capítulo 6 ~ dias imprevisíveis

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Timothy me direcionou a uma das salas no fim do corredor onde uma senhora gentil aguardava algum caso de emergência, um livro de capa dura e roxa prendia a atenção da senhora.eu tentei ler o título mas ela o guardou na gaveta da mesa antes que eu tivesse a oportunidade.

- Bom dia! Senhorita Kepler! A luz do sol está clareando com maestria seu lindo tom de pele! - Timmy disse em um grito. levei um susto e espero que ele não tenha notado minha cara de espanto.
- Meu Deus Timmy! Não são nem 10 da manhã e você já quebrou alguma coisa? - ele fez um olhar magoado como se as palavras da enfermeira tivesse o atingido.

- como ousa me injuriar em frente de uma dama?? Você é a propria maldade que carrega as tranças de cobras como a medusa e.... - a senhorita Kepler cerrou os olhos e ele estremeceu com a reação
- dessa vez foi só a testa! Eu juro nada de ossos fraturados - os dois gargalharam e eu sentir o suspiro de alívio do garoto.
eu esperavam atendimento enquanto meus joelhos latejavam , extremeci com as dores mais agudas.
- ah! Eu trouxe uma amiga aqui, A conhecida mais desconhecida que eu conheço para apresentar a senhorita e talvez tomarmos café e ler uns livros de romance roubados da sala dos professores que você deixa em cima da sua mesa....
- cala boca garoto! Ignore querida eu sou Gina kepler e você pode me chamar como quiser. E Você jurou que guardaria segredo e silêncio se não eu deixo sua testa marcada com um livro do outro lado.
- brincadeira Gina!! Eu confio na dama dos joelhos vermelhos.
eu ficava envergonhada a cada comentário do garoto.
- Óh! venha querida sente-se aqui deixa eu ver o estrago, você está me atrapalhando timothy. deixa eu adivinhar, esse desastrado te acertou com alguma coisa? - timmy a interrompeu
- Me respeite oras, a culpa não foi minha, não dessa vez, espera... a culpa foi minha sim é que sou irresistível.
minha cara atordoada o encarava de olhos cerrados, pela primeira vez eu o olhava e observava cada centímetro do seu rosto e como ele era diferente... a luz de qualquer lugar deixava as maçãs do rosto bonita e reluzentes, os olhos que diminuia a cada sorriso , dois pares azuis como um dia bonito de sol . Era extrovertido o suficiente para me deixar sem saber o que falar. Decidir me fazer de tonta e não notar as vezes que eu tinha que socializar falando alguma coisa. timothy ria e conversava com a enfermeira. Eu me encantava com a maneira como eles se comunicavam, deixava a visita a enfermaria inédita e divertida.

- Mas o que aconteceu querida? prefiro ouvir sua versão do que a desse exibido. E percebi agora que eu não sei seu nome.- fiquei em silêncio, eu não sabia o que responder primeiro e acho que timmy notou o meu desespero
-É kira... senhorita Gina... kira não sei o quê, me arrisco dizer que é uma menina bem impactante. - timmy respondeu ironicamente no meu lugar.
- que nome adorável pequena, não fique envergonhada, saiba que ganhaste uma amiga para qualquer coisa, seja para acidentes , ou para ler alguns livros pegados da sala dos professores por período indeterminado.
- eu balancei a cabeça em sinal de positivo e com um olhar de gratidão. era uma pessoa confiável e carinhosa como uma mãe, que deixou meus joelhos devidamente cuidados.

A senhora Gina ofereceu uma visita a sala dos achados e perdidos para trocar a calça ensanguentada e como eu poderia recusar? Eu já havia feito tudo de mais inédito em um primeiro dia conturbado. Pegar roupas de desconhecido, porquê não?
Timmy aguardou na enfermaria a nossa volta. A sala ficava do lado da enfermaria e rapidamente chegamos no pequeno cômodo.
- Aqui fica algumas roupas que foram perdidas e não procuradas, por que ainda estão aqui...Procure algo que lhe agrade - disse a senhorita Kepler. - começei a observar a estante bem organizada com as roupas, que diferente do que eu imaginava tinha um cheiro bom de roupas lavadas.

Na minha exploração, me encantei por um jeans escuro com flores bordadas no bolso traseiro.
- senhorita kepler, isso não é roubo?
- QUE VOZ adorável! Pensei que fosse surda.- era a primeira vez que eu usava as palavras para senhorita kepler que ficou feliz e eufórica com minhas curtas palavras. Eu sorrir amigável e confusa com o jeito animado da enfermeira que completou :
- Quando algo é perdido e não é procurado, perde também o brilho. Pode ser simples ou grande, mas perde o sentido. se você não se importa com algo ao ponto de ser substituível, você não merece mais possuí, mesmo que seja seu e acho que se essa calça falasse diria que a antiga dona é uma traidora sem coração, ela está aqui faz um tempo. - ela pegou e colocou o jeans em minhas mãos - Se chegarem a reclamar mande resolver o conflito comigo ou mostre o dedo do meio - novamente eu sorrir com as palavras acolhedoras e ousadas da senhorita Kepler.

Não parecia que a dificuldade de sorrir existia com a presença de senhorita Kepler. Em pouco tempo eu já tinha assunto interessante para falar por horas e mesmo que eu não fosse ousada o suficiente para mostrar o dedo do meio, eu ouvia suas palavras e conselhos. Eu tinha uma nova amiga e muito carinho por Gina.

Eu descobrir onde ficava um dos banheiros daquele lugar, vestir a calça jeans com cuidado por conta dos joelhos e era uma peça de jeans amável.

Quando voltei para a enfermaria. Minha mochila estava encostada em um dos assentos, o que foi um alívio não precisar voltar e encarar a turma.

- minha nossa! Ficou melhor do que eu imaginava, tá machucando seu joelho querida? como diria minha mãe o difunto era perfeito! - eu rir com o comentário da senhorita Kepler.
- não estar machucando os joelhos, eles estão bem muito obrigada - meu sorriso bobo que já magoava minhas bochechas não aguentava mais tanta novidade e o jeans combinava perfeitamente com a blusa vermelha que eu vestia por debaixo do macacão.
- ficou legal moça atingida. - eu não notei que ele ainda estava sentado em uma das cadeiras da enfermaria, ele estava com o roxo da testa com um curativo bem colocado.

- tome seu macacão, guarde na sua mochila, é a prova do crime de Timmy e volte para me explicar o que aconteceu outro dia - kepler riu
- É....sim! Guarde as provas do crime kira e espere meus 18 anos, eu levo a Gina como cúmplice, não posso viver sem meu oxigênio de todos os dias, obs: nos sábados e domingos eu não respiro e assim eu sobrevivo um dia na prisão, sabe como é...
O sorriso de kepler e timmy eram facilmente arrancados.
-deixe de drama timothy ! - disse a senhorita Kepler - Timmy riu novamente.

Agradeci a senhorita Kepler que me ofereceu uma saída para casa.
Declaração assinada que eu não poderia recusar " ordens médicas " e como eu estava feliz por não ter que voltar a sala e encarar a turma. Sair pelo corredor em direção a secretaria para a liberação. Não sei como Timothy encontrou minha mochila, mas misteriosamente ela estava me aguardando.
Eu ignorava cada brincadeira feita por ele, acho que pessoas extrovertidas são assim,
Não posso julga-lo. Com tanta coisa nova , todo o desepero da sala tinha ganhado uma proporção menor. Uma nova amiga, um garoto estranho, até os joelhos ralados me distraíram dos momentos obscuros e inexplicáveis.
eu sabia que não poderia mais ignorar aquilo novamente. Eu tenho que procurar espostas para seguir em frente. ou perde-las e esquece-las para não ter importância.

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