A Maçaneta e o Rio de Lágrimas

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"O-onde estou?"

Alice havia acabado de acordar de sua queda. Ela olhou para cima, e viu que tinha caído de uma enorme distância onde se situava pianos flutuantes, espelhos falantes, e objetos inanimados dançarinos. Ao checar seus arredores, notou que se situava numa sala enorme e colorida, onde se localizava mesas enormes, cadeiras pequeninas, e no final da sala, até mesmo uma maçaneta. Ela correu até lá e tentou abrir-la, o que fez ela gemer de dor.


"Ai!" Disse a maçaneta em resposta ao aperto de Alice. Ela ficou chocada com o que viu; uma maçaneta falante? Não podia ser! Devia ser um surto de esquizofrenia a atacando, e ela decidiu que devia tomar seus remédios... que lembrou de ter deixado em casa. A maçaneta falante continuou a resmungar de dor "Cuidado com onde bota as mãos! Sua mãe não ensinou-lê a não xeretar o nariz dos outros?" Alice desculpou-se pelo ocorrido "Me desculpe! Nunca pensei que você estaria vivo, de onde veio nunca, sequer uma vez vi uma maçaneta falante!" informou a garota ao objeto inanimado. A maçaneta surpreendeu-se com a revelação de Alice, e perguntou ingenuamente "Nunca, de onde você veio?"A garota atormentada apontou para cima, ação que revelou para a maçaneta o enorme buraco de onde ela caiu. "Eu vim lá de cima!" disse Alice á o objeto, "E eu nem me atrevo a voltar!" disse a menina a lacrimejar. "Porque?" perguntou a maçaneta, exibindo um pouco de preocupação quanto á menina.


Ela o informou de todos os abusos, absurdos e ostracismo que sofreu no mundo de cima, o que acabou por deixar a maçaneta de queixo caído "Eu... eu não entendo como alguém pode ser tão cruel assim... com uma garota como você." Depois de lacrimejar ao ouvir o testemunho de Alice, o objeto á informou de duas mobilhas na sala: uma mesa, cujo em cima encontrava-se um cúpula de prata, que parecia guardar dentro de si um grande alimento. Do outra lado, encontrava-se uma cadeira cujo em cima estava uma pacata garrafa; entretanto, dentro dela aparentava habitar um líquido roxo e brilhante, como um suco de uva. A garota perguntou ao objeto amigável qual dos comes e bebes ela deveria consumir: "Não me lembro de qual", respondeu a maçaneta "Eu só me lembro que algum desses alimentos á farão bem pequenina, o que possibilitará você de passar pela minha fechadura.", informou-a a maçaneta.  "Mas, o que há além de ti?" Perguntou a curiosa (e um pouco atormentada) menina, e respondeu-a a maçaneta "O País das Maravilhas! Onde tudo que é para cima é para baixo, e tudo que é para baixo é para cima, entendeu?" Alice confundiu-se com a explicação da maçaneta, e deixou sair um "Entendi" em um tom confuso e monótomo mesmo não entendo-a. Ela então dirigiu-se primeiramente a mesa, e retirou a cúpula do prato: havia um bolo com uma etiqueta onde estavam estampadas as palavras "Coma-me" em letras grandes e elegantes. A garota então inspecionou a cadeira, onde descobriu que estava estampada a frase "Beba-me" do mesmo jeito. Ela decidiu, então, comer um pedaço do bolo.


Logo após a primeira mordida, Alice sentiu-se mais grande do que o normal, como se estivesse crescendo... então ela notou que aquilo era verdade. Ela havia se tornado gigantesca! A maçaneta arregaçou os olhos em descrença do que estava vendo: "Você se tornou uma gigante!" disse ela a Alice. "Talvez o líquido na garrafa de vidro possa conter o efeito contrário; você deve beber dele!" especulou o objeto falante. Ao tentar a pequenina (em comparação) garrafa de vidro com suas mãos enormes, Alice acidentalmente quebrou o objeto, impedindo-a de retornar ao seu tamanho original - a magoando fortemente. Alice começou a chorar na sensação desesperadora de reconhecer a possibilidade de nunca voltar á seu tamanho normal, e por conta disto as lágrimas da gigante inundaram a sala, transformando-a numa grande piscina. A (agora gigante) Alice encheu suas mãos com suas próprias lágrimas numa tentativa de enxugar o seu rosto, entretanto, ela não havia notado que o líquido contido na garrafa acabava de se misturar com suas lágrimas. Ao lavar seu rosto com elas, a garota acidentalmente engoliu uma porção de suas lágrimas contaminada com o elixir, o que acabou á encolhendo.


Alice começou a sentir-se ficar mais pequena, e mais pequena, até que ela notou que estava quase sendo afogada pela suas próprias lágrimas. Rapidamente, ela se agarrou em um dos pedaços de vidro da garrafa que outra hora avia quebrado, e usou-a para atravessar a fechadura da maçaneta. "Até logo!" disse Alice a seu recém-conhecido amigo, que agora era obrigada á deixar para trás.


Quando ela chegou ao País das Maravilhas, a primeira visão de Alice do lugar foi tão fantástica (e assombrosa) quanto o nome sugeria: uma lagoa enorme, que possuía em seu centro a elegante estátua de uma menina com um olhar melancólico em seus olhos chorando, assim criando, pelo meio de suas lágrimas, uma espécie de cachoeira artificial para o rio. O lugar inteiro era envolto em uma névoa que caracterizava aquele local com uma atmosfera macabra, que era sustentada por uma aflita voz, que cantava com tal afinamento que acabava por espalhar o som daquela angustiosa canção por todos os cantos do lugar. Alice encontrou uma placa que revelou-a o nome daquele luga desolado: o Rio de Lágrimas. Ela tomou uma trilha e encontrou não muito longe daquela uma outra, que desta vez possuía dezenas de setas - com todas apontando para direções completamente diferentes. Ela escolheu uma rota onde estava escrito: "Bosque do Gato Risonho".


Lá, havia árvores com formatos completamente anormais, algumas possuíam a forma de uma espiral, outras eram tortas, e algumas eram até mesmo feitas de spaghetti. Mas o que realmente surpreendeu Alice foi um sorriso: um sorriso flutuante nos galhos de uma árvore! Ela ficou um pouco assustada com a visão, chegando até mesmo a sacar a faca de seu bolso, e então o corpo da criatura foi lentamente aparecendo, até revelar um rabo com tatuagens tribais. Os olhos amarelos brilhantes do animal chamaram a atenção de Alice, que ficou lá paralisada, dirigindo seu olhar ao gato. Ao sair das sombras, a criatura se revelou como um gato da raça sphinx, com inúmeras tatuagens tribais espalhadas pelo corpo. Então, com um sorriso enorme, ele falou em um tom macabro, "Posso lhe ajudar?"


Alice LiddelOnde histórias criam vida. Descubra agora