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2016 -durante o assalto a Casa da Moeda-

Chego em casa exausta do dia esgotante de trabalho. Sinto que estou mais pesada a cada dia, e meus pés cada vez mais inchados e penosos refletem isso perfeitamente.
Entro no apartamento e logo noto German sentado no sofá, com a Tv ligada em um dos canais fechados que ele assinou recentemente. Tiro meus fones de ouvido e o cumprimento com um aceno.
Insatisfeito com meu cumprimento evasivo, meu marido se aproxima e me beija:
-Como foi o dia? -ele beija a minha testa e toca suavemente a minha barriga. Por mais que não fale muito, eu sei como o German se preocupa muito com o filho-
-Eu estou bem.
-E o Pedro? Muito agitado? -German se senta no sofá em um gesto ágil, e em seguida me convida para sentar no seu colo. Aceito sem excitar. Seu gesto é meramente carinhoso-
-Sim. Ele deve ser assim mesmo -meu tom de voz soa calmo e sereno, como se eu estivesse chapada ou com consciência leve. Não é exatamente nenhum dos dois casos. Eu estou apenas exausta e vulnerável. Nunca havia me sentido tão exaurida antes-
-E a Casa da Moeda? -eu observo German. Seu rosto ainda carrega traços joviais, mas a testa enrugada e suas olheiras flácidas entregam seus 39 anos. Seus olhos verdes me observam curiosos a espera de uma resposta-
-Só falam disso. Eu poderia estar lá, na frente desse caso histórico -sinto uma pontada de arrependimento por não ter aceitado a proposta. Pedro chuta na minha barriga e eu sorrio, lembrando o porque de eu ter recusado o trabalho-
-A Rachel quem ficou com o caso, né? -German que pergunta-
-Sim. Ela teve sorte. A Murillo não está à altura desse assalto.
-E você está?
-Claro -eu respondo confiante- porque eu sei que isso é muito mais que um assalto. É uma resistência. Tem ideais. Eles não estão lá só pelo dinheiro. Aquela merda tá cheia de simbologias, medos, traumas e mágoas. Se eu estivesse lá tocaria exatamente nesse ponto -eu suspiro-
-Você é a pessoa mais inteligente que eu conheço -German me lança um olhar apaixonado, o mesmo que lançou no dia do nosso casamento e no dia em que nos conhecemos, 20 anos atrás. O mesmo que lança para mim todos os dias. Eu sorrio com as lembranças alegres e o beijo- e a mais sexy também.
-Adoraria transar com você, mas baleias e seres humanos não podem ter relações sexuais, sabia? -eu ironizo meu estado- se bem que eu estou mais para uma vaca. Olha o tamanho dos meus peitos.
-Como médico acho melhor eu examiná-los, querida -German se aproxima a e tira minha blusa, relevando meu recém comprado sutiã G, enquanto nos beijamos intensamente. Todo o meu cansaço desaparece e é substituído por uma excitação insaciável-

Plano Paris *finalizada* 2020Onde histórias criam vida. Descubra agora