A Duquesa

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Assustada, a garota perguntou "Quem é você?" O gato, de um jeito carismático, respondeu-a "Eu sou conhecido por muitos nomes - alguns não tão carinhosos - mas por enquanto você poderá me chamar de Gato de Cheshire! Sou conhecido pelo meu extensivo conhecimento de todos os perigos e maravilhas deste lugar! Eu sou servo da Duquesa, muito famosa por sua grande habilidade em culinária e os deliciosos pratos que serve, você parece um pouco faminta."  O Gato dirigiu-se a Alice de forma que a fez olhar para si: ela estava suja de sangue, com um cabelo desarrumado, e decidiu seguir-lo (e provavelmente arrumar o cabelo mais tarde).


O Gato guiou-a pelo interminável bosque de árvores com formatos fantásticos e anormais, até que em uma parte da jornada até a casa da Duquesa, os dois encontraram uma clareira com um tronco caído, que poderia servir de cadeira para a exausta Alice.  Ela olhou o seu redor e notou todos os tipos específicos de árvores contidas na floresta: algumas em espiral, outras com milhares de folhas coloridas, e havia até mesmo algumas que continham spaghetti dentro de sua madeira! Descansando no tronco caído, perguntou ela ao felino risonho "Quanto tempo falta até finalmente chegar-nos ao nosso destino? Eu estou exausta!". Respondeu-a o Gato, "Falta pouco para chegarmos ao nosso destino. Aconselho você á repousar neste tronco caído se sente-se tão cansada. Mas devemos tomar cuidado: soldados da tropa da Rainha de Copas patrulham os arredores desta floresta, precisamos tomar demasiado cuidado se não quisermos ser pegos, ou potencialmente executados." Alice avistou, perto do Gato, um soldado se escondendo atrás de uma árvore; mas este não parecia ser um soldado comum, e em vez de possuir o formato de um humano normal, a criatura revelou-se como uma carta humanoide. Alice informou-o da presença do inquisidor político, e magicamente, o Gato foi lentamente desaparecendo, deixando apenas o seu sorriso fantasmagórico visível, e então subiu na árvore mais próxima que encontrou, optando á assistir o duelo entre Alice e o carta-guarda de camarote.


O carta-guarda ergueu sua lança, e tentou executar uma investida para cima de Alice, entretanto a jovem desviou do ataque rolando para a esquerda, fazendo com que a arma do carta-guarda ficasse presa em uma árvore. Enquanto ele esforçava-se para retirar sua arma do casco da árvore, a garota mirou sua faca na região do tronco do guarda-carta, e arremessou-a, separando suas pernas de seu tronco. O chão, antes verde por conta da grama natural, ficou impregnado de uma coloração vermelho-monocromático por conta do sangue do inimigo. Alice olhou para o que tinha feito, e apesar de estar chocada com a visão do fruto de suas habilidades em combate, ela achou um tanto quanto divertido ver a parte superior do soldado da Rainha de Copas espatifar-se no chão sem pernas para apoiarem-la. Ao perceber que o fatídico encontro entre Alice e um dos guarda-costas da Rainha havia acabado, o felino fantasmagórico desceu da árvore e deixou-se visível aos olhos humanos. O Gato desceu da árvore a fim de inspecionar o desfecho do fatídico encontro entre o guarda-costas da Rainha de Copas e Alice, e contemplou a visão bárbara presenteada a seus apurados olhos felinos pela demasiada habilidade em combate de sua companheira. O Gato Risonho dirigiu seu olhar á jovem ensanguentada, e confortou-a "Não se preocupe com isso, estamos próximos do nosso destino, minha dona irá limpar o sangue presente em suas roupas e a fornecer-la um maravilhoso banquete." Alice concordou com o Gato, e retirando sua faca do chão, e esfregando o sangue nela com sua saia, seguiu o Gato em seu caminho até a moradia da Duquesa.


Alice estava exausta: ela já havia percorrido um caminho longo o suficiente para cansar até mesmo o maior maratonista da história, mas depois de todo esse caminho, ela finalmente havia avistado o seu objetivo: uma casa nobre, cercada pelas mais belas cercas feitas de madeira, e feita inteiramente de tijolos, dando um ar tradicional á aquela bela moradia. Ela apontou para o lugar e perguntou ao Gato se aquela se tratava do tal lar da Duquesa - e respondeu-a o felino "Esta é, definitivamente, a moradia da minha dona. Ela é a melhor cozinheira em todo o País das Maravilhas - e a receberá carinhosamente." Alice confiou nas palavras de seu companheiro, e foi caminhando até aquela humilde casa de tijolos, e bateu na porta. 


"Alo?" disse Alice, "O seu bicho de estimação me levou até aqui, ele disse que você poderia me ajudar, e também cozinhar algo pra mim, já que estou perdida e faminta.", mas ninguém respondeu. Curiosa, a garota tentou abrir a porta, e ao girar a maçaneta, percebeu que ela já estava aberta. Ao entrar, ela percebeu, primeiramente, uma grande mesa de jantar, localizada em algum tipo de cozinha, e um estranho cheiro de carne queimando no ar. A próxima característica que ela notou como sendo inerente á aquele lugar, foi o agradável som do estalar de fogo - este vindo da lareira na cozinha. Entretanto, Alice lembrou que ela não podia se distrair com aquilo, ela tinha que se alimentar, e para isso ela precisava encontrar a Duquesa. Ela chamou altamente pela cozinheira "Senhora Duquesa? Você está ai?" e finalmente, ela atendeu ao chamado de Alice.


O que saiu daquela porta que possivelmente era ligada ao quarto da criatura não era uma linda mulher, como o felino risonho havia á descrito - era um monstro. Ela se assemelhava mais á um ogro do que uma mulher humana, e ela estava visivelmente mastigando um braço humano dentro da sua boca, "Ó, mas se o meu querido bichinho não me trouxe mais comida! Você acreditou nas palavras do Gato Risonho? Que pena! Não para mim, claro, pois hoje eu irei ter jantar!" Alice ficou aterrorizada com o que viu, e num ato de urgência, ela desviou-se da Duquesa, que planejava a pegar com um abraço de urso, para que pudesse facilmente devorar a cabeça de Alice. Já que ela tentou prender a jovem á seus braços correndo, a ogra bateu sua cabeça fortemente contra a parede da própria casa - o que fez com que a cabeça da ogra sangrasse fortemente. Desorientada e raivosa por conta de seus ferimentos, a Duquesa estava agora determinada a devorar Alice, que sacou sua faca para fora do bolso e tentou esfaquear a ogra. Dessa vez, ela obteve sucesso em agarrar a garota, e tentou engolir-la viva, mais Alice esfaqueou sua língua, o que a desmaiou, por conta da extrema dor causada pela facada de Alice. A garota aproveitou a perda de consciência do monstro para presentear-la o golpe de misericórdia, decapitando-a com a sua faca. Alice olhou para o chão e deslumbrou a visão da cabeça da Duquesa, separada de seu pescoço e diante seus pés. Raivosa, ela chamou o Gato de Cheshire, que se desculpou por ter enganado-a e explicou a situação á qual estava acorrentado como mascote da Duquesa.


"Ela me usava como um meio de atrair pessoas, para que elas se tornassem o seu jantar, almoço, e até mesmo café da manhã! Ela sempre me forçava a enganar mais e mais pessoas para que elas pudessem ser dirigidas até seu esconderijo - onde elas seriam canibalizadas e transformadas em comida! Me perdoe! Prometo que nunca mais á enganarei!" Alice estava raivosa e desconfiante do Gato, mas os seus olhos amarelos brilhantes demonstravam uma forma sincera de arrependimento e tristeza. Então, ela o perguntou, "Ótimo, então, você conhece algum lugar onde eu possa encontrar uma arma melhor?" 


O Gato sorriu, e disse á ela "Sim".



Alice LiddelOnde histórias criam vida. Descubra agora