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Sorrio ao ver Marsella do outro lado da porta. Nos braços, o italiano pseudo assaltante segura uma garrafa de vinho  Malbec e um pacote de pães. Ele sorri ao me ver e fala:
-Muito cedo?
-Sim -eu bocejo- são 7:00 da manhã.
-Achei que você passasse a noite acordada com a María.
-Ela dorme a noite toda desde os dois meses -eu afirmo em um tom desolado e decepcionado, por mais que isso seja o desejo da maioria das mães. Antes eu tinha pelo menos uma desculpa para passar as noites em claro, penso- quer entrar? -ele assente e adentra minha casa em passos largos- Marsella -ele se vira para mim- o que você quer?
-Como assim? -ele me questiona-
-Nós não somos amigos. Nós nos encontramos em uma situação conturbada e 6 meses depois você aparece na minha porta falando que gosta de mim? -eu soo confusa- obrigada pelo vinho -eu pego a garrafa da sua mão e levo até a cozinha. Marsella me segue com seu olhar perdido- e pode falar para o Professor que eu estou bem. Foi ele que te mandou, não é?
-Não -Marsella nega com a cabeça- eu gosto de você.
-Olha, Marsella -eu me aproximo. Meu peito encosta no dele- eu não preciso ser salva -eu rio- muito menos por um homem. O único que precisa ser salvo aqui é você -eu aponto para seu rosto que me observa pálido e desnorteado- considerando que está se baseando em conceitos tão machistas como se uma mulher precisasse ser salva por um homem. Você não é a solução dos meus problemas, querido -eu toco o rosto de Marsella. Sua barba por fazer arranha minha mão- só vá embora. E não volte -eu me afasto e abro a porta. Marsella não se move-
-Porque você não me dá uma chance?
-Chance para o que? -uma onda de raiva toda conta do meu corpo. Sinto minhas veias saltarem- só vai embora.

De cabeça baixa e em passos lentos, Marsella deixa minha casa. Admito que a ideia de ter alguém como esse italiano me agrada. Ele é uma boa companhia, um homem sensível e interessante -como o German- mas faz parte da trupe do Professor, e eu não posso confiar em nenhum dos seus comparsas. Não posso continuar espelhando o German em todos os homens que conheço. Ele não vai voltar.

Quatro dias se passaram desde a visita surpresa e mal sucedida do Marsella. Nada mudou desde então.
No segundo andar da casa, eu e minha filha brincamos em seu quarto. Sentadas no carpete, ela brinca com as peças coloridas e eu a observo encantada. O som da campainha se difunde pela casa. Com a María no colo, eu desço as escadas e atendo a porta hesitante.
-Oi -Marsella me cumprimenta do outro lado da porta-
-O que você faz aqui?
-O mesmo que eu vim fazer a alguns dias atrás. Só que dessa vez com coragem -eu assinto para que ele prossiga- você quer sair em um encontro comigo? -eu engulo em seco. Sim, o Marsella é uma boa companhia e a María pode ficar com a Joana, nossa empregada por algumas horas. Não, não quero me apegar a ninguém. Se quiser sexo, eu vou à procura de sexo, não de um namorado- ok -respondo entre os meus pensamentos confusos. Eu irei me arrepender disso, penso. Marsella sorri e nós marcamos um encontro em 3 dias-

Plano Paris *finalizada* 2020Onde histórias criam vida. Descubra agora