Olha a bola !

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O barulho do sinal interrompeu minha conversa com Miriam e outra colega nossa Damia. Sempre que esse barulho esquentava meus ouvidos tinha vontade de amaldiçoar quem foi o infeliz que inventou de colocar um sino tão agudo pra avisar as próximas aulas.
   — É por isso que quando morremos nós fechamos os olhos — Damia continuou nosso assunto mórbido.
   Damia era uma garota alta e albina que adora socializar com a sala inteira, include comigo e com Miriam. Muitas vezes passavamos a impressão de que eram metidas só por nosso grupinho ser de dois e não falarmos ou interagirmos muito com outros alunos. Não dávamos a mínima e seguimos as duas firmes e fortes.
   Seriam duas aulas de Educação física direto, metade do tempo pras meninas e metade pros meninos. Eu amava as aulas de educação física quando eram produtivas e tinham alguma atividade que envolvia correr, diferente de Miriam que ia pra quadra quase morrendo pq tinha que descer dois lances de escada. Tirando o fato de ter tido um teste surpresa de português estava tudo indo bem. Cada uma pegou seu colete com o numero e eu como sempre escolho o meu numero sete e jogo junto com as meninas uma boa partida de Hand bool. Nunca tive frescura pra me esforçar e soar a camiseta e fazia questão e me esforçar bastante e mostrar isso aos outros. Será que isso chamaria atenção de alguém ná arquibancada ? Sabe aquele certo menino que de cabelos castanhos que eu tenho ficado levemente fissurada.    Volta e meia no meio da partida olhava na direção da bacada que circundava a quadra pra olhar Isac por só um minuto. Eu poderia até fingir que torci o tornozelo ou usar minhas habilidades nada teatrais pra me jogar no chão e fingir que estava tendo uma emsolacão,  mas me preocupava com os pontos que perderia na aula só por causa de um garoto. Hora ou outra Miriam chegava perto de mim pra me perguntar quantos minutos faltavam pro final da aula. Pra quem está se divertindo o tempo sempre passa mais rápido mesmo.
   O sinal em fim soa e podemos descansar e tomar água. Sentei no banco e na mesma hora senti minhas pernas formigarrem
   — Próxima aula eu fico no banco e você carrega o time nas costas Martha
   — A Martha joga futebol loca
   — Aí tanto faz
  Ficamos assistindo o jogo em silêncio enquanto um grupo de meninas discutiam sobre algum grupo musical que fazia sucesso. Quando uma ou outra menina fazia um comentário obsceno sobre algum integrante eu e Miriam trocavamos olhares espantados discretamente. Quando menos esperamos alguma coisa aconteceu na quadra que nos chamou atenção. Parece que houve uma briga entre dois garotos
   — Será que é agora que a gente começa a gritar "Briga, briga, briga" ? — Miriam cochichou
   — Calma que ainda é cedo pra isso.
  Era tão raro acontecer algum episódio diferente em meio a nossa monotonia adolescente que uma simples briga de escola já deixava a todos animados. O professor parou o jogo e infelizmente para os baderneiros (como eu e Mirriam, que estávamos longe de sermos baderneiras, mas curtimos um bom e velho barraco) não houve briga, mas outra coisa aconteceu. Faltava menos de dez minutos pra aula acabar. Dessa vez estava com os olhos grudados na quadra quando um dos garotos que estava na encrenca chutou a bola com força de mais pra dentro do gol, onde Isac estava como goleiro. Nós podíamos ter ouvido o baque da bola no rosto do menino. Foi feio, todos que estavam sentados na arquibancada naquele momento se levantaram. Minha boca assim como a de outros alunos formava um "O". Isac caiu ajoelhado perto da rede com as maos no rosto. O professor foi socorre - lo imediatamente, Miriam e eu desciamos as escadas junto com outros alunos pra ver se estava tudo bem com o colega.
  O Nariz de Isac inchou e saia um pouco de sangue da narina esquerda.
  O professor levantou a voz
— Eu vou levar o menino a diretoria. E o Cléber fica no lugar do Isac. Vinícius você está dispensado do jogo – ele apontou pro aluno que desferiu o chute em direção a Isac
   — Acha que foi de propósito ? — Me dirigia a minha amiga mas meus olhos não deichavam  de acompanhar o professor que levava Isac pra tomar uma água e limpar o sangue do nariz.
   — Não sei mas uma coisa é certa — Mirriam fazia uma voz dramática de mistério.
  Eu sabia que havia um tom de deboche em sua fala
   — O quê ?
   — Vai ser difícil de vocês dois se beijarem já que o nariz dele ta parecendo com o do Luciano Huck
  Dei um tapa no braço dela e dei risada de seu exagero, mais uma vez ela me acompanha nas gargalhadas. Fazíamos uma dupla perfeita de bocós, mas nisso me veio a dúvida alarmante
   — O nariz se meche muito durante o beijo ?
   — Tá brincando né — Ela ria ainda mais alto com minha pergunta estúpida — O nariz é acima da boca, é impossível não se tocarem
   Deus e que outras partes do corpo poderiam se tocar durante um beijo. Não queria nem imaginar

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Gente 1000 desculpas por tanta demora. Não estou tendo tanto tempo de te escrever quanto gostaria. Gostaria de postar com mais frequência mas também não quero me sobrecarregar a ponto de escrever só pra postar, devo escrever quando estou com ânimo e inspirada, não vou chegar aqui e publicar um capítulo mal feito. Em uma história tudo tem fundamento e não quero criar algo raso que não faça diferença na vida de alguém. Espero que compreendão a minha demora.

Abraços e beijos com bolo 🍰

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