Chegada ao hotel- parte 1

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Pov. Gabriel

Quando a lista de convocados para a copa saiu, meu coração pareceu errar a batida. Emocionado! Era assim que eu estava.
Participar desses jogos e ajudar meu país a conquistar um grande título sempre foi meu sonho.
Mas além de jogar na seleção, eu precisava espairecer, pensar em muitas coisas que vem acontecendo em minha vida.
É nítida minha frustação, minha ansiedade, meu medo! Todos sabiam da péssima atuação que estava tendo na temporada.
Minha vida parou de ser a mesma depois que mudei de time, sai de casa e ainda tem a Camila, ela partiu meu coração em milhares de pedaços.
De fato, fui muito imaturo em pensar que no final, seríamos o casal perfeito. Ela sempre deixou claro que não queria nada sério comigo e mesmo assim insisti.
Depois dessa etapa fumegante, a alguns meses minha mãe recebeu um diagnóstico de câncer e estava se tratando.
Estou fazendo o melhor que eu posso. A coloquei no melhor hospital do país, não deixo lhe faltar nada, porém, ainda assim, me culpo.
Tudo isso aconteceu de uma vez e daí em diante não fui mais o mesmo Gabriel sorridente e brincalhão de sempre.
Meu coração está tão aflito e amedrontado. Doeu muito o que minha ex fez comigo, tanto que não sei descrever, mas o que eu jamais saberia lidar seria em perder minha mãe.
Ela sempre foi tudo pra mim e se não fosse por suas lutas eu não estaria onde estou, claro que isso não importa, mesmo que eu não tivesse me tornado o jogador que sou hoje sentiria a mesma dor.
Isso está roubando meu sono, minha sanidade.
Talvez não foi uma boa ter vindo pra cá, não quero decepcionar mais ninguém e creio que meu rendimento não está lá muito bom.
Sai de meus devaneios quando avistei o enorme hotel onde ficaríamos hospedados durante a copa.
Era um lugar bonito e me parecia extremamente elegante. Fui até a atendente, peguei minhas malas e segui até o quarto onde eu ficaria.
Estive tão disperso que ao menos vi quem seria meu colega de quarto. Bom, não importa muito. Sou amigo de todos e tudo que quero é esfriar um pouco a cabeça.
Usei o cartão de acesso e abri a porta a minha frente.
Pelo visto o outro jogador ainda não chegou. Escolhi minha cama e deixei as malas em um canto. Peguei o telefone e prontamente liguei para minha mãe.

"Que bom que ligou querido!"
"A senhora está bem?"
"Estou sim... os médicos falaram que eu vou ficar boa, não se preocupe!"
"A senhora me deu um susto!"
"Eu sei, mas já estou melhor. Agora você tem que se preparar para seus jogos e vê lá em... Vou te dar um belo puxão de orelha se não voltar a ser o Gabriel Jesus de sempre!"
"Mandona como sempre em?"
"Descanse querido! Como foi de viagem?"
"Acabei de chegar."
"Então aproveite para por a cabeça no lugar"
"Te amo mãe"
"Também te amo querido!"

Joguei o celular em um canto qualquer e resolvi tomar um banho. Peguei uma roupa confortável e a deixei em cima da cama.
Entrei no pequeno cômodo e me despi.
Aproveitei a sensação de paz que aquilo me trazia e nem percebi quando comecei a chorar.
Passei mais tempo que o esperado no local. Só sai de meus pensamentos quando ouvi a voz de alguém perguntado se eu estou bem.
Não respondi nada, apenas coloquei uma toalha na cintura e sai de lá. E aqueles olhos foram o suficiente para me tirar da realidade.

- Você está bem? - Roberto Firmino me perguntou em um tom preocupado.
- Estou, foi só...
- Gabriel você está com os olhos vermelhos, acho que bem seria a última coisa que estaria nesse momento!
- Eu só...

O jeito preocupado como ele me olhou e falou comigo me fez desabar novamente. Prontamente fui acolhido com um abraço.

- Fica calmo... eu estou aqui... - Não consegui falar nada e simplesmente deixei toda minha dor sair junto às lágrimas. Suas mãos acariciava minhas costas e paravam um pouco nos cabelos, fazendo um belo cafuné. - Calminha...

Aos poucos minha respiração foi melhorando e as últimas lágrimas que escorriam de meus olhos foram limpas pelos dedos de Firmino.

- O que houve com você?
- Acho que estava muito aflito... obrigada por isso!
- Não foi nada Gabis, conta comigo sempre tá?
- Obrigada... - Baixei o olhar e percebi que ainda estava de toalha, resolvi me separar do abraço e vestir minhas roupas. Fiz isso na frente do Beto mesmo, afinal, não estava com a cabeça muito boa pra pensar em outra forma.

- Bom, também vou tomar um banho...
- Tudo bem...

O vi pegando algumas roupas e uma toalha e entrando no banheiro. Minutos depois o mesmo saiu vestindo apenas um shortes.
Sem querer, acabei olhando por tempo demais para ele. Não dei tanta importância e apenas virei o olhar para outra direção.

- Quer conversar?
- Tudo bem... - Lhe contei tudo que estava acontecido nesses últimos meses e o mesmo apenas ouvia. - E foi isso...
- Nossa cara! Tenho certeza que sua mãe vai ficar melhor. Minha tia também teve câncer e está curada...
- Ela vai ficar sim...
- Mas esse lance da Camila... bom, não sou bom com relacionamentos. Me divorciei a poucos dias e depois desse casamento não sei se ainda vou encontrar alguém que realmente me ame.
- Você vai sim...
- Você também vai! Sabe, eu sempre sonhei ter filhos e morar em uma casa enorme para poder brincar o dia inteiro com eles, mas acho que ser mãe não estavam nos planos da Carol...
- Eu também sonheo em ser pai, mas a Camila não era muito a favor de meus planos!
- Você ainda é novo Gabis, ainda tem tempo pra encontrar alguém legal. Já eu, sou um pouco mais vivido e não queria ter filhos aos quarenta...
- Devem existir várias mulheres na sua cola, você é um partidão!
- Mas não acho que alguma me interesse!
- Nossa! Bem exigente em?
- Um pouco... - Eu ri... - só um pouco vai...
- Tudo bem então...
- Vamos dormir?
- Acho melhor né?
- Posso dormir com você... - o olhei apreensivo...- não precisa de não quiser, só queria um pouco de companhia...
- Claro que pode... Eu também preciso de companhia...
- Boa noite Gabis...
- Boa noite Bobby...
- Lembrou do meu apelido foi?
- Foi! Não éramos tão próximos mas sou bem observador ...
- Bom saber...
- Por que?
- Nada...

Players (Jirmino)Onde histórias criam vida. Descubra agora