Capítulo 2 - Um Passeio No Passado

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Escócia, 1437

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Escócia, 1437

Ouvi um barulho alto, que me fez estremecer por inteiro. Ainda sem conseguir abrir os olhos, supus que fosse uma tempestade, pois aquele som era de chuva e trovões. Comecei a me desesperar, porque meu cérebro estava acordado, mas meu corpo relutava em se mexer e com a respiração forte, consegui abrir os olhos ainda trêmula e pisquei várias vezes até conseguir focar em uma parede, era diferente e com uma estampa que eu não conhecia. Em meu entorno, móveis antigos e um lampião vermelho aceso, evidenciavam que ali não era a minha casa.

E em pânico consegui me levantar, meu corpo estremecendo de frio e percebi que a janela do quarto estava aberta e batendo, formando um rangido chato e molhando o chão do quarto. Ainda zonza, coloquei os pés no chão de madeira áspera e trôpega caminhei até a janela, a escuridão lá fora não revelava quase nada sobre aonde eu estava, mas consegui reconhecer algumas árvores, uma construção grande de pedra que parecia um castelo e uma ponte há certa distância.

Estremeci com o vento frio e fechei a janela, engolindo em seco e me sentindo tensa. Havia uma porta de madeira, que só poderia ser a saída. Mas antes de tentar aquela alternativa, me abaixei e olhei embaixo da cama, encontrando apenas um pinico, não usado felizmente. O armário velho de madeira, tinha apenas um vestido, branco e rendado, parecia o de uma noiva. E por fim, havia um espelho, exatamente igual ao do museu, exceto por estar em um excelente estado de conservação e sob ele, uma bacia e uma jarra com água.

Toquei o espelho com as pontas dos dedos, me lembrando do que vi no museu, mas nada aconteceu. O metal só estava frio, mas não havia nenhuma massa cinzenta e nenhuma mulher estranha em sua frente. Havia o reflexo dela... e calma aí.

— Meu cabelo... — olhei confusa e vi que meu cabelo que batia nos ombros, estava quase no meio da minha barriga. Também estava com uma camisola enorme branca, uma peça que eu nunca tive. — Isso só pode ser uma brincadeira...

E então resolvi tentar a porta, porque havia algo de muito estranho naquele lugar e eu não estava disposta a ficar esperando que mais alguma loucura acontecesse. Então girei a maçaneta de ferro, que abriu com uma facilidade extraordinária. O corredor estava escuro, então peguei o lampião e caminhei devagar, vendo algumas outras portas, mas temendo abri-las. Encontrei uma escada rústica de madeira e desci devagar, mas mesmo assim não evitando os rangidos.

E quando cheguei a uma sala ampla, com todos móveis antiquados, sabia que devia estar sonhando, porque tudo aquilo era real demais. Até as cinzas da lareira estavam mornas e as janelas expunham a vista do castelo, um ao qual eu não conhecia e não parecia estar em Edimburgo. Mordi os lábios e continuei vasculhando, chegando até uma cozinha pequena, com um pão ainda morno sob a grande mesa de madeira. Estiquei a mão e peguei um pouco da massa, surpresa com o seu sabor.

— Você chegou, finalmente.

Engasguei com o pão e só consegui parar de tossir, quando uma Senhora que apareceu no meio do escuro, me estendeu um copo d'água. Aceitei o liquido sem nem pensar duas vezes e me deixei cair sob o banco de madeira, encarando a mulher que parecia tranquila, enquanto acendia algumas velas no cômodo. Ela usava um lenço verde na cabeça, mas alguns cachos de seu cabelo escuro caiam sob o seu rosto, a pele era clara era madura, e os olhos dourados, como os de um gato. Ela devia estar na faixa dos quarenta anos e ainda essa muito bonita.

Uma Noiva Para O EscocêsOnde histórias criam vida. Descubra agora