"Tem certeza que este é o lugar?" perguntou Alice cansadamente ao Gato, "Tenho certeza! Conheço este lugar de ponta a ponta e minha memória nunca me falhou, se esta não me falha, e este lugar deve ser o certo!" Alice avistou na sua distância um pequeno jardim guardado por um humilde portão de madeira, de onde ouvia-se sons de risadas e um grupo de indivíduos (possivelmente incluindo o Chapeleiro) cantando sobre seus "desaniversários", o que confirmou a afirmação do Gato sobre esta ser a morada do inventor biruta. A dupla foi até a porta, e bateu nela duas vezes, perguntando pelo nome do festejador "Senhor Chapeleiro? Você está ai?". Imediatamente depois disso, uma pequena tranca se abriu na porta, revelando dois olhos esbugalhados e imensos, que perguntou aos dois com uma voz cartunesca e rouca: "Qual é a senha?", Alice ficou sem jeito, já que não sabia o que falar - mas o Gato respondeu-o, mesmo que com uma fonética desconexa completamente absurda e sem sentido, que na verdade era a senha da festa, assim possibilitando a entrada dos dois no lugar.
Ao abrir a porta, os dois se depararam com os outros convidados da festa, um coelho antropomórfico com roupas vitorianas e um corpo emaciado, que usava um monóculo e uma cartola característica do povo londrino, de onde Alice tinha vindo. Localizado no outro fim da mesa, sentado numa cadeira de aparência luxuosa que se destaca das outras, encontrava-se o moderador da festa: o Chapeleiro Maluco! Ele se levantou de seu trono esculpido com o melhor de suas próprias habilidades carpinteiras, e revelou suas longas pernas mecânicas á Alice, que espantou-se com a grande dedicação que ele apresentava quanto á arte da invenção, demonstrando sinais de seu talento até mesmo na modificação de seu próprio corpo. O Chapeleiro gentilmente disse á Alice e o Gato "Bem-vindos a minha festa do chá! Sentem-se a vontade e sirvam-se com os mais diversos sabores de bebidas e comidas, criadas unicamente por mim! Temos bolo de chocolate, morango, brigadeiros, suco de uva, e claro, inúmeros sabores de chá!". O Chapeleiro removeu a tampa de uma bula, revelando dentro dela um minusculo rato que usava um terno, aparentemente bêbado por conta da quantidade de bebidas que havia consumido. O inventor biruta não notou a presença do ratinho dentre a bula do chá, e remexeu violentamente sua colher dentre a bula, assim quase afogando o roedor.
Alice agarrou o braço do Chapeleiro, assim impedindo que ele mate acidentalmente o convidado da festa. Ele retirou o rato da bula e pediu mil desculpas pelo infeliz imprevisto - o que levou o Gato a esclarecer seus objetivos para ele: "Desculpe-me senhor Chapeleiro, mas não viemos aqui atrás de chá, sucos ou bolos de chocolate; mas sim de suas mortais e diversificadas armas.", a revelação do Gato Risonho surpreendeu o inventor biruta, já que fazia tempo que algum cliente veio á sua casa em busca de suas invenções mais mortais e temerárias; ele rapidamente interrompeu a comemoração de seus desaniversários e dirigiu Alice e o Gato Risonho até sua oficina - o local onde ele trabalhava em todos os tipos de máquinas e parafernálias (principalmente relógios e engrenagens). Ele levou-os a saída de seu quintal, onde estava sua casa. Ao entrar nela, os olhos da dupla foram presentados com a visão de inúmeros relógios, brinquedos, máquinas e engrenagens, todas talhadas pelas únicas e habilidosas mãos do Chapeleiro Maluco, que apresentou-os a o local onde ele trabalhava em suas armas: o porão.
"Por favor, sigam-me," disse o Chapeleiro "eu irei mostrar-los o local onde trabalho nas minhas invenções mais perigosas, escondido dos clientes que procuram coisas mais... inofensivas.", enquanto Alice descia as escadas ao lado de seu companheiro eternamente sorridente, ela lembrou-se dos tempos em que passou trancafiada no porão do manicômio onde era frequentemente internada pela sua família, o que fez com que ela passasse levemente mal, já que estes tais ocorridos haviam a traumatizado. Foi preciso que o Chapeleiro e o Gato á assegurassem para que ela não tropeçasse nas escadas por conta do mal-estar ocasionado pelo trauma, mas eles finalmente chegaram ao armazém onde o Chapeleiro guardava seus produtos mais ardilosos.
Os olhos de Alice encheram-se de magia ao deslumbrar o arsenal: a extensa coleção de armas excêntricas, que demonstravam-se como características de um local fantasioso como o País das Maravilhas impressionou a mente da jovem perturbada, que analisou cuidadosamente tudo que preenchia sua visão: uma marreta com o formato de um cavalo de brinquedo, uma chaleira que parecia funcionar como um canhão disparador de uma substância ácida, um moedor de pimenta que se assemelhava a uma metralhadora, e até mesmo uma bomba que possuía a forma de um coelho de pelúcia, que por coincidência lembrava o coelho que Alice seguiu até sua toca.
O Chapeleiro então perguntou á a obviamente maravilhada menina, "Então, qual deles vai querer?", Alice sorriu sadicamente, e então respondeu ao Chapeleiro: "Todos.".
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Alice Liddel
HorrorUma jovem traumatizada com distúrbios mentais - depois de assassinar seus pais abusivos em um ato de legítima defesa - cai em um perigoso e mágico mundo de maravilhas e trevas. Conseguindo a ajuda de amigos e aliados, ela procura destronar a Rainha...