Players (Jirmino)

Sem o hexa

Final da copa...

Pov. Firmino

Era nítida a decepção de todos naquele campo. Havíamos perdido o tão sonhado hexa e ainda por cima sabíamos que os únicos culpados éramos nós.
Acabei saindo do campo sem falar com ninguém. Eu estava chateado, triste e com um pouco de raiva.
Se eu não tivesse errado tantos passes ou se tivesse chutado um pouco mais pra direita tudo seria diferente, o jogo seria diferente.
Chorei, como a tempos não chorava. Joguei fora toda minha dor, mas logo todo o vazio que havia se instalado em mim mudou quando senti minha cabeça deitando no peito de Gabriel.
Acabei sendo egoísta o suficiente pra pensar apenas na minha dor. Sai do campo sem ir ver como ele estava.

- A culpa foi minha, se eu...
- Shi... - Ele colocou um dedo delicadamente em minha boca e ficamos em um total silêncio, tendo o espaço entre nós preenchido apenas pelo som de nosso choro. - Eu sei que você está triste mas a culpa não foi sua...
- Eu te amo... - aproximei meus lábios dos seus e deixei um leve selar.
- Eu também!

Sentir aquela dor e tristeza era inevitável, eu não era o único. Toda uma população estava aos prantos, a seleção tinha suas confianças e acabamos perdendo-a, assim como o jogo.
Mas não importava, uma hora teríamos que voltar a realidade e deveríamos encarar os fatos. E eu tinha toda a força que precisava ao meu lado.
Gabriel sempre esteve comigo, durante todo o tempo. Me ouviu, aconselhou e eu fiz o mesmo com ele. Depois da minha crise de ciúmes e o pedido de namoro, aproveitamos para contar para algumas pessoas sobre nosso relacionamento.
Neymar, Coutinho, Marcelo, Alisson, Thiago e Arthur eram os únicos que sabiam.
Nosso plano seria contar para todos quando ganhassemos a copa, porém, não deu tão certo.

- Acho que nem tem clima pra anunciar nosso relacionamento né?
- Acho que não... - ele soltou um suspiro triste.
- Sabe amor, eu não sei como descrever tudo que vivemos até aqui. Você mudou minha vida, pra melhor claro! Quando eu te vi pela primeira vez, um jovem cheio de sonhos e com o sorriso mais bonito que já vi, fiquei encantado, tão encantado que não conseguia pensar em outra coisa senão em você. Porque foi naquele momento que encontrei o amor, que me encontrei e decidi mudar. Eu te amo tanto.
- Só você pra me fazer sorrir depois de perder uma copa do mundo.
- Posso ter perdido a copa, mas ganhei algo bem melhor.
- Eu pensei que amava a Camila, pensei de verdade. Porque eu sempre fantasiei a ideia de ter uma família perfeita, com filhos e uma pessoa pra me amar de verdade. Mas nada foi como eu imaginei, não existem famílias perfeitas, todos temos problemas, passamos por momentos difíceis e alguns nos fazem querer desistir de tudo. Isso estava acontecendo comigo. Minha mãe, a mulher que mais amo na vida estava prestes a perder a vida e quando mais precisei de apoio, a mulher que pensei me amar foi embora. Me deixou sozinho e cheio de dores. - ele voltou a chorar e com uma troca rápida de posições coloquei sua cabeça apoiada em meu peito e comecei a fazer cafuné, algo que sempre o acalmava. - Mas depois que você entrou no quarto eu entendi que ainda existia esperança e que deveria ser forte. Você, Roberto Firmino, me ajudou a ser o meu melhor, mesmo estando triste e é isso que devemos fazer agora. Vamos ser nosso melhor.

Depois de um tempo ali, naquele vestiário vazio, arrumamos nossas coisas e fomos para o hotel. Ninguém falou nada, nem tinha o que falar, na verdade. Tite até tentou nos animar com um discurso mas não surtiu efeito.
Com expressões tristes no rosto, arrumamos as malas e fomos embora. Gabriel permaneceu ao meu lado e não saiu em nenhum momento. A companhia um do outro era nosso consolo.
Decidimos que ficaríamos na casa da mãe de Gabriel. Teríamos que contar pra ela sobre nós dois e aquele tempo no Brasil seria a oportunidade perfeita.
Alguns amigos também ficaram do país, outros voltaram para seus devidos clubes. Mesmo tendo perdido a copa acredito que ganhei coisas mais importantes que uma taça.
Ganhei um companheiro, fiz novos amigos e finalmente voltei a ter esperanças. Talvez o amor seja uma boa cura para corações despedaçados e aflitos.
Eu já não era tão novo e aquilo me afligia, pois construir uma família não envolve apenas uma aliança no dedo e filhos, é necessário que haja muito amor e cumplicidade, coisa que nunca senti com a Carol ou mulher alguma.
Mas com Gabriel eu me senti em casa. Quando estavamos juntos eu podia sonhar e tinha certeza que tudo se realizaria.
E em meio a todo o caos existia a calmaria, e essa calmaria tinha nome e sobrenome.
O menino prodígio que ganhou meu coração e todo meu amor.
Saímos do aeroporto com certa dificuldade, pois haviam câmeras e repórteres por todos os lados.
Quando finalmente conseguimos, pegamos um táxi e seguimos até a casa da mãe do Gabis.

- Nós vamos conseguir meu amor, ela vai nos aceitar!
- Vai sim... Que mãe não iria querer me ter como genro?
- Convencido demais.