The Half Of It

"Amor é complicado, horrível, egoísta... e ousado."

Pov. Aster

"Essa é a pincelada mais ousada que pode dar?"

A voz da Ellie soava na minha mente tão alto que parecia que tinha auto falantes ao meu redor. Foi ela, desde a primeira carta.

Não entrava na minha cabeça a ideia que eu passei a maior parte do tempo flertando, trocando mensagens, discutindo ideias e criando um universo de sentimentos por Ellie Chu

A  inalcançável

Mais inteligente da turma

Musicista e até cantora... 

Não, não estava lá na plateia assistindo-a, mas que bom que estamos no século 21, o vídeo ta salvo no meu celular.

Olha, não que fosse fácil aceitar a ideia que o atleta do ano, Paul Munsky, que ficou de recuperação em praticamente 2/3 das matérias anuais, tivesse me mandado cartas tão complexas, que se infiltravam nos meus pensamentos criando novos sentimentos a cada linha lida. Além do mais, ele começou a ter uma intimidade repentina com a Ellie(?) Talvez lá no fundo eu sabia que era da autoria dela, mas só talvez.

Nota mental sobre a senhorita Chu, é aquele tipo de pessoa que você sente necessidade de se aproximar, independente da forma, um desejo de desvendar tudo de misterioso que a envolve, mistério ou timidez, como preferirem, mas Ellie mexe comigo, me desestabiliza.

Eu ja observava nas aulas em que tínhamos em comum, principalmente na de música. O jeito que ela toca as teclas do piano como se estivesse sozinha na sala ou quando começa o labirinto de redações pela sala, passando de mãos em mãos até chegar ao destino final, seu negócio não era discreto, mas os professores apenas ignoravam.

Confesso que já passou pela minha cabeça contrata-la, uma ideia besta para uma possível aproximação. Não daria certo. Como disse antes, penso em tentar conversar com ela a um tempo, acabo criando situações, forçando o destino a me ceder uma brecha.

Flash Back On

Naquela terça feira chuvosa, um idiota com quase dois metros de altura fez Ellie derrubar todo seu material no chão, tecnicamente eu estava prestando atenção na conversa da Amber sobre o quanto meu, até então, namorado é incrível. Rapidamente fui até ela, comecei a pegar o máximo de folhas que conseguia

- Esses corredores são mortais ne – me arrisquei a cortar o silêncio, mas foi uma frase tão estupida, deveria ter ficado quieta. Ellie me olhou surpresa, com uma expressão fofa, senti minhas bochechas esquentarem

- Sou Ellie Chu – Falou como se nunca tivéssemos nos vistos, será que eu não era tão popular assim que ela nunca reparou em mim?

- Eu sei, você toca nos cultos do meu pai faz uns quatro anos. É a pagã favorita dele, não suporta aqueles que se dizem fiéis, mas não passam de pessoas medíocres... mesmo que sejam beatos – Porque eu falei sobre isso? Okay, talvez eu tenha ficado nervosa e quando fico assim não consigo parar de falar, olhei pro livro que ainda estava no chão encontrando um assunto que não fosse igreja – "Os vestígios do dia"? Adorei, todo aquele desejo reprimido...

Ellie me encarava como se eu fosse de outro planeta, esperei alguns segundos por alguma resposta, mas o que veio foi o sinal da escola, saímos da bolha particular e fomos para a aula, separadamente.

Não fui tão ruim, correto? Toda aproximação é válida...

Flash Back off

- Não vai tocar na comida filha? – dei um pequeno salto na cadeira, literalmente acordando pra vida real – já deve estar fria, se quiser peço pra Rosalía esquentar