Passado

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ROMANCES MENSAIS

LIVRO V - MENTIRAS DE MAIO

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CAPÍTULO VI - PASSADO

- O que você quer, Aaron? - Austin atende à ligação de maneira fria e com a voz soando irritada. Essa era a primeira vez que eu o via sendo tão brusco com alguém. Ele suspira, frustrado e passa a mão pelo rosto. - Se você não tem nada para me falar, eu vou desligar. Eu não estou com paciência para as suas provocações.

Eu sentia que meu coração iria sair pela minha boca a qualquer momento. Enquanto Austin conversava com o irmão pelo telefone, eu me mantinha o mais afastada possível, temendo que ele notasse o quanto eu estava mexida por aquele quase beijo. Minha respiração ainda estava pesada e meu rosto provavelmente estava na cor de um tomate. Eu me sentia quente e envergonhada. E tudo piorava ainda mais quando uma menina que parecia não ter mais que onze anos me encarava do sofá do outro lado do espaço de descanso com um sorriso malicioso.

- Não. Eu não estou em casa e não faço ideia de quando vou voltar. - Responde o loiro de forma ríspida. Encaro-o pelo canto do olho e vejo que ele realmente não estava feliz por estar conversando com o irmão. Austin mexia a perna esquerda de maneira impaciente e batucava a mão sobre o encosto de braço do sofá. - Vai direto ao ponto, Aaron. Eu estou em um encontro com a Ally.

Encolho-me no sofá ao ser pega de surpresa pelo olhar intenso de Austin sobre mim. Ele abre um sorriso mínimo, mas logo ele se fecha ao ouvir o que o irmão dizia do outro lado da linha. Sua expressão se torna indescritível. Eu não fazia ideia do que os irmãos conversavam, mas a forma como Austin encarava fixamente a mesa de centro que havia no espaço de descanso da loja, enquanto se mantinha imóvel estava me deixando preocupada.

- Austin? - Sussurro, colocando a mão sobre o ombro do rapaz, que me encara um pouco surpreso e dá um fraco sorriso. Afasto-me um pouco, incerta sobre o que deveria dizer. - Está tudo bem?

- Sim. - Sussurra em resposta, enquanto coloca a mão sobre a minha e a aperta. Ele suspira e fecha os olhos, parecendo cansado. - Como noivo dela, você deveria saber disso, Aaron! Ela está esperando um filho seu. Tenha mais consciência de suas responsabilidades. E se....

O rapaz suspira frustrado e aperta mais a minha mão. Ele parecia dividido sobre o que deveria fazer. Pela forma como reagia, alguma coisa havia acontecido com a ex-namorada de Austin. Por algum motivo, eu me sentia um pouco.... frustrada. Na verdade, eu não fazia ideia do motivo disso, afinal, apesar de tudo, Austin namorou Brooke por um ano e o término foi muito recente. É claro que ele ainda sente alguma coisa por ela. Além disso, Brooke está grávida. É inevitável não ficar preocupado com a saúde dela.

- Brooke tem alergia a aspirina, anti-inflamatórios não-esteroides e Tylenol. Não importa o que aconteça, não dê Paracetamol para ela. Da última vez que ela tomou, acabou passando dois dias no hospital por causa da forte crise alérgica que teve. - Austin suspira mais uma vez e parece exausto com a conversa que estava tendo com o irmão. - Eu não sei qual medicação ela deve tomar, Aaron. Você é o médico aqui, não eu. Pergunta para a mãe. Ela que é a obstetra da família e aí no hospital deve ter algum alergista para te informa o que é melhor para ela. De qualquer forma, cuide de sua noiva. Apesar de vocês serem dois grandes traidores, a criança não tem culpa disso. A vida desse bebê está nas mãos de vocês. Sejam conscientes. Agora eu preciso desligar.

Austin encerra a ligação e sorri, mas não parece o mesmo sorriso sincero e despreocupado de sempre. Seu sorriso não chegava aos seus olhos e não aquecia meu coração como de costume. Era apenas um sorriso falso, que poderia enganar qualquer pessoa, mas que naquele momento não surtia efeito nenhum sobre mim.

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