que pertencia ao Renjun. O menino o deu depois de saber que Jaemin gostava tanto daquela blusa.
Abaixou-se e olhou por debaixo de sua cama. Esticou os braços e puxou uma caixinha. Era uma caixinha de fotos.
Jaemin caminhou carregando consigo a caixa pela Academia e foi sozinho até o morro dos fundos do gramado do campus. O lugar deles.
Sentou-se na grama úmida, e começou a perceber que os primeiros raios de sol laranja estavam aparecendo.
Abriu a caixinha e deu de cara com algumas fotos amassadas que tirou do Renjun. Aquelas que ele tirava como passamento. Observou todas por alguns instantes e depois as espalhou sob a grama.
Então por fim, disse com um sorriso emocionado no rosto
— Vamos assistir o nosso último pôr do sol juntos.
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let's watch the sunset { renmin }
Romance{- Você é a obra de arte mais bonita que eu já vi...} Jaemin é um estudante de dança da Academia de Artes da França e em um projeto ele precisou se juntar com Renjun, estudante de pintura. Entre passos de dança e respingos de tinta...