O Arlequim e o Coelho Branco

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Alice estava ansiosa; ela havia acabado de ter sido presenteada pelo seu mais novo aliado com um grande arsenal de armas e ferramentas mortais, e estava excitada para as testar. Ela dirigiu-se até uma clareira perto da residência do Chapeleiro Maluco junto da companhia do Gato Risonho para testar seus mais novos "brinquedos", onde ela encontrou uma enorme e titânica  árvore que parecia á seus olhos perfeita para tal ocasião: ela possuía uma casca partida,  desgastada e deteriorada pelo tempo - o que significava a destruição desta árvore não seria uma grande perda para a floresta ou o Chapeleiro (que pediu á a os dois para que não destruíssem suas árvores prediletas, em especial aqueles em espiral, coloridas e outras que se destacavam dentre o bosque). "Gato, creio que irei testar o meu Canhão-Chaleira nesta árvore moribunda!", disse a garota, enquanto mirava sua arma para o tronco daquela árvore desgastada, e o Gato a respondeu em um tom despreocupado: "Atire com cautela, não queremos que a queda deste gigante lenhoso cause grande estrago aos demais contidos no  bosque - em especial as prediletas do Chapeleiro!". Alice concordou com o Gato, e carregou a arma, contendo uma substância ácida que acabou por derreter a base do tronco, fazendo com que o resto caísse dentre o bosque, esmagando as demais árvores e plantas menores em uma queda que houve por demonstrar sua soberania ao restante da flora presente no bosque...


Mas eles não eram os únicos ali.


Uma pequena tropa de guardas-carta estavam patrulhando um local perto da residência do Chapeleiro Maluco em busca do que um cidadão descreveu á corte da Rainha como "uma jovem assassina com suas vestes manchadas de sangue empunhando a lendária Lâmina Vorpal" perto da moradia do inventor mais talentoso (e desequilibrado) de todo o País das Maravilhas, o Chapeleiro Maluco. Ao receber a denúncia do camponês, eles foram ordenados pela Rainha de Copas á prestar uma visita a moradia do lunático inventor para buscar respostas sobre o paradeiro da donzela ensaguentada, o que levou-as até um caminho, que, segundo um membro da corte da Rainha, conhecido pelo seu vasto conhecimento da geografia do País das Maravilhas dirigiria-los até uma floresta perto da casa do Chapeleiro, o que provou-se como verdade. No meio do caminho, infelizmente, eles passaram por um leve infortúnio: metade da tropa encarregada com a tarefa de interrogar o inventor havia sido esmagada por uma enorme árvore, que aparentava ter tido a base de seu tronco dissolvida por alguma espécie de substância ácida.


Infeliz com o infortúnio, o membro mais experiente e renomado pela Rainha levantou-se de sua queda, causada pela sua perda de equilíbrio resultante de sua tentativa de desviar da enorme árvore, e começou a recolher os cadáveres de seus companheiros, ordenando aos demais sobreviventes para que sejam sepultados no cemitério real, situado dentre o gigantesco jardim nos arredores das Terras da Rainha.


Erguendo sua marreta, o Arlequim informou que por conta daquele imprevisto, dali em diante apenas ele iria atrás da garota. Enquanto os seus companheiros deixavam o bosque com a missão de enviar os cadáveres dos inquisidores caídos até os coveiros reais das Terras da Rainha, o Arlequim seguiu em frente até a casa do Chapeleiro em busca de respostas sobre o paradeiro da garota.


"Ó meu Deus! Estou atrasado! Atrasado! Atrasado para a reunião! É tarde! É tarde! É tarde!". Após ela ter madeirado o gigante lenhoso que costumava ocupar aquele lugar, Alice avistou em sua distância um coelho branco usando um monóculo e colete típico da Era Vitoriana segurando um relógio de bolso em sua mão - o mesmo que havia á levado aquele mundo de maravilhas e horrores. Sem aviso de sua saída, á curiosa Alice foi em busca do Coelho Branco e deixou o bosque da casa do Chapeleiro Maluco, assim fazendo do inventor lunático e os seus demais convidados as únicas testemunhas acessíveis ao Arlequim.

Alice LiddelOnde histórias criam vida. Descubra agora