Capítulo 6

3K 544 132
                                    

– Beth.

Ele chamou seu nome com a voz rouca, a mirava com os olhos verdes arregalados carregados de receio, alternava entre encarar o aparelho em suas mãos e o seu rosto refletindo a urgência com que desejava que não fosse o que a cena lhe dizia.

– Beth o que você viu?

A urgência daquela pergunta parecia ecoar ao redor dos dois a medida que ela encarava o temor ir pouco a pouco assumindo as expressões daquele que até minutos atrás julgava conhecer. Respirando o ar carregado conseguia apenas percorrer com os olhos cada traço do rosto que a encarava de volta, não sabia com certeza o que buscava, talvez a comprovação que tudo aquilo que leu era um infame mal-entendido.

– Beth, fala comigo, por favor.

– Acho que esse celular é seu.

Estendeu o aparelho na direção dele que arregalava os olhos demonstrando estar perdido quanto ao que ela sentia, mas se ele parecia desejar entender sua reação não conseguiria ir muito longe. Ela própria não sabia como se sentir diante daquela situação, a verdade é que parecia anestesiada.

– Princesa...

– Não gostaria de ler suas mensagens?

Assistiu ele abrir e fechar os lábios antes de engolir profundamente.

– Sua mãe parece preocupada com você.

– Eu...

– Na verdade não exatamente preocupada, ela parece saber que você dormiu com a pirralha Backar e até sugeriu que não perdesse a oportunidade com a ex virgem, como ela parece conhecer cada passo seu, não é mesmo?

Ofereceu o celular que ainda segurava e notando que ele não se mexia para pegar o balançou na altura do rosto dele que finalmente o pegou. Observou atentamente enquanto ele lia o mesmo que ela, imediatamente ele abaixou o aparelho com os ombros tensos, o arco das grossas sobrancelhas contraídas no centro do seu olhar que quando encontrou o dela, foi o mesmo que um tapa.

– Qual plano a mamãe Braga tinha? O que vocês planejaram que o melhor momento a ser aproveitado seria quando eu perdesse a virgindade e estivesse vulnerável? Que plano é esse que te impede de voltar para a Europa? Diga!

Ele abaixou a mão apertando os dedos ao redor do aparelho. Com o rosto tenso ele manteve os olhos nos seus e o aperto agudo em seu peito a levou a cruzar os braços buscado uma mínima proteção do que viria.

– Tudo o que você possui seria transferido para meu nome e automaticamente a família Braga deteria tudo que é seu. O plano era para ser executado de forma rápida e assertiva, eu te seduziria, a deixaria emocionalmente vulnerável e entregue e assim nos casaríamos no civil onde o papel do nosso casamento seria um acordo em que você passaria conscientemente tudo o que possui para seu marido.

Suas mãos tremeram a medida que as apertava ao redor de si mesma em uma tentativa parca de se manter inteira. Não havia desviado o olhar e aqueles mares de um profundo tom de jade lhe confirmavam a verdade de cada palavra dita e a pena que enxergava igualmente ali lhe tornava ciente do papel de tola que havia feito.

Mas Ricardo não havia terminado.

– No entanto, embora planejássemos todos os passos desse plano, não poderíamos imaginar que você seria atacada por Rangel Antunes. Isso mudou tudo, você estava machucada e frágil demais para que eu a pressionasse, então recuei e esperei sua melhora até essa noite, não tinha intenção de tocar você ainda sim o fiz.

Ele tinha uma voz baixa e sem vida enquanto relatava o que planejava fazer em relação a ela e ao seu dinheiro. Ela o assistia embora não conseguisse acreditar que era real, era como um sonho comum que com o passar do tempo se modificava em prol dos sentimentos negativos se transformando em algo agonizante.

Série Os irmãos Backar - Amor por conveniência - livro 5Onde histórias criam vida. Descubra agora