Quem sabe.

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Mal te vi entrar pela porta da sala,

quando vi, você já estava no sofá com seu pijama largado,

com sua música agitada, seus filmes e uma pipoca ao lado,

antes que eu pudesse dizer: "o que você ta fazendo aqui?",

olhei pro seus lábios e soube que o amor estava ali, sorri.


Não lembro do nosso primeiro beijo,

e talvez por este fato há possibilidades de que ele não tenha existido,

mas lembro o momento em que ativei melhor os meus sentidos,

ouvindo sua voz pelo corredor e o seu cheiro quando passava por perto,

se apossou das minhas horas livres sem que eu soubesse se isso era certo.


Mas há tantas incertezas sobre o que é certo,

e falharei em discutir moral e filosofia nesse campo irracional da paixão,

que me leva à contramão e só para na fração em que durmo até sonhar,

ao ver o fogo cintilar, se juntando ao brilho dos seus olhos tão profundos,

me faz querer viver em um mundo onde o tempo não possa nos alcançar.


Pois tenho medo que saia do jeito que entrou,

pelo ar, sorrateiramente beijando minha testa antes de se exilar,

deixando em mim tudo que foi seu, sem você pra me ensinar a usar,

talvez eu aprenda, ou viva a implorar a sua volta ajoelhado na cama,

e quem sabe, eu reconheça sua voz pelo corredor enquanto me chama.


Quem sabe.


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