capítulo 10

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Marcele Narrando

Eu já nem ligo a tv, só passa o complexo, terceiro dia de operação, já morreu polícia, já morreu bandido, ontem eu conseguir falar com Jhonatas foi bem rápido, só o essencial, as meninas vieram ficar comigo, tô até me distraindo um pouco, fugindo do foco, quem está aqui também é minha avó

- amiga, eu imaginei que você estivesse sem dormir, preocupada, mas olha tá pior do que imaginei - Lorena falou

- tô sem dormir desde sábado, já tomei tanto chá, já fumei, me dopei e não conseguir dormir, como está lá?- sentei no sofá

- horrível amiga, eles tocando terror,entrando nas casas, bateu no Cidinho, o menino indo trabalhar

- como será que está minha casa?

- eu passei por lá, tá de cadeado amiga, você pegou alguma coisa? - cau falou

- meus documentos e o de Jhonatas, o resto deixei lá

Conversámos sobre outras coisas, pedi pizza, acordei minha avó, comemos e depois as meninas foram embora

- vou fazer um suco de maracujá bem forte pra você, tem que dormir

- não consigo vó, eu preciso vê com os meus próprios olhos , sabe? Eu só vou sossegar quando me encontrar com ele, eu tenho tanto medo, o futuro é incerto

- é por isso que você ainda não engravidou?

- é vó, sem uma criança, eu saio correndo de casa, pulo muro, posso até subir o morro pra procurar ele, mas se tiver uma criança,  iai? Em hipótese nenhuma, eu vou vim pra pista e ficar vendo ele só fim de semana, pra mim não é casamento

- quem sabe até o bebê nascer, ele consiga sair da favela

- tomara vó

Tomei o suco que minha avó fez, peguei meu celular e tinha um áudio de Jhonatas

Whatsapp Messenger

[+552198867...]: Se arruma aí preta, junior, vai passar pra te buscar, trás uma roupa pra mim e a minha conta  de guia  - áudio

[+552198867...]:  Toma cuidado na hora, te amo

Fiquei até mais calma quando li a mensagem , tomei meu banho, me arrumando, peguei a roupa e a conta colocando na bolsa  e avisei a minha avó.

desci entrando no carro, eu nunca tinha visto o menino que estava dirigindo,  dei boa noite e entrei sentando no banco do fundo, o lugar só tinha mato, nem sinal de celular tem, era em uma casa de muro alto, abriram a garagem e ele seguiu parando na porta

- pode ir, sobe as escadas, o primeiro quarto de porta branca

- obrigada - sai do carro

Na frente da casa oq mais tinha era segurança, dei boa noite e segui o meu caminho, quando abrir a porta, Jhonatas tava deitado em uma cama, cheio de curativo, a roupa dele ainda estava de sangue, respirei aliviada e fechei a porta

- tá vendo to vivão, você não vai se livrar de mim não, vem aqui preta

- deixa de graça cara, não morreu, mas podia né - analisei ele e dei um beijo

- não dormiu né, amanhã  eu já volto pro morro

- sabe que eu não consigo, você tá aí todo furado, melhora primeiro

- posso perder tempo não

- não adianta eu falar nada né

-  tá tudo no meu controle

Ajudei Jhonatas a tomar banho e troquei seu curativo, dos três tiro, o mais profundo foi  o tiro da perna, barriga e ombro foram raspão

- não esquece de fazer oq eu te falei - colocou a conta no pescoço e vestiu a camisa 

- tá bom, avisa quando tiver indo

- leva o rádio com você, qualquer coisa me aciona e vê se dorme

O menino chegou pra me buscar, coloquei o rádio na minha bolsa e desci, coração fica até mais aliviado, graças a deus não demorou muito pra eu chegar em casa, minha avó tava assistindo, avisei a Jhonatas que tinha chegado e  sentei pra conversar com ela

- tá mais aliviada? como está ele

- sim, tomou três tiro, mas tá bem, como se nada tivesse acontecido

- só Deus pra interagir

- tenho medo em vó, vai que tô devendo e não sei

- é só pagar - deu risada

- vou querer ir, é sempre bom né

- bom demais, eu vou vê que dia tem e te falo

Minha avó foi dormir, tomei meu banho e rapidinho eu conseguir dormir.

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