Capítulo 1

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Ino pov

-Paai!! - acordei, gritando no meio da noite -
Sentei na cama e respirei fundo. Desde que a guerra ninja acabou, tenho acordado assim no meio da noite. Eu não sei com o que eu sonho, mas sempre acordo chamando por ele.
Meu pai morreu de uma forma abrupta e como eu estava no meio da batalha, não tive muito tempo para chorar.
Agora que tudo acabou, eu sinto esse vazio.
Eu era muito apegada a ele. Além de pai, ele foi um amigo e um sensei. Ele sempre esteve lá por mim e acreditou no meu potencial. Eu sabia que um dia ele iria morrer, mas não sabia que seria tão cedo.

Deitei na cama novamente e olhei para o teto. Era inevitável que eu chorasse naquela hora, mas não consegui voltar a dormir. Amanhã faria 2 meses que a guerra acabou e quando todos estariam comemorando, eu ficaria em casa.
Queria arranjar forças para sair da cama ou de casa, mas parece que tem uma barreira na minha porta. Não sinto vontade de sair nem de ver ninguém. Não sei por quanto tempo vou ficar assim, porém não encontro forças para mudar.

                                          ~~~
Devo ter dormido pela exaustão , pois acordei com a luz do sol em meu rosto. Levantei e fui ao banheiro. Me olhando no espelho, percebi que eu estava deplorável. Não lembrava a última vez que eu tomei banho, tinha olheiras profundas e tinha perdido muito peso. Só de me olhar no espelho, me deu um sentimento de repulsa e não quis tomar banho. Não queria olhar pro meu corpo. Meu cabelo era a única coisa que estava decente, não sei porque quando ele fica sujo fica mais bonito.
Respirei fundo novamente e fui até a sala. Ela estava empoeirada e desarrumada, só que nada me motivava a arrumá-la. Ninguém me visitou nos últimos 2 meses.

Shikamaru estava no país da areia e além disso estava namorando. Choji tinha família. Sakura deve estar correndo atrás do Sasuke.

Na verdade, ninguém se importava comigo. Só meu pai.

Senti novamente uma angústia no peito. Uma vontade enorme de chorar, gritar e quebrar algo. Uma vontade de morrer, quase como um impulso. Eu não sei o que me prende a este mundo, não sei porque sigo viva. Meus amigos não me querem e quem eu amo já se foi.
- Porque estou aqui?!?!?- gritei entre lágrimas-
Sentei no chão e comecei a chorar. Coloquei a mão no rosto para abafar o som. Minha existência só me trazia dor.

Foi então que pensei que estava louca. Ouvi a campainha tocar. Me levantei num sobressalto e fiquei esperando ela tocar novamente para ter certeza de que eu não estava louca.
Ouvi o som de novo.
Tive certeza que não era coisa da minha cabeça.
Corri até a porta.
Abri como se meus problemas fossem sumir com esse ato.
Quando olhei vi dois olhos verdes espantados me olhando.
Era impossível não reconhecer aquela testa e aquele cabelo.
Sim, era Sakura Haruno.

Sakura pov

Depois que a guerra ninja acabou, minha vida ficou muito corrida. Como médica, tive que cuidar dos feridos e depois resolver minha vida com Sasuke. Mesmo depois de tudo, ele não quis ficar comigo.
Mas, eu me senti bem.
Senti como se um peso tivesse sido tirado de meus ombros. Parecia que eu estava livre mesmo sem saber o que me prendia. Talvez, eu nunca tivesse realmente o amado.
A vida seguiu e eu a aproveitei. Fiquei com meus pais, dei conselhos amorosos para o Naruto, tentei sair com alguns caras e não gostei de nenhum. Uma dessas noites, eu estava lendo um livro antes de dormir e vi a seguinte frase:
"Melhores amigas são um dos maiores bens de uma mulher "
Aquilo me tocou, pois eu não via minha amiga mais próxima há meses. Lembrei que ela tinha sofrido muito e que foi insensível da minha parte não oferecer ajuda.
Estava decidido! Eu iria visitar a Ino!
Resolvi ir no dia seguinte no meu horário de almoço. Queria, primeiro, fazer uma visita rápida e ver como era a vida dela e depois marcar uma saída com ela. Passei na floricultura, onde ela trabalhava e o funcionário me falou que ela não tinha aparecido desde o final da guerra.
-Aconteceu algo a ela? - perguntei preocupada -
- Eu não sei - ele me respondeu enquanto ajeitava um buquê de lírios -
- Você sabe aonde ela mora?
- Sim - ele disse enquanto pegava um pedaço de papel e uma caneta-
Após essa informação, fui até a casa dela. O que teria acontecido com a Ino? Assim que cheguei toquei a campainha. Não tive resposta e, como estava ansiosa, toquei novamente.
Só que eu não tinha ideia do quão mal ela estaria.
Ela estava muito magra. Parecia que não comia há dias. Sua olheiras estavam muito fundas como se ela ficasse de vigília à noite. Seus olhos estavam inchados de tanto chorar. No fundo, a casa estava toda desarrumada.
Ino estava parada, me olhando, como se ela nunca tivesse me visto.
- Sakura - ela disse com voz chorosa - é você mesmo?
Ela realmente não estava nada bem.
- Sim, Ino - disse me aproximando- sou eu.
Ela sorriu e parecia que esse era o primeiro sorriso que ela dava em meses.
- Sua testa não mudou nada.
Não pude evitar e cai na gargalhada. Logo, ouvi uma risada me acompanhando.
Ela estava rindo, mesmo no meio do seu sofrimento. Ela sempre foi forte. Muito mais do que eu. Depois de alguns segundos, ela parou de rir e eu perguntei:
- Posso entrar?
Ela pareceu envergonhada.
- Sei que te pedir isso é inútil, mas não repara na bagunça.- ela disse colocando a mão atrás da cabeça e olhando para o chão -
Entrei e olhei melhor o cômodo. Realmente, não havia como não reparar naquilo, mas eu não estava ali para julgar.
Vi que o sofá estava livre e me sentei. Olhei para ela.
- Você quer conversar?

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