18. meu segundo eu

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Segunda fase, agora tendo amigos
naquela idade em que a gente pensa
"todos estarão pra sempre comigo"
Apresentando os melhores trabalhos da turma,
gostando durante uma semana
de um garoto que nem sabia que eu existia,
meses depois conhecendo uma garota
(que percebi que me apaixonei apenas há poucos dias)
Ainda tímida, morrendo de vergonha de conversar
e escondendo a grande história que tinha pra contar

Mais alguns anos se passam,
amigas se separam e gatilhos disparam
no emocional do meu eu
Volto a ficar mais reclusa com a mudança de escola
e o que mais espero é o sinal tocar pra ir embora
até que a conheço
Ela, tão linda, tão perfeita,
que me apoia, me ajuda, me respeita
e entende nossas diferenças
Três anos gostando da mesma garota
até que uma de suas amigas investe pesado
em fazer com que eu seja deixada de lado
e funciona
Me afasto, vou embora, e choro rios
pra me desfazer de toda a dor
que senti na primeira vez em que meu coração se partiu
E o ensino fundamental acaba

Primeiro ano, escola nova, gente nova
mais vontade de simplesmente ir embora
Ela, elas, as amigas mais verdadeiras que já tive
Geniais e compreensíveis, garotas que entendem todos os níveis do meu eu
mais límpido ao mais obscuro,
que entendem meu passado e querem estar no meu futuro
Me bate inspiração pra escrever, contos, poesias
e pra finalmente voltar a ler de tudo

O meu eu tímido agora ouve os professores
me dizendo pra ficar quieta e me trocando de lugar
Uma pena que não quer se separar
A garota antes fria agora é encantada pelo mundo,
apaixonada por palavras e gestos
A amedrontada por saber que sente atração pelo mesmo sexo
se aceita com o apoio da família que conquistou
ao longo do primeiro e segundo ano
do ensino médio

Uma delas vira parte essencial do meu mundo
e depois
é como uma irmã que se afastou do nada
me deixando na beira da sacada
A pessoa que me fez voltar
a crer no amor
me deixa agora sozinha no pico
onde todas as memórias doem
mesmo que eu não me arrependa

Em plenas férias, início do terceiro ano
e maravilhosa quarentena
me reconstruo mais uma vez

Partindo gradativamente para a terceira fase do meu eu

Dizeres da MadrugadaOnde histórias criam vida. Descubra agora