capítulo 57

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Henrique Narrando

Quando Gabriel contou da vida dele, eu lembrei da minha, fui criado com vó, minha mãe morreu no parto de minha irmã, meu pai? Eu nunca conheci, a aposentadoria de minha avó ia toda em remédios, já que ela tinha problema nos ossos, malmente dava pra o dois kilos de feijão, quando tinha o feijão faltava o gás, cansei de fazer  fogão a lenha pra poder cozinhar, a situação piorava, então eu desci pro sinal pra vender amendoim.

Só que lá ninguém da valor, vira a cara, de dez pessoas só uma compra, ninguém ajuda não, aí quando vira marginal criticam, mas quando te pede ajuda, você foi o primeiro a negar, comecei a vender no ônibus, achavam logo que eu fosse roubar, nem sempre os motoristas abriam, mas eu era resistente, lutei muito pra não entrar de vez no tráfico, mas tem coisas que não tem jeito, o sangue puxa.

Hoje em dia minha vó tá bem e a minha irmã também, tudo que passaram comigo, foram as primeiras a beberem minha água,  comprei logo uma casa na pista, tirei elas daqui do Rio, to fazendo o meu pé de meia, pra poder sair tendo o meu, não ter pulado no perigo em vão, Marcele é uma mina firmeza, o coração dela é raro de se vê, faz tudo por todos, tira a própria roupa pra o outro vesti, sei muito bem que isso do Gabriel machucou ela, imagina você deixar o menino bem de noite, no outro dia ter a notícia que foi morto, o corpo dele tava cheio de balaço, os cara machucou sem dó.

- preta, bora pra cama, tá toda de mal jeito no sofá - chamei ela que já estava quase dormindo

Os olhos de Marcele estavam vermelhos por conta do choro, fomos pro quarto, liguei o ar e deitei com ela fazendo carinho no seu cabelo

- será que a mãe dele vai saber, sentir falta, sei lá.

- vai sim, ele devia está acostumado a ir em casa, fica pensando não que é pior

- só me vem à imagem dele brincando com bernardo antes e a minha vontade era de trazer ele comigo, parece ate que eu sabia- falou com a voz embargada

- pode ter certeza que você foi a melhor coisa que já aconteceu na vida dele, tinha que ter sido com você  o último dia dele.

Depois que Marcele dormiu eu vim me encontrar com ryan acertar umas coisas com ele

- fala meu compadre, cadê lari? - puxei a cadeira sentando

- ta em casa surtando por conta de um morango que eu comi, já comprei outro, mas ela diz que não é a mesma coisa

- você tá fudido cara, mulher já é problema e estando grávida é pior e aquela parada lá, tudo certo?

- hurum, o cara disse que entrega sexta que vem , melhor coisa que você está fazendo, jogador é de veneta, uma hora quer ela feliz, na outra quer ir pra cima

- Já deixei avisado a ele, se entrar na reta dela, quem resolve sou eu, por isso mesmo to fazendo isso pra evitar

Troquei uns papo com ele, tomamos só duas cervejas e eu voltei pra casa com aquelas comida japonesa que ela gosta, a mesma ja tinha acordado tava assistindo algum bagulho na TV

- trouxe pra você- entreguei  e coloquei a pistola na mesa de centro

- valeu, achei que tivesse ido embora

- fui resolver umas coisas com ryan, vou te deixar  sozinha não.

Quem diria logo eu que a quatro anos atrás jurei não me envolver com ninguém, estou de quatro por essa mina 

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