A carta

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Pov. Aster

Abri meus olhos devagar sentindo a claridade incomodar profundamente, porque tudo é tão branco? Me sentia fraca, imóvel, será que eu morri?

- Você me assustou – Ouvi uma voz familiar, Ellie

Talvez eu tenha morrido mesmo, um anjo desses

- Não ganhei a nossa aposta? – minha voz saiu rouca

- Essa é a primeira coisa que você pensa? – Ellie arqueou as sobrancelhas me fitando

- A primeira coisa que eu penso é em você – falei tentando me levantar, mas ela me impediu

- Só vai sair da enfermaria quando comer senhorita Flores – Ellie disse pegando um prato de sopa que até então não tinha notado

- Vai me dar na boca? -Brinquei tentando descontrair o clima

- Claro, você acha que não vou mimar minha mulher? – me arrepiei todinha – quer dizer, uma mulher dessas

- Gosto do pronome possessivo nesse caso – falei recebendo a primeira colherada na boca

Poderia me acostumar com isso.

Depois de ter que quase implorar pra enfermeira não chamar meus pais, ela me liberou contando que eu me cuidasse daqui pra frente. Saindo da enfermaria de mãos dadas com Ellie, sentamos num banco que tinha no corredor perto dos troféus

- Aconteceu alguma coisa ontem pra você estar assim? – Ellie perguntou fazendo um carinho de leve na minha mão

- Tem certeza que quer que eu te encha com esses assuntos? – devolvi a pergunta com outra, não me julguem, eu me sinto muito insegura em relação a esses assuntos – não quero incomodar

- Mas meu amor você nunca me incomoda – Ellie disse num impulso e eu poderia ouvir ela falando "meu amor" pra sempre, me arrepiei todinha

É muito cedo pra eu pedir "diz de novo?" acho que sim ne, vou me controlar

- Okay, vou resumir porque não aguento mais esse assunto na minha vida. Quando cheguei em casa depois do nosso encontro, meu pai e Trig estavam me esperando na sala e foi uma discussão feia, simplesmente meu pai acha que pode controlar quem eu devo namorar e não aceitou bem meu termino – despejei tudo

- Nossa, mesmo seu pai sendo pastor e tudo mais, tinha esperanças que ele fosse no mínimo um pai compreensível sei lá, sinto muito Aster- Ellie olhou pra mim de forma carinhosa se aproximando – Posso te dar um abraço?

- Deve – Seu abraço é como mergulhar em uma piscina fria num dia de 40 graus, encaixava sabe. Poderia morar em seu abraço, mas queria morar em seus beijos

- Mas me promete que independente do quão ruim seja o dia, que você vai se alimentar direito? De dedinho? – Falou estendendo o dedinho em minha direção, acho que se eu não tivesse me apaixonado antes, teria feito agora

- Prometo linda – falei fazendo o cumprimento e em seguida entrelacei nossas mãos de novo

Pov. Ellie

Acho que nunca senti meu coração tão acelerado quanto agora, tenho certeza que Aster estava ouvindo as batidas dele, ainda mais na posição em que estávamos deitadas no meu ombro enquanto admirávamos os troféus do outro lado do corredor

Sim, qualquer pessoa poderia passar e ver, não me incomodaria com isso, mas não sei se Aster sim, a relação dela com a hierarquia escolar pra mim é, ainda uma incógnita

- Ainda não acredito que Paul ganhou um troféu por ter marcado naquele jogo – Aster falou rindo

- Não se esqueça da faixa em sua homenagem – relembrei sorrindo também

The Half Of ItOnde histórias criam vida. Descubra agora